Um Natal incógnito
Estou sem saída. É festa na casa, e quem eu sou? O Natalino me corrói o ser, e eu me basto.
Sempre fora minha data favorita, digamos que ainda é. Entretanto, seria uma felicidade momentânea, quiçá a ilusão da solidariedade. Oras! É tudo falsidade, pois o povo não compreende.
Pandemia. Quem dera fosse o único problema do mundo. Os jovens? Esquecem do amor juvenil e preferem se perder em drogas, bebidas, e incentivar pessoas repletas de luz ao insignificante, levando-os para o fundo do poço! Afinal, vale tudo por um grupo de amigos, não é?
Os empresários? Discutem, brigam, lutam por poder! Não compreendem que há espaço para todos e que o dinheiro é necessário, mas não precisa ser a escravidão em forma de papel. Afinal, tudo vale por uma coluna social, não é?
Os casais? Esqueceram do amor que os uniram, não conversam mais, não andam de mãos dadas, tampouco trocam flores e cartas de amor. Um manda na casa, outro obedece. Um gasta, outro paga. E a vida se torna uma inútil burocracia do casamento infeliz. Afinal, amar é brega e tudo vale para satisfazer o orgulho, não é?
As amizades? Passageiras e interesseiras. Faça por mim, seja por mim e eu esqueço de você. Sou seu amigo, mas só por um instante. Virar inimigo se tornou moda entre amigos adultos, pois a criança interior que espera o Papai Noel, bem, morre a cada peso cotidiano. Afinal, tudo vale para defender a visão política, não é? E tudo vale para conseguir o que se quer!
A família? Inexistente. A moeda virou competição, notas voam e o presente mais caro é o ideal. Bebês não merecem nascer, afinal, são inúteis, só choram, comem e atrapalham as noitadas. O álcool é essencial na mesa e quem descarta o champanhe, bem, é louco de hospício. A filha é rebelde, a mãe é maluca, o pai erra sempre, os tios se acham e o primo é pior que a prima. Casar é ultrapassado, homens são todos iguais, mulheres são interesseiras e a família não importa mais. Afinal, tudo vale! Tudo sempre vale, menos o amor.
Violências, drogas, maldades, poder, tristeza, depressão e suicídio. Partidos políticos, coração partido, ódio de todo canto – não apenas o do outro – e o essencial morre.
Jesus nos ensinou muita coisa, mas o amor é a base. O Natal é amor, reconciliação, luz e união. Eu cansei do Natal, mas preciso buscá-lo e tentar reconquistar tudo o que aprendi com Cristo. O Natal é amar. O sentido é amar. E isso? Não existe mais.
— Nosso primeiro Natal juntos, meu amor! – disse o amado, todo contente.
— O amor é a resposta. – eu respondi.
O amor é a resposta. E é hora de espalhar minhas ideias, meus ideais e meu ideal. Não importam as drogas. Não importam as bebidas. Não importam as lutas por poder. Tampouco importa em quem eu votarei para Presidente! Eu quero viver o Natal, mas não só na véspera. Quero viver todo dia.
Letícia Mariana
leticiamariana2017@gmail.com
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Letícia Mariana é escritora com 5 livros publicados, palestrante, criadora de conteúdo, estudante e jornalista em formação. Diagnosticada com autismo nível 1 de suporte e ativista na causa autista. Já debateu em rádios cariocas e participou de encontros virtuais internacionais.