O espelho da alma
O desconhecido favorece a grandes reencontros universais. Duas pessoas foram admitidas no setor de oncologia para tratamento, pois o avanço do câncer já se encontrava bastante determinante. O silêncio da vida fez essas duas pessoas se conhecerem um pouco mais e, para surpresa delas, eram amantes da leitura. Decidiram então ler uma para outra todos os dias para preencher o vazio do tempo naquela unidade hospitalar. Assim se passaram dias, meses e a cada minuto passado o progresso da doença era visível.
Essas duas pessoas passaram a ser a força uma da outra em todos os sentidos e a (leitura) seu melhor tratamento. Certo dia uma dessas pessoas acabou por não responder mais aos medicamentos e seu estado geral passou a ser grave e irreversível. Sem se abater e buscando forças no Supremo Arquiteto só uma continuou a ler enquanto a outra pessoa apenas ouvia sem reação de estímulos (a audição é a última coisa que perdemos). Era tão forte e bonita ver aquela dedicação de seres humanos diagnosticados com câncer que emocionava toda a equipe de saúde. Num mundo de encruzilhadas sempre reencontraremos um Irmão Espiritual na esquina mais próxima para a caminhada ser menos dolorosa. Então o que antes eram duas pessoas, agora, apenas uma no leito de enfermaria e essa ficou tão desolada que ficava lendo em voz alta diante do espelho para não se sentir solitária.
Acreditava firmemente que a companhia de leitura ouvia com muita atenção tudo, mesmo só vendo o próprio reflexo naquele espelho. A empatia consegue refletir a melhor Luz da raça Humana. No entanto, toda leitura da vida chega a um final, menos os versos elaborados no livro da eternidade.
Assim, depois de tanto ler diante daquele vidro polido e metalizado, sua luz seguiu em curso para outra jornada e a enfermaria onde antes havia duas pessoas, agora resta apenas a saudade daquelas leitoras que tanto encantou o ambiente hospitalar. Hoje ainda se ouve as vozes e quem passa diante do espelho diz ver um reflexo suave de luz.
A leitura é a assinatura do Homem naquilo que deseja ser no Universo.
A Saudade que hoje sentimos nos dá a motivação para a continuidade até o reencontro.
Oração da Saudade
Todos os dias rego uma planta.
Chamada Saudade…
O Tempo não volta…
Mas tenho de quem lembrar e que me fez feliz.
O lugar visível ficou vazio.
Sentimos um frio sentimento de ausência.
A presença espiritual ficou presente.
Lembranças que alegram a mente.
A partida é sofrida, mas a vida segue.
Desassossego, mas a alma pede calma.
O reencontro é inevitável…
Ainda que demore, mas o abraço é esperável.
Cantemos a canção da alegria.
Regozijamos o caminho da evolução.
Viver é poder reviver erros e acertos.
A Saudade com o tempo, vem a calmaria.
Fernando Matos
Poeta Pernambucano
(Direitos Reservados ao Autor da Obra)
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Natural de Sorocaba (SP), é escritor, poeta, revisor de livros e Editor-Chefe do Jornal Cultural ROL. Acadêmico Benemérito e Efetivo da FEBACLA; membro fundador da Academia de Letras de São Pedro da Aldeia – ALSPA e do Núcleo Artístico e Literário de Luanda – Angola e membro da Academia dos Intelectuais e Escritores do Brasil – AIEB. Autor de 8 livros. Jurado de concursos literários. Recebeu, dentre várias honrarias: pelo Supremo Consistório Internacional dos Embaixadores da Paz, o título Embaixador da Paz e Medalha Guardião da Paz e da Justiça; pela Augustíssima e Soberana Casa Real e Imperial dos Godos de Oriente o título de Conde; pela Soberana Ordem da Coroa de Gotland, o título de Cavaleiro Comendador; pela Real Ordem dos Cavaleiros Sarmathianos, o título de Benfeitor das Ciências, Letras e Artes; pela FEBACLA: Medalha Notório Saber Cultural, Comenda Láurea Acadêmica Qualidade de Ouro, Comenda Ativista da Cultura Nacional; Comenda Baluarte da Literatura Nacional e Chanceler da Cultura Nacional; pelo Centro Sarmathiano de Altos Estudos Filosóficos e Históricos os títulos de Doutor Honoris Causa em Literatura, Ciências Sociais e Comunicação Social. Prêmio Cidadão de Ouro 2024