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Dimensão vaidosa do poder

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Diamantino Bártolo: Artigo ‘Dimensão vaidosa do poder’

Diamantino Bártolo

A busca, por vezes desenfreada, do poder é, em grande parte das pessoas, uma característica, designadamente, naquele domínio que permite fazer depender de quem detém um cargo, um outro conjunto de pessoas que desejam, e carecem, de ver certas situações e problemas resolvidos e, por isso mesmo, há aqui como que: uma insinuação permanente de “autoridade” de um lado; e uma subserviência, por dependência, do outro, respetivamente.


Na verdade, não só na política, como em muitas outras atividades e situações da vida real, acontece a retribuição com injustiça, ingratidão, indiferença e rejeição. A ambição, o egoísmo, a hipocrisia e a bajulação, cegam determinadas pessoas que, para elas, tudo vale para alcançarem os seus fins, por mais obscuros, ilegítimos e ilegais que eles sejam.


A “vaidade” do poder conduz a comportamentos autenticamente “camaleónicos”, na medida em que as pessoas que assim procedem, conseguem, no mesmo dia, e/ou em certos períodos de tempo, desenvolver várias personalidades, precisamente em função dos objetivos que pretendem atingir e, com esta “capacidade dissimuladora”, própria dos camaleões, rapidamente se adaptam às pessoas e situações, que lhes convém conhecer e dominar.


Infelizmente, não obstante vivermos, na circunstância, num Estado Democrático de Direito, numa sociedade livre, dita civilizada, na qual: a cidadania plena deveria ser totalmente respeitada por todos, em geral; e por aqueles que detêm um qualquer poder, em particular, estamos relativamente longe de podermos manifestar as nossas opiniões, quando discordantes de um determinado poder, e/ou do seu titular, muito embora os seus líderes afirmem que: “é salutar o confronto de ideias”.


Em Portugal, até ao “vinte e cinco de abril de mil novecentos e setenta e quatro”, existiu uma polícia que perseguia, reprimia, violentava e, por vezes, fazia “desaparecer”, fisicamente, muitos cidadãos que se opunham, apenas com as suas ideias, ao poder ditatorial, então instituído.


Hoje, primeiro quarto do século XXI, por vezes parece que: “as paredes têm ouvidos”, os “informadores democráticos” estão por aí, à espera que alguma pessoa, sincera e rigorosamente, faça uma apreciação sobre a conduta de alguém que exerce um poder qualquer, para, de seguida, a fazer chegar, frequentemente, com deturpações, à individualidade visada.


Pois bem, se o analista/crítico vier a precisar dessa pessoa que detém o poder, anteriormente observada, ou “salutarmente criticada”, provavelmente, pode esperar o resto da vida, isto se não lhe surgir uma situação incompreensível, um problema complexo, vindo do organismo cujo titular foi comentado.


Hoje, todos os cuidados são poucos, porque a falta de humildade de alguns titulares de poder, para aceitarem a crítica, para reconhecerem os seus erros, é evidente e, então, desforram-se naqueles que tiveram a “liberdade saudável”, e sincera, a coragem democrática, de os avaliar.


Hoje, vemo-nos confrontados com muitos alegados líderes, em praticamente todas as atividades humanas, que não têm as mínimas qualidades pessoais, nomeadamente: ético-morais, princípios, valores, sentimentos e condutas humanistas, para estarem à frente de uma instituição e, se nelas continuam, é porque têm o apoio: não já de quem os elegeu; mas de quem é do mesmo nível deplorável que eles.


Qualquer que seja a organização: cívica, religiosa, política, militar, cultural, desportiva, filantrópica, ou outra, o respetivo líder deverá reunir características essenciais para o bom desempenho das funções que lhe foram confiadas, por isso: «O perfil de um verdadeiro líder molda-se a partir de componentes de inteligência interpessoal, como aptidões de coordenar grupos de pessoas e a capacidade de resolver ou evitar conflitos, negociando soluções; de possuir o talento da empatia, na arte do relacionamento, bem como, o poder de detectar sentimentos e preocupações das pessoas. São esses os líderes autênticos e naturais, que articulam, com integridade, a orientação do grupo por ele liderado, para alcance de elevadas metas e objetivos.» (SANTANA, 2003.43).


Admite-se, portanto: se por um lado, um perfil tão complexo, quanto rigoroso, não será fácil de encontrar numa só pessoa, por muito boa vontade que ela tenha, em realizar um bom trabalho, ao serviço da instituição e dos liderados; por outro lado, também há os autoproclamados líderes, que mais se preocupam com a exibição de um narcisismo doentio, uma autoestima que toca os limites da “vaidade bacoca”, afinal, um ego nunca satisfeito.


Bibliografia

SANTANA, Edilson, (2003). Arte da Política Mundana: reflexões sociopolíticas e filosóficas. Campinas, SP: Edicamp

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal

Diamantino.bartolo@gmail.com

site@nalap.org


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Diamantino Bartolo
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