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Espetáculo de dança-teatro Sede estreia dia 22 de abril

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Créditos: Marilia Scharlach

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Idealizado em 2015, na gravidez de Gabriela Alcofra, intérprete-criadora e dramaturga do espetáculo, Sede nasce de um incômodo real vivido a partir do conflito de uma maternidade e postura de gênero idealizadas por padrões sociais midiáticos versus a experiência prática

Idealizado em 2015, na gravidez de Gabriela Alcofra, intérprete-criadora e dramaturga do espetáculo, Sede nasce de um incômodo real vivido a partir do conflito de uma maternidade e postura de gênero idealizadas por padrões sociais midiáticos versus a experiência prática.

Com direção de Leonardo Birche e direção musical de Daniel Conti, o espetáculo de dança-teatro aborda, portanto, o puerpério como eixo dramatúrgico para pesquisar relações entre corpo, palavra e gesto, a partir de questões sociais mobilizadoras, tais como a perspectiva de gênero, o casamento e a maternidade real. A temporada acontece de 22 a 25 de abril, com sessões às 20h e às 23h pelo Youtube.

“Em um caminho intermediário entre a realidade e ficção, Sede mergulha na solidão, no confinamento, na sobrecarga de tarefas e nas questões culturais de ser mulher, fazendo disso seu material poético e estético”, conta Gabriela.

Com o advento da pandemia de COVID-19, que isolou o mundo em seus ambientes privados como forma de conter o avanço da doença, o espetáculo se amplifica nos ecos do ser humano confinado e sobrecarregado, seus encontros e reencontros consigo, as dores e as delícias de se descobrir vivo.

O projeto 

Assolada pela sobrecarga de funções, pelo questionamento de sua identidade, pelas incertezas de seu futuro profissional como intérprete e pela solidão advinda das suas multitarefas enquanto mãe e artista, seu puerpério tornou-se fruto de muitas questões individuais e políticas.

Essas questões mobilizaram Gabriela Alcofra a começar a investigar poeticamente na linguagem da dança-teatro esse novo universo inaugurado pela maternidade, tendo a parceria do diretor teatral Leonardo Birche, na condução e direção da pesquisa, assim como do músico Daniel Conti, na concepção da ambientação sonora do espetáculo.

Sua inquietação a levou também para o aprofundamento de suas questões através do doutorado em Artes da Cena na UNICAMP, debruçada sobre a questão central “como ser mãe e ser artista na dança contemporânea em São Paulo?”, orientada pela profª Drª Julia Ziviani Vitiello e defendido em 2019. Na ocasião da cerimônia de defesa, a pesquisa prática em andamento, até então intitulada de Bunker, foi apresentada para a banca avaliadora.

O processo de pesquisa foi sendo retroalimentado através da teoria e prática, utilizando referências bibliográficas propostas pelo Programa de Pós-Graduação, assim como realizando diários de campo de auto-observação e análise de seu próprio corpo e de seu filho em desenvolvimento e realizando entrevistas com mulheres puérperas artistas em São Paulo.

Paralelamente a isso, junto com o diretor Leonardo Birche, Gabriela Alcofra foi investigando o caminho inter-linguagem da dança-teatro, mesclando referências  específicas da área do teatro, como a metodologia proposta por Stanislaviski, com seu histórico de referências na dança, como, por exemplo, a investigação expressiva através do estudo do movimento, como proposto por Klauss Vianna.

Nesse processo, Gabriela Alcofra escreveu uma dramaturgia como forma de organizar a composição coreográfica a partir dos sentidos e paisagens estéticas levantadas. Nessa dramaturgia, corpo, palavra, sensação e som são trabalhados mutuamente, de forma democrática, não-hierárquica. Foram levantadas cinco cenas divididas a partir das situações vividas por essa mulher: a relação com seu próprio corpo, a relação com seu filho, o casamento, a relação com a imagem social, a descoberta das emoções.

