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Artigo de Ivan Fortunato: 'Sobre os radares nas estradas'

Ivan FortunatoSobre dispositivos digitais para aferição de velocidade nas autoestradas, ou, os radares têm alguma utilidade pública?

 

Ivan Fortunato

 

Sempre tive curiosidade, mas, honestamente, nunca fui investigar por que existem radares nas estradas.

Mesmo enquanto escrevo esta coluna, não tive vontade ou paciência de averiguar leis, decretos, estudos etc. Decidi, então, seguir minha própria intuição para levantar algumas hipóteses. Esse livre pensar me levou à algumas possibilidades, sendo a ideia mais coerente a de que os dispositivos digitais para aferição de velocidade teriam sido criados, e são amplamente utilizados nas rodovias, em nome da segurança dos próprios motoristas. Nesse caso, tais artefatos eletrônicos teriam louvável função social, pois estariam sendo utilizados para redução do número de acidentes causados nas autoestradas por excesso de velocidade. Consequentemente, ajudando a manter a vida.

Não obstante, minha própria experiência de anos viajando frequentemente pelo estado paulista me apresenta evidências suficientes para colocar essa edificante hipótese em xeque. Afinal, não é raro encontrar um radar móvel instalado em locais que nada tem a ver com redução de acidentes. Um dos locais favoritos para a instalação de um radar fixo, por exemplo, é no ponto final de uma descida que antecede uma subida. Ora, nesse ponto de uma rodovia, o motorista naturalmente deixa seu veículo ganhar velocidade, para, consequentemente, subir com mais facilidade e menos desgaste de motor e uso de combustível. Assim, fica a dúvida: o que faz um radar nesse caso? Multa o motorista por excesso de velocidade, ou provoca danos ambientais desnecessários, pois provoca freada brusca e a necessidade de maior queima de combustível para que o veículo consiga trafegar pela subida. Há um desses radares na Raposo Tavares, de Itapetininga para Sorocaba – com o detalhe que fica encoberto pelas árvores próximas do acostamento. Enfim…

reduza (Copy)

Nas estradas, não é raro ser surpreendido por um radar fixo alocado por detrás de árvores e no final de longas descidas em linha reta – como o que fica entre Itapê e Sorocaba – assim como são avistados, amiúde, aqueles pequenos radares móveis, alocados por detrás de armações de proteção metálica, bem escondidos, como que não devessem efetivamente ser vistos pelos motoristas. Outra prática comum é a utilização de medidores de velocidade “tipo pistola” pela polícia rodoviária. Já estive na “mira” várias vezes, e confesso que a sensação não é nada agradável… Não raro, esse tipo de radar também é alocado para pontos pouco visíveis de uma rodovia, no ponto mais baixo de ladeiras, entre árvores etc. Daí a pergunta: qual seria o propósito disso? Educar para o trânsito certamente não. Evitar acidentes, talvez? Deveria, mas creio que um dispositivo escondido, armado para apenas verificar se há carros acima da velocidade permitida em determinado trecho não faz isso…

Reconheço a importância das leis de trânsito, que foram criadas para organizar a vida coletiva no trânsito, seja este urbano ou rodoviário. Não obstante, há algumas leis bastante arbitrárias, assentadas sobre ideais alegóricos, como é a determinação de velocidade máxima em várias estradas estaduais e nacionais. A velocidade máxima deve ser respeitada, mas a direção prudente deve ser colocada em primeiro plano.

Dessa forma, entendo que um motorista deve manter as mãos no volante e o foco de sua atenção no trânsito, constantemente verificando seu arredor pelos retrovisores. Na estrada, deve-se sempre calibrar sua própria velocidade, acelerando ou retirando o pé de acordo com os veículos que estão à sua frente e atrás, de modo que se mantenha sempre uma distância de segurança. Ainda, deve-se permanecer atento ao trajeto desejado, a possíveis obstáculos na pista (como lombadas, tartarugas, redutores de velocidade etc.) incluindo o excesso de buracos. Deve-se atentar a fluxo de animais e pedestres. Enfim, quando a opção por colocar radares escondidos, como que para pegar de surpresa os motoristas, a atenção acaba por oscilar entre tudo o que é necessário atentar e o velocímetro, pois, não se pode avançar além do permitido (por lei, não pelas contingências da estrada), mesmo que as condições assim exijam – só quem já esteve dirigindo um carro popular entre vários caminhões em uma estrada sabe o quanto é preciso acelerar em descidas e subidas, seja para ultrapassar, seja para não ficar no caminho dos veículos pesados – por exemplo.

Diante o exposto, difícil crer que tais radares têm como meta a segurança nas estradas, controlando a velocidade para redução de acidentes.

Há em Sorocaba, no entanto, um dispositivo na Rodovia Dr. Celso Charuri (SPA-91/270), que liga a Rodovia Raposo Tavares à Rodovia Senador José Ermírio de Moraes (Castelinho) capaz de demonstrar como deveria um radar ser afixado com propósitos de controle de velocidade e segurança na estrada. Esse radar está no final da Rodovia, sentido capital, promovendo a redução da velocidade antes da última curva, que deságua na “Castelinho”.

Quando estamos guiando nesta rodovia, muito antes de passarmos pela radar, há placas informando a necessidade de redução da velocidade, bem como está grafado no chão. A sequência de 13 fotografias a seguir, tiradas pela passageira do carro, mostra como todos os radares com propósito de educar para o trânsito, reduzindo acidentes causados por velocidade acima do que seria suportado pelo trajeto da pista, pela quantidade de veículos ou pela proximidade com pedestres.

Ao final, fica a pergunta: por que não são todos assim?

Helio Rubens
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