Nosso caminho
Quando olho a imensidão do céu vejo pássaro livre a voar reconheço sua liberdade, e faço-me perguntas: por que será que diante de tanta liberdade que nós, como seres humanos, temos, por vezes ficamos presos em lugares escuros, de muros imensos dentro de nós mesmos? Muros que criamos e não percebemos. Sim. “Prisões sem grades’’. Assim, podemos chamar este lugar, que, naquele momento, é a única verdade. Entendo que há uma espécie de “tapa olho” que, por vezes, nos protege e em outros momentos nos desampara, é onde nos sabotamos e somos responsáveis por uma espécie de rasteira em nós mesmos.
Impossível nos libertar de algo que não reconhecemos. Neste lugar somos ignorantes, nem sempre fazemos boas escolhas, às vezes ficamos conectados ao futuro, que é tão incerto, de tal modo que a ansiedade é o que temos presente. Quanta pretensão! A vida está para nós, mas nós não estamos para vida. O que estamos procurando? O que queremos? O que pretendemos? Estamos perdidos, e tudo passa despercebido, e a vida, que deveria nos pertencer, parece presentemente desconhecida.
E nossa ausência de conhecimento continua quando sabemos o melhor caminho, mas não nos consideramos capazes de segui-lo, então recuamos, e, por medo, não escolhemos, ficamos parados, sem ação e por dentro confusos. Portanto, necessitamos compreender quem somos e, além de disso, que nós construímos a vida através das nossas escolhas. Sim. Há estradas, e elegemos os caminhos, e a estrada real é a que podemos seguir.
Diante de tantas interrogações, passamos por tempestades, ganhos importantes, perdas significativas, mudanças necessárias que não controlamos. É a vida seguindo seu rumo, o tempo não para, mesmo quando não seguimos com ela, a realidade nos acolhe, tentando nos ensinar que o presente é o único lugar que realmente nos pertence, é onde agora estamos e vivemos. Pena que nem sempre entendemos que o presente é um presente e que hoje somos mais que ontem, pois acumulamos experiências e podemos aprender com elas.
Quando conseguimos olhar para o horizonte da vida percebemo-nos no aqui agora, este olhar faz toda diferença, pois seguimos nossa caminhada de forma mais real, não deixando que tudo passe despercebido, vivendo e desfrutando do momento, dizendo não aos ressentimentos e aos lamentos, lutando e encontrando para isso mais argumentos. Aprendendo que necessitamos desse olhar diferenciado para nós e tudo que nos rodeia.
Sempre é tempo de aprender que somente nós podemos escolher o nosso caminhar, tornando mais suave o viver, quando ficamos estagnados a realidade aparece fazendo sua cobrança. Não adianta ficar no lugar de só querer e não fazer. Precisamos de ação! Deste modo, podemos ter uma noção maior da vida e estaremos em movimento abrindo caminho para sairmos do ninho e verdadeiramente ir rumo ao nosso destino, aquele que criamos a cada dia, pois nós construímos por onde iremos passar.
Contudo, compreendemos que somos nós mesmos o nosso grande obstáculo. Subestimamos muitas vezes, nossas qualidades, capacidades e não sentimos a força que temos dentro de nós e que, esta força nos leva a lugares incríveis.
Texto publicado no livro: Além da palavra, volume V.
Rejane Nascimento
rejane.d@hotmail.com
- JARDINS DE ESPERANÇA - 31 de agosto de 2024
- RAZÕES PARA ESCREVER - 3 de maio de 2024
- PEDAÇO DE MIM - 24 de abril de 2024
Rejane Luzia do Nascimento Damasceno, mais conhecida como Rejane Nascimento, mineira nascida na cidade de Caratinga (MG), é Bacharel em Psicologia pelo Centro Universitário de Caratinga -UNEC, (2010). Especialista em Saúde Mental pelo Centro Universitário de Caratinga – UNEC (2012) e Especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental pelo Centro Universitário Amparense – UNIFIA (2017). Possui também a Formação em Terapia do Esquema pelo Núcleo de Estudos em Psicologia –NEPSI(2019). Iniciou sua experiência profissional como psicóloga, dentro de uma escola, em 2011, atuando por cinco anos consecutivos nesta área, desenvolvendo um importante trabalho com grupos, enfrentando o desafio da atuação da psicologia na educação. Foi nesse cenário que a autora começou seus afazeres com o escrever, produzindo metáforas e poesias como forma de intervenção. É autora do livro de poesias ‘Para Escrever… Tenho Minhas Razões. Tem participação como coautora nos livros: Além Da Palavra – Volume V, Caratinga 170 anos: Múltiplos Olhares e na obra Rabiscos Confinados, promovida pelo cartunista Edra Amorim. É Acadêmica Correspondente da FEBACLA – Federação Brasileira das Ciências, Letras e Artes.