Mulher, indígena, atriz e idealizadora do Instituto Cultural ‘A Arte Salva’, Karina Duarte participará da Brazil Conference apresentando uma performance narrando sua história e lutas
Anualmente a Universidade de Harvard e o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), em Boston (EUA) realiza a Brazil Conference, um evento que nesta edição completa 10 anos de atividades. Organizado pela comunidade brasileira de estudantes da região de Boston, a conferência reúne artistas, políticos e atores com o objetivo de atrair cada vez mais atenção global para o Brasil e discutir seu futuro.
Neste ano, a atriz, ativista e transformadora social, Karina Duarte, fundadora do Instituto Cultural e empresa social ‘A Arte Salva‘, apresentará performance ‘Ghaima Thamathin‘ (Estamos Vivos em Puri ), que vai mostrar a diversidade indígena brasileira.
“Eu escolhi este nome, porque sou indígena do Povo Puri, um povo que deram como extinto, porque sempre quiseram nos dar como mortos, mas resistimos”, diz a artista que fará uma apresentação solo pela primeira vez.
Neste ano, o evento criou novos programas,um deles é o “Cultura em Ação”, com o objetivo de mostrar ao mundo como a arte e cultura de rua brasileira podem promover debates sociais. É nesse espaço que Karina se apresentará, após participar de uma competição com mais de 200 inscritos e 2 vencedores para representar o Brasil no palco de Harvard.
“Estou muito entusiasmada por estrear nesse palco e me apresentar para um público tão plural. Serão 10 minutos muito impactantes para todos os presentes”, ressalta Karina
Ela iniciará a performance contando a própria história. Em seguida, trará a diversidade indígena brasileira, sem rótulos, enaltecendo a presença e importância de cada um na sociedade.
A Arte Salva
Indígena do Povo Puri, Karina nasceu no município de Embu das Artes (SP). Apesar de ser natural da cidade conhecida como “terra das artes”, foi no Grupo de Teatro Nós do Morro que ela percebeu o poder da arte como agente de transformação social. A companhia de teatro fica na favela do Vidigal, no Rio de Janeiro, onde a atriz morou por 12 anos.
“Desde da minha infância eu sempre quis fazer arte e mesmo sendo da famosa terra das artes, não tinha oportunidade ao meu redor, infelizmente até hoje tem pouquíssimas oportunidades na cidade, por isso eu também insisto com projetos aqui, além da galeria, eu também estou abrindo um novo núcleo, o arte salva Embu, que chega para promover o resgate, a valorização e amplificação dos artistas locais, da história e toda riqueza cultural e impacto com turismo local
Em 2015 que Karina começou o projeto social “A Arte Salva”, no Jardim Gramacho, o maior e mais antigo lixão da América Latina, localizado no
Rio de Janeiro. A história começou quando ela conheceu o menino Bryan, com 5 anos na época.
“Ela tinha acabado de fazer umas pinturas em sua casa. Eram lindas! Eu o chamei de artista e ele amou o elogio, ele nunca tinha ouvido essa palavra antes e eu expliquei pra ele um pouco da diversidade em profissões com a arte. Como estava chegando o Natal, perguntei o que ele queria ganhar do Papai Noel e ele disse: “Já que sou um artista, quero uma tela para pintar e enfeitar minha casa”, conta a idealizadora do projeto.
Karina foi em busca de doações e parcerias para atender o pedido de Bryan. O que era para ser o presente para uma criança se tornou a primeira atividade do A Arte Salva, um aulão de artes que atendeu 30 crianças do Jardim Gramacho. A atuação no Jardim Gramacho mesmo com poucos recursos realizou diversas atividades pedagógicas/culturais e passeios socioeducativos; que renderam, além de muito aprendizado, prêmios, documentários e mais de 500 obras que fazem parte do acervo do Instituto.
Prestes a completar nove anos de atuação, o Instituto busca recursos para construir o acervo e galeria do Instituto, na cidade natal de Karina
“Meu foco é na organização do acervo e abrir nossa sede, quero muito levar nossa história e nossas obras para o mundo todo, minha intenção é ter nosso espaço físico em Embu das Artes e montar um projeto com exposição e expografia da nossa história, e aproveitar a venda do Fineart para continuar gerando impacto social para os participantes”, explica a fundadora.
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