” As eleições deste ano, especialmente para os cargos majoritários, apresentam um panorama inusitado, sem precedentes em nossa História republicana, de incertezas e de falta de esperança.”
As eleições deste ano, especialmente para os cargos majoritários, apresentam um panorama inusitado, sem precedentes em nossa História republicana, de incertezas e de falta de esperança.
Há muito que o povo brasileiro vem desacreditando não somente dos políticos como da política – enquanto instituição – desgaste esse promovido pelos incontáveis escândalos, desmandos e incompetências administrativas que se alastram pelo Brasil afora atingindo todas as cores partidárias.
O desgaste do ‘modelo’ petista de governar respingou em toda a proposta de caráter esquerdista, fazendo ressurgir uma onda extremista de direita que polarizou os discursos, sem, contudo, qualificá-los.
Infelizmente, estamos carentes de debates profundos e coerentes que apontem criticamente as falhas de cada diretriz de pensamento, ao mesmo tempo em que apresente qualidade na argumentação.
A polarização dos discursos serve apenas para acirrar ânimos e ódios que em nada contribuem para a superação da crise institucional que se instalou em nosso país. Ao contrário, dessa polarização surgem e ressurgem propostas cada vez mais absurdas de instalação de ditaduras, de promoção de guerra civil, de ressurreição da monarquia, entre tantas outras.
A nova moda agora é a chamada ‘intervenção civil’, uma proposta confusa que supostamente se escora no artigo 1º da Constituição Federal para dizer que o poder emana do povo, portanto deve por ele ser retomado .
De acordo com as ‘propostas’ divulgadas por esse grupo nas redes sociais, trata-se de uma mistura de nacionalismo extremado com sentimento anticomunista, sustentados pela ação de não-realização das eleições de 2018 e ‘reintegração de posse do Brasil ao povo brasileiro’.
Slogans como: ‘Nossa bandeira jamais será vermelha’ caminham ao lado de pedido de reforma agrária já e de afirmações de que as eleições com urnas eletrônicas são fraudulentas e compradas. Parece algo que lembra o ‘tenentismo’ da década de 1920 que agregava em suas fileiras ideais díspares, sem nenhuma proposta prática de poder.
A pergunta que não quer calar é a seguinte: Tudo bem, não teremos eleição em 2018 e o poder será devolvido ao povo, mas quem irá gerir tudo isso? A resposta vem do próprio grupo: os militares!
Não se trata, portanto, de outra proposta se não aquela de implantação de um governo fascista e militar.
Por que, então, mudar agora o nome do ‘movimento’ para intervenção civil? Ora, porque perceberam o quão desgastada está a proposta de uma ditadura militar. Afinal, países desenvolvidos – ainda que do ponto de vista capitalista – como Estados Unidos e Grã-Bretanha não são (e nunca foram) ditaduras militares.
Não existe na História da civilização nenhuma ditadura que tenha resultado em progresso – moral, cultural, econômico ou qualquer outro – para o seu povo. Aliás, é de se pensar qual o motivo que leva uma pessoa a desejar viver num mundo sem liberdade, sendo constantemente reprimida e vigiada, oprimida e massacrada… Quem pode explicar esse fascínio em ser oprimido?
De acordo com a Wikipedia, apenas a Tailândia mantém uma ditadura militar atualmente. Mas para quem sonha com implantação de ditaduras, basta lembrar uma pequena lista dos países que ainda mantêm regime ditatorial e despótico, mesmo que não seja ‘militar’: Cuba, Coréia do Norte, Arábia Saudita, China, Zimbábue e Síria.
A critério de quem quiser escolher. Só não poderá reclamar depois, pois nas ditaduras não são tolerados as críticas e os descontentamentos.
Carlos Carvalho Cavalheiro é professor de História, Mestre em Educação, escritor, poeta, pesquisador e colaborador da TRIBUNA.
31.07.2018.
carlosccavalheiro@gmail.com
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Natural de Sorocaba (SP), é escritor, poeta, revisor de livros e Editor-Chefe do Jornal Cultural ROL. Acadêmico Benemérito e Efetivo da FEBACLA; membro fundador da Academia de Letras de São Pedro da Aldeia – ALSPA e do Núcleo Artístico e Literário de Luanda – Angola e membro da Academia dos Intelectuais e Escritores do Brasil – AIEB. Autor de 8 livros. Jurado de concursos literários. Recebeu, dentre várias honrarias: pelo Supremo Consistório Internacional dos Embaixadores da Paz, o título Embaixador da Paz e Medalha Guardião da Paz e da Justiça; pela Augustíssima e Soberana Casa Real e Imperial dos Godos de Oriente o título de Conde; pela Soberana Ordem da Coroa de Gotland, o título de Cavaleiro Comendador; pela Real Ordem dos Cavaleiros Sarmathianos, o título de Benfeitor das Ciências, Letras e Artes; pela FEBACLA: Medalha Notório Saber Cultural, Comenda Láurea Acadêmica Qualidade de Ouro, Comenda Ativista da Cultura Nacional; Comenda Baluarte da Literatura Nacional e Chanceler da Cultura Nacional; pelo Centro Sarmathiano de Altos Estudos Filosóficos e Históricos os títulos de Doutor Honoris Causa em Literatura, Ciências Sociais e Comunicação Social. Prêmio Cidadão de Ouro 2024