Sandra Albuquerque: Poema ‘Amor, como é bom amar!’
Amor meu A melhor coisa que existe é amar, pois o amor traz vida, leveza e sorrisos. Amar é descomplicar. O amor sadio é verdadeiro e, apenas, soma. Nele não há estresse e nem preconceitos e sim, simplicidade. A veracidade toma conta do ambiente. Tanto em dias chuvosos ou ensolarados, as emoções estão ali presentes. Não há dúvidas e nem desconfianças. Um vive para o outro. O tempo passa sem ser notado. O importante é estar perto, olho no olho e um nos braços do outro, sentindo o cheiro e a pele. Poder acordar ao cântico dos pássaros, com os cabelos desalinhados sem make ou filtros e sim, com a realidade é uma das vantagens do amor da alma. Quero estar com você sempre, até o fim dos meus dias, olhando o jardim, apreciando a horta e dormir ouvindo as águas do córrego entre as pedras e as folhagens. Ver bem de perto as estrelas, as quatro fases da Lua e o pôr do Sol e sempre o novo amanhecer. Portanto, me aguarde que estou chegando. Vou subir a serra. Comendadora Poetisa Sandra Albuquerque RJ, 25/11/2024 – 08:34 PM – Direitos Reservados à Autora
Faço hoje, ao completar 66 anos, uma viagem no tempo. Voltei à infância e lembrei que fui criada na roça e era filha de avó.
O relevo era diferente de hoje:
As estradas eram de terra, havia muito verde, as cigarras faziam festa e pássaros de todas as cores.
As casas eram um pouco distantes uma das outras. Corria em volta da casa, enquanto passava as mãos nas flores; brincava com os capins de fazer colchões e a goiabeira era a minha visita predileta, apesar de ter mamoeiro, limoeiro, laranjeira, abacateiro, bananeira e mangueira.
Eu acordava com o canto do galo, o glu-glu-glu do Peru e corria para ver o pavão fazer pose.
Eu tinha um porquinho rosa, o Roque, que não gostava de lama, seu chiqueiro era de cimento e tomava banho com sabonete. Mas ficou tão gordo que meu avô teve que matar e eu não quis comer-lhe a carne.
Também tinha gatos e cachorros.
Eu adorava ver o pé de pimenta-do -reino subindo pelo abacateiro, deixando o tronco cheio de bolinhas verdes que ficavam vermelhas e no ponto da colheita ficavam pretinhas. E o pé de urucum, que lindo! E isto, sem falar no algodoeiro e na amoreira.
Eita vida boa, diferente de hoje! Não precisava de muito pra ser feliz.
O leite? De cabras e de vaca e eram entregues em garrafas de vidro. Da nata fazia a manteiga.
A coalhada e o queijo eram de primeira qualidade e era uma delícia comer com mel ou com doce de banana feito no tacho e na lenha.
Pão era o padeiro que entregava amigavelmente.
O fogão era à lenha, feito de tabatinga. Minha mãe-avó fazia um feijão como ninguém. As panelas que iam no fogão à lenha eram ariadas com sebo de boi e areia e ficavam um brilho.
A carne de porco era conservada depois de assada, dentro da lata de banha do próprio porco
A mesa era farta no café da manhã: macaxeira, batata doce, banana cozida ou um bom pedaço de angu, canjiquinha e era festa, com café coado no coador de pano. Pegávamos a caneca de ágata e soprava com cuidado pra não queimar a língua.
A escola se chamava Grupo Escolar e era tão longe que eu ia de kombi escolar. Os trabalhos de casa tinham que ser feitos antes do escurecer, pois a energia era solar e, à noite, acendíamos a lamparina. Geladeira era à querosene.
Sou de uma geração que brincava com as crianças da vizinhança: amarelinha, passa anel, escravos de Jó, bambolês, detetive, pique tá, pique ajuda, pique lata, pular corda etc.
Os meninos soltavam pipas, jogavam bolas de gude, lançavam ferraduras de cavalo longe, quedas de braços etc. Ainda tinha andar na corda bamba, balanços, queda de braço, queimada. Ah, que coisa boa!
Telefone eu nem conhecia. A gente tinha o prazer em escrever cartas e tinha até umas que a gente perfumava.
Era tudo diferente. Era tudo melhor do que hoje. Era o tempo de bênção pai, mãe, tio e avós.
As crianças entendiam, apenas pelo olhar.
Se eu pudesse voltar no tempo… Voltaria à minha infância.
