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Celso Lungaretti: 'Enquanto o genocida e a onda ultradireitista vão para o ralo, uma nova esquerda rouba a cena'

Celso Lungaretti

celso lungaretti

O eleitorado de esquerda não aguentava mais tanta tibieza

 

Os dois que tanto queriam enfrentar-se no 2º turno da eleição presidencial de 2022, a ponto de tentarem desajeitada e inescrupulosamente mover os pauzinhos em tal direção, deram tamanha demonstração de fraqueza neste domingo (15) que agora o mais provável é tal duelo jamais vir a ocorrer. 
O desatinado, descontrolado e talvez demente Jair Bolsonaro viu sua rejeição chegar aos píncaros, enquanto arrastava consigo para o fundo do poço os candidatos ultradireitistas que fizeram a besteira de aceitar o seu apoio.
Lula apostou todas as suas fichas, num pleito decisivo para suas ambições, no timorato Jilmar Tatto, cuja imagem emblemática de petista domesticado perdeu de goleada para o carisma guerreiro de Guilherme Boulos, num momento em que o eleitorado de esquerda não aguenta mais tanta tibieza diante do do inconcebível e do inaceitável.
A autocrítica do PT (que a ela tem se furtado desde 2016, fugindo às suas responsabilidades tanto pelo impeachment da Dilma em si quanto por não ter conseguido evitar que a direita o executasse com a facilidade de quem tira doce da boca de uma criança) acabou, infelizmente, não acontecendo da forma revolucionária:
— os erros crassos cometidos não foram identificados;
— providências para dificultar a sua repetição não foram tomadas;
— a estratégia e as táticas responsáveis pelo desastre não foram mudadas; e
— as responsabilidades pessoais não foram apuradas.
Mas, se Lula e os dirigentes ineptos que o cercam de ridícula veneração deram uma banana para os militantes petistas e os brasileiros em geral, do veredito da História não conseguiram escapar: o PT sai em frangalhos das atuais eleições municipais, talvez ainda pior que da de 2016, quando despencou para o 10º lugar no ranking dos partidos que mais elegeram candidatos. 
 
Desimpede, assim, o caminho para que uma nova esquerda, combativa e antenada com os ventos de mudança, se afirme; e, em substituição aos ídolos caídos, Boulos e Manuela D’Ávila poderão tornar-se as figuras exponenciais do nosso campo.
 
Há quem tema uma repetição do processo de ascensão, descaracterização, cooptação e queda do PT, mas é uma análise mecanicista, pois:

—  estamos no olho do furacão de uma terrível pandemia; e

— perdem-se de vista os anos de vacas magras pelos quais passaremos doravante. 
 
Infelizmente, tudo conspira para que a década prestes a iniciar-se transcorra sob a pior depressão capitalista desde a subsequente ao crash da bolsa de valores de Nova York, em 1929.
 
Então, de duas pragas do agora findo período de hegemonia petista provavelmente estaremos salvos: nem é plausível que o Brasil atravesse um período de bonança como o que beneficiou Lula na década passada, ensejando ilusões de que a classe operária chegaria ao paraíso sob o capitalismo, sem uma transformação em profundidade da nossa sociedade injusta e desigual; nem existe um partido de esquerda suficientemente forte para prescindir de alianças com os demais, como, arrogantemente, fazia o PT.
Se todos os dissabores pelos quais passamos desde 2013 (quando a força de esquerda então dominante voltou as costas aos jovens que poderiam tê-la revitalizado), houverem servido para desencanarmos das ilusões capitalistas e de arroubos majestáticos que solapam a imprescindível solidariedade entre os explorados, sairemos desta fase funesta com um mínimo consolo.
Mas, o que não me passa pela garganta é o fato de que não precisaríamos ter sofrido tanto, nem assistido impotentes à morte de tantos brasileiros.
O destino nos dá mais uma chance para nos penitenciarmos de nossos fracassos anunciados. Devemos isto aos brasileiros de hoje e aos que virão depois. Não podemos falhar! 
(por Celso Lungaretti)  

 

 

ADM
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