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Celso Lungaretti: 'EM PLENA SÃO PAULO, HOSPITAL PÚBLICO TEM UTI PARA PACIENTES DA COVID-19 NA QUAL CERCA DE 90% DELES MORREM!!!

Celso Lungaretti
celso lungaretti
O HOSPITAL DA UTI MAIS MORTÍFERA VINHA
SENDO ALVO DE DENÚNCIAS HAVIA ANOS

Está no noticiário desta 2ª feira (3):

No hospital municipal Tide Setúbal, em São Miguel Paulista, zona leste da capital paulista, a mortalidade na UTI destinada a pacientes da Covid-19 chega a 90%, seguindo o cálculo da Agência Nacional de Saúde, que leva em conta número de óbitos dividido pelo número de mortes, altas e transferências somadas.

De acordo com dados epidemiológicos do hospital, desde 16 de março houve 237 mortes nas UTIs reservadas para infectados com a Covid-19 e apenas 23 altas…

Como comparação, no Hospital Emílio Ribas, que também é público, mas conta com mais recursos e fica numa área rica da cidade, a taxa de mortalidade é de 27,4% em seus leitos de UTI reservados para Covid-19.

Pelo menos numa de suas políticas o palhaço sinistro obteve êxito: no extermínio dos pobres. Pois a Covid-19 é tudo, menos democrática. Quando o pesadelo houver terminado, constataremos que os privilegiados tinham 10, 15, 20 vezes mais chances de se salvarem do que os coitadezas.

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LEMBRO-ME DE UMA SÃO MIGUEL CHEIA DE VIDA, NÃO DE MORTE – Conheci São Miguel Paulista aos 17 anos, em 1968. Eram de lá os irmãos Gílson e Gerson Theodoro de Oliveira e a Tereza Ângelo, namorada do Gerson. 

O Gilson trabalhava no centro financeiro de Sampa e, numa passeata em que nossa Frente Estudantil Secundarista distribuía panfletos sobre como atuava na zona Leste, ele veio apresentar-se a nós, que inicialmente o vimos com desconfiança por causa do terno elegante (seria do Dops?). 

Em pouco tempo, os três eram figuras de destaque no nosso agrupamento. E, nem um ano depois, eles estariam entre os oito que ingressamos na VPR.


Foi o que levou a nós, os da Mooca, até São Miguel, para reuniões com o trio na casa da família Oliveira e até para organizarmos a primeira paralisação de escolas da região. 

Gostava muito daquele bairro tão diferente dos habituais, praticamente um enclave nordestino em plena São Paulo. 

O povo zanzando pela praça aos sábados. O sotaque e as músicas diferentes. As barraquinhas em que um alfabetizado escrevia cartas que os analfabetos ditavam, para mandarem a suas famílias distantes (aqueles recados desajeitados me comoveram tanto quanto comoveriam os espectadores do filme Central do Brasil três décadas depois).

Toda vez que ia lá, tomava a melhor batida de côco que eu já provei, num boteco pobretão. O dono a mantinha numa garrafa com pedaços do fruto boiando. Servia para compensar toda aquela intragável pinga com groselha que estava na moda entre os secundaristas de esquerda e eu me obrigava a engolir para não destoar dos companheiros…


Havia vida em São Miguel Paulista, uma alegria tão espontânea, calorosa e singela que, para mim, foi como um símbolo daquilo por que lutava.

 

 

Se aquela gente sofrida conseguia ser efusiva e feliz apesar das tantas carências e ausências que suportava, merecia uma chance de viver livre das privações e das incertezas, sem ter de fugir da miséria para ter uma existência melhor ou de separar-se dos entes queridos para ir ganhar dinheiro em terras longínquas e enviar-lhes um tanto para sobreviverem.
Havia vida, repito, em São Miguel Paulista. A vida dos que viviam com quase nada e mesmo assim teimavam em viver, sempre esperando a bonança que nunca chegava. 
Meio século depois, nem mesmo a ilusão da espera restou para tantos deles. Pois lá é um bairro onde muito se morre, por causa da desumanidade extrema dos que tantos bens materiais possuem e, mesmo assim, não sabem viver nem têm empatia nenhuma com os outros seres humanos. 
Esses vão sempre preferir o cheiro de cavalos ou da boiada ao cheiro do povo. (por Celso Lungaretti)

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ADM
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