Adriana da Rocha Leite: ‘PAUSA EGOCÊNTRICA’
CONFESSO: sou simplesmente fissurada em feriados! Todo final de ano compro uma agenda tradicional (que cheiro delicioso ela tem!) e depois de tocar suas páginas em branco (quantas possibilidades para o ano novo, meu Deus!…) faço a pesquisa dos feriados. Do ano todo. Marco as datas e as possíveis emendas. Pronto, confesso também: não resisto às esticadinhas. Que mal há? Afinal, se o feriado cai na quarta-feira porque não aproveitar o restinho da semana para descansar? Quem não faria? Talvez você não o fizesse, mas eu o faço e sem culpas ou cobranças.
Quando tomo as decisões em relação às folgas, feriados, emendas e férias, sinto-me livre. Uma espécie de renascimento… Sinto-me poderosa, empoderada: eu quero, eu posso! Eu mereço!
É algo tão meu que me permito sentir-me egoísta. Afasto minha habitual análise contexto-político-filosófica. Não me interessam os aspectos sociológicos e culturais, tampouco os ensaios e considerações sobre a preguiça, seja sob o prisma individual ou coletivo.
Quero apenas a poesia da calma, da pausa, da alma…
Adjetivos depreciativos sobre a minha pessoa e sobre a minha conduta-opção certamente serão inevitáveis após esta confissão.
“Perdoai, eles não sabem o que fazem!” Mas eu sei e o faço deliberadamente e com um prazer tão inefável que consigo transcender a mesmice do Ser e transformo-me. Metamorfose.
O descanso é belo, atraente e me seduz. Segura minha mão e com sua voz suave me encanta e eu não resisto. Que melodia! Que harmonia! É divino! Então, fecho os olhos e aceito que me conduza… ao Tudo… ao Nada…
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