Todas as tardes eu ia na lagoa. E ia ao mar de Saquarema. Adorava comer siri, caranguejo, camarão e peixe. Lagosta, somente conheci já adulta
Como todo mundo cresce, cheguei à fase do trabalho e dediquei-me 30 anos à Educação.
No começo era no interior mesmo e ia de bicicleta ou de carona no carro do leite.
A distância era cruel: 45 minutos a pé pra dar aulas e amava o que fazia.
Saí do interior para a cidade grande e vi outro público diferente. Não aquele que você passava e era bom dia! boa tarde! ou boa noite! E sim cada um por si e Deus que proteja a todos.
Nunca vou me esquecer do medo que senti em atravessar dentro de uma rural em cima de uma balsa de Niterói para a cidade do Rio de Janeiro…
Hoje eu poderia estar falando de outro tema. Mas eu não me envergonho de ter nascido pobre e chegar onde cheguei e sei que o futuro ainda me reserva muito mais.
Agradeço aos meus avós e meus tios que, mesmo como pobres, me deram ensinamentos e nunca me deixaram faltar nada.
E enquanto isso, vou folheando o meu diário e acrescentando todos os dias, nas entrelinhas do tempo, o que se passa na minha história de vida: de uma menina do interior a uma Acadêmica Benemérita, Comendadora e Embaixadora Guanabara Poetisa Sandra Albuquerque pela Federação Brasileira dos Acadêmicos das Ciências Letras e Artes – FEBACLA, além de Editora Setorial Social e colunista do Jornal Cultural ROL, com várias agremiações e coautora de várias antologias e pertencente a outras academias literárias que me dão muita honra por delas ser acadêmica: Academia dos Intelectuais e Escritores do Brasil – AIEB e Academia de Letras, Ciências e Artes da Amazônia Brasileira – ALCAAB.
O que vejo? Reflexo meu no espelho As marcas de toda uma vida Sorrisos, lágrimas Chegadas e partidas Embutidas numa imensidão. Encontrei pedras E muitos rios Pelo caminho Em minha jornada Até aqui. Na vastidão de palavras Não consigo decifrar O relógio do tempo Seria uma forma distante de me autopunir?
É manhã Ainda sonhando com a noite enluarada E o céu estrelado Sinto os primeiros raios solares Refletindo em meus lençóis. E ouço os cânticos singelos dos pássaros E o ciciar das cigarras. Espreguiço-me lentamente Enquanto da cama me levanto. E sobre a camisola branca Coloco o meu roupão de seda Vou até a sacada. Caminho até a varanda Sento-me na espreguiçadeira. Olho o céu azul, E as ondas que batem nas pedras indefesas misturando-se à areia suave e límpida. A brisa que leve soa Traz o aroma das flores De todas as cores Dos jardins dali: Margaridas, girassóis Sempre-vivas, rosas, acácias e camélias Papoulas e ipês. Que paisagem encantadora! As folhas aplaudem Os beija-flores Enfeitam o ambiente Em um tom primaveril .
Comendadora Poetisa Sandra Albuquerque Rio de Janeiro,19 de setembro de 2024
Brasil! Nação brasileira Com seus encantos Das belas praias, rios Cachoeiras e mares Que desaguam Em peles bronzeadas Morenas Mulatas Pretas Sim! Pretas e por que não? Sabemos que está terra é mestiça Digna de aplausos e rimas E ainda há néscios Querendo contestar. O lugar de alguém Com a pele preta Não merece um tronco Com chibata e rancor Mas sim, um pódio Nos lugares mais altos Que a sociedade já viu E quem discorda Não conhece a história Do nosso Brasil. É da baiana formosa Do Nordestino que luta Do Rio de Janeiro A Terra da Preta Empoderada Merece destaque Em todas as partes Em qualquer escalão. O menosprezo é ódio E quem sabe inveja Da beleza da pele Que eu aplaudo de pé. Que o racismo acabe Não me perdoe os insensíveis Porque falo a verdade Porque conheço a História. E em toda a beleza Que a natureza expõe Se os senhores de engenho Aqui voltassem Talvez, jamais seriam patrões. Porque aqui A África existe Bem dentro de nós Pois somos mergulhados nela. Somos guerreiros E precisamos aceitar Que a pele preta é um tesouro. Não adianta menosprezar.
Comendadora Poetisa Sandra Albuquerque (Rio de Janeiro, 01/08 /2024)