Parece mentira
Parece mentira, mas ainda hoje, nós, mulheres, estamos sujeitas a inúmeras críticas pelo simples fato de sermos quem somos e buscarmos independência.
Parece mentira, porém, o batom vermelho estampado nos nossos lábios, o dito cujo que é sinônimo de sensualidade, também é o mesmo que aos olhos da pequenez de determinados indivíduos, nos delimita vulgares.
Parece mentira, no entanto, homens são tidos como superiores. Séculos se passaram, a sociedade patriarcal permanece imune às lutas das minhas irmãs. Até lançaram-nas ao fogo por temerem o fulgor em suas veias. Bruxas! — os infelizes vociferaram ante as chamas da injustiça consumindo as vítimas.
Parece mentira, contudo, fomos e somos assujeitadas ao bel-prazer de monstros depravados que têm o intuito de nos aniquilar. E sim, nosso sentir aflorado por vezes é explorado de forma indevida. O amor entre os sexos seria uma utopia? Nada justifica tamanha crueldade para com mulheres que se entregam de verdade àqueles que acreditam ser seus pares para toda a eternidade.
Parece mentira, e de fato é. Dizem não ser machistas, entretanto, são. Não se importam verdadeiramente com as nossas dores e pavores, pois eles foram e são os autores de todas as mazelas incumbidas atrozmente à minha classe que sempre é vista como indecente e incapaz de ser inteligente, porque somente eles, os homens, são providos da sapiência que os tornam diferentes. Não ousem apontar-nos feministas como se tal referência fosse uma sina maldita, sendo que buscamos tão somente igualdade. Ai de vocês se quiséssemos vingança pelos infindáveis anos de crueldade! Vez e voz, é pedir demais?! Temos direito de ficarmos em paz, longe dos holofotes que nunca enaltecem as nossas qualidades.
Parece mentira, embora já não saibamos o que de fato sonda a mente do bicho homem que teima em fazer-nos tombar frente o progresso que mesmo tardio, bate à porta e expõe as verdades há muito varridas para debaixo dos tapetes seculares: somos maiores que o ódio cuspido nas nossas conquistas. A sororidade desabrochou e homem nenhum poderá silenciar a Poesia das Eras que habita o elo de todas as Marias que se tornaram conscientes do poder que detêm nas mãos e mentes.
Danem-se as aparências, a sofrença não acobertará a nossa evolução! Em nossos âmagos calejados há demasiada paixão e ansiamos por conquistar o nosso espaço independente dos naufrágios que virão. Estamos juntas e sendo um só corpo que flameja e determinado está em alcançar a glória usurpada, seremos resistência e venceremos a peleja que possibilitará um futuro diferenciado às guerreiras que estarão libertas das invisíveis garras da pseudomacheza.
Jeane Tertuliano
jeanetertuliano@gmail.com
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Natural de Sorocaba (SP), é escritor, poeta, revisor de livros, Editor-Geral do Jornal Cultural ROL e um dos editores do Internet Jornal. Acadêmico Benemérito e Efetivo da FEBACLA. Membro Fundador das seguintes entidades: Academia de Letras de São Pedro da Aldeia – ALSPA; Academia Hispano-Brasileña de Ciências, Letras e Artes – AHBLA e do Núcleo Artístico e Literário de Luanda – Angola – NALLA e membro da Academia dos Intelectuais e Escritores do Brasil – AIEB. Autor de 7 livros. Jurado de concursos literários. Recebeu, dentre várias honrarias: pelo Supremo Consistório Internacional dos Embaixadores da Paz, o título Embaixador da Paz e Medalha Guardião da Paz e da Justiça; pela FEBACLA: Medalha Notório Saber Cultural, Comenda Láurea Acadêmica Ouro, Comenda Ativista da Cultura Nacional; pelo Centro Sarmathiano de Altos Estudos Filosóficos e Históricos os títulos de Dr. h. c. em Literatura, Dr. h.c. em Comunicação Social, Defensor Perpétuo do Patrimônio Histórico e Cultural Brasileiro e Honorável Mestre da Literatura Brasileira; pela Soberana Ordem da Coroa de Gotland, o título de Cavaleiro Comendador; pela Real Ordem dos Cavaleiros Sarmathianos, o título de Benfeitor das Ciências, Letras e Artes; pela Academia de Letras de São Pedro da Aldeia e Associação Literária de Tarrafal de Santiago, Embaixador Cultural | Brasil África – Adido Cultural Internacional