dezembro 10, 2025
Desejo de Natal
O poder cognitivo
A alegria da família
Como é bom ter você aqui!
Movimento Cultivista Café com Poemas Sorocaba
Banda Renovai
Entre o meu amor que celebra e o meu país que chora
Últimas Notícias
Desejo de Natal O poder cognitivo A alegria da família Como é bom ter você aqui! Movimento Cultivista Café com Poemas Sorocaba Banda Renovai Entre o meu amor que celebra e o meu país que chora

O leitor participa: José Pereira da Silva, de Taubaté (SP): 'Exercitar a esperança com responsabilidade'

image_print
José Pereira da Silva

Exercitar a esperança com responsabilidade

Percebemos no Ocidente, mas não só nele, que há décadas temos o sinal dominante da crise.  De vários pólos este nosso tempo é lido como tempo do fim: fim da civilização ocidental (Jacques Derrida), fim da modernidade (Gianni Vattimo).

Dominam a precariedade do presente e a incerteza do futuro, e sobretudo para as novas gerações, há uma incógnita que desperta medos por causa da sua imprevisibilidade e pelos horizontes asfixiantes que a caracterizam: vivemos num mundo em fuga, que parece escapar ao nosso controle e impedir-nos de compreender para onde estamos andando. Por isso, no seu ensaio Os novos medos, Marc Augé chega a denunciar que hoje se teme mais o viver do que o morrer. Em particular, os nossos jovens deixam-se vencer por algo que não sabem sequer nomear e olhar no rosto, experimentando-o, todavia, como destrutivo: o niilismo, que muitas vezes lhes impede toda a procura de sentido e, portanto, de felicidade.

Por estas razões, hoje, mais do que nunca, seria necessário voltar a escutar a pergunta: O que posso esperar? E também: O que podemos esperar juntos? É uma pergunta por vezes muda, que se sente em muitas pessoas e ambientes. É a pergunta mais profunda, que eles não sabem tampouco articular facilmente. A esperança, de fato, não é uma atitude a assumir ou a recusar de imediato, mas é o fruto de um discernimento, de uma espera fundada no pensar, no refletir, no escutar, no confrontar-se, e é também um exercício de grande responsabilidade.

O ser humano não é dado de uma vez por todas, mas é uma transformação que precisa de uma orientação, de um projeto, de um propósito pelo qual agir, de maneira a encontrar um sentido.

Tem razão Dostoiévski (1821-1881) quando afirma que: “viver sem esperança é impossível”, porque as pessoas às quais é subtraída a esperança tornam-se agressivas, violentas, apáticas, até caírem numa espécie de angústia autodestrutiva.

No entanto, há uma errada compreensão da esperança da qual é preciso resguardar-se: aquela de quem tende constantemente para além do presente, sem o colher na sua irrepetibilidade, constrangendo-se assim a uma existência vivida ao futuro anterior. Não, não se vive esperando viver, preparando-se sempre, e em vão, para uma felicidade que nunca chega…

Esperar é uma arte, é o estar prontos àquilo que ainda não nasceu, é um ato de fé e uma adesão convicta a uma promessa: é uma luta contra o desespero, e é por isso que é capaz de esperar em profundidade só quem conheceu a tentação de desesperar. A esperança, por fim, é o fruto de relações vivas, alimenta-se do estar juntos: nunca sem o outro! E não esquecemos: só se pode esperar por todos, nunca apenas por si próprio.

 

Prof. José Pereira da Silva

13.11.2020

 

 

 

 

 

 

Sergio Diniz da Costa
Últimos posts por Sergio Diniz da Costa (exibir todos)
PHP Code Snippets Powered By : XYZScripts.com
Social media & sharing icons powered by UltimatelySocial
Acessar o conteúdo