Nilza Murakawa: Poema ‘Sol quadrado’


Brancas batinas
Em almas deslavadas
Sujas latrinas
E velas apagadas
Missa
Massa
Submissão
Circo
Cerco
Servidão
Podres até o talo
Escorrem pelo ralo
Descem mil andares
Fétidos como fezes
Não estancam as verdes vozes
Os palanques e altares
Com holofotes desligados
A plateia dissolvida
Os cadeados foram fechados
A lona descolorida
Sem eira nem beira
A rubra bandeira
Queimada na praça
Por mãos em carne viva
No chão, no céu, à deriva
Só cinzas e fumaça
Do sino, da cruz, a verdade
E, então, “o sol da liberdade
Em raios fúlgidos”
Brilhará quadrado
Em olhos ácidos
Em tetos úmidos
Nilza Murakawa
- Liberdade geométrica - 19 de março de 2025
- Minha criança interior - 6 de março de 2025
- Sol quadrado - 24 de fevereiro de 2025
Natural de São Paulo, Capital. Formada em Letras pela FMU, professora de Língua Portuguesa e Inglesa, artista plástica, escritora e poetisa. E-membro dos grupos Coesão Poética, Poemas à Flor da Pele e PoetArt, colunista do Jornal Gazeta de Aricanduva e da Revista Caras & Cores. É coautora das antologias Versos Di-versos — volume I, Editora Cidade e Poemas à Flor da Pele — volume 7 Editora Somar, e de eventos promovidos pela ALBAP (Academia Luso-Brasileira de Arte e Poesia). É autora do livro Pássaros na Garganta – Editora Somar e recebeu dois prêmios com os poemas Acinte e Ao teu gosto, no concurso em homenagem a Vinícius de Moraes. Suas pinturas, óleo sobre tela, estão espalhadas em vários estados brasileiros, no Canadá e nos Estados Unidos. Valendo-se de temas atuais variados e de elementos do cotidiano, a versátil escritora e artista expõe toda sua sensibilidade e nos empresta novos olhares através de suas obras.