O título anterior do trabalho, “Bunker” se deu a partir da sensação de confinamento gerada pela maternidade e suas angústias advindas das amarras psicossociais impostas às mulheres nesse novo papel. Curiosamente, o isolamento social causado pela pandemia de COVID-19 em 2020 no mundo trouxe à tona esta circunstância vivida por muitas mulheres no puerpério, fazendo uma associação metafórica com a maternidade e os efeitos do isolamento social. Sendo assim, os temas anteriormente abordados na pesquisa tornam-se ainda mais pertinentes e com mais possibilidades de leituras semânticas, trabalhando assuntos como: a incerteza do futuro, a imobilidade social, a sobreposição de tarefas e papéis sociais circunscritos em um mesmo espaço físico, o universo familiar e profissional convivendo em um mesmo espaço-tempo.

Em 2020, os artistas criadores decidem mudar o nome de “Bunker” para “Água-me” (título provisório para o ensaio aberto realizado em janeiro de 2020) e então escolhem o título SEDE, por acreditarem que o nome Bunker tem um peso histórico marcante e possivelmente crítico se pensado atualmente. O título SEDE faz menção ao texto falado por Gabriela Alcofra em uma das cenas, onde constantemente pede por um copo d´água para matar a sede. A sede é uma constante no puerpério, pois a amamentação provoca fisiologicamente essa necessidade. A sede pode ser vista também como a falta de auxílio, de conforto, de suporte, de cuidados essenciais. Além disso, referencia a água (também presente na dramaturgia do texto) que vai além da água potável, expandindo a sensação para os líquidos do corpo: lubrificações, sangue, útero, menstruação, leite.

Sede pretende aprofundar e finalizar a pesquisa iniciada em Bunker, repensando caminhos estéticos adaptados para o formato audiovisual online, debruçando-se sobre os eixos já levantados, tais como: solidão, reconhecimento do corpo da mulher em transformação, a imagem de um corpo mulher-mãe para a sociedade, relação com o espaço confinado da casa, loucura gerada pela exaustão, exercício de um amor em construção.

Nessa pesquisa, o audiovisual é considerado como mais uma camada da dramaturgia, pensando os planos de câmera como aliados da composição coreográfica, tendo na vídeodança a inspiração para uma linguagem híbrida borrando as fronteiras entre a dança, o cinema e o teatro. Para isso, a cineasta e também mãe, Marilia Scharlach, contribuiu com sua visão na direção de fotografia e câmera.

Durante a gravação, microfones direcionais e de ambiência captaram os sons do movimento da intérprete, gerando estímulos que, processados eletronicamente e somados ao canto da intérprete-criadora, ruídos e ambiências pré-gravados, desenham as paisagens sonoras vivas que compõem a trilha sonora original, a cargo de Daniel Conti.

Dessa maneira, Sede se envereda pelos caminhos poéticos da metáfora para propor uma cena para além da literalidade, fundada em paisagens sonoras e visuais, atuando em um lugar fronteiriço entre o gesto, a palavra e a imagem, que ampliam as camadas de sentido do espectador.

Ficha técnica

Interpretação e dramaturgia: Gabriela Alcofra

Direção: Leonardo Birche

Trilha sonora e captação direta: Daniel Conti

Direção de fotografia e câmera: Marilia Scharlach

Edição e montagem: Gabriela Alcofra e Daniel Conti

Direção de arte: Eliseu Weide

Produção: Renata Allucci

Projeto gráfico: Fernanda Allucci

Tradução: Letícia Rodrigues

Assessoria de imprensa: Pombo Correio

 

Serviço: 

22/04 – 23h

23/04 – 23h

24/04 – 20h e 23h

25/04 – 20h e 23h

 

35 minutos

16 anos

Link de acesso: http://bit.ly/videodancasede

Grátis

 

 

 

 

 

Sergio Diniz da Costa
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