Ella Dominici: Poema ‘Amorosidade entre terra e árvore’


às 08:39 PM
quando me sinto árvore
despeço-me das folhas salpicadas
que não mais abrigam frutos
partem ao ventar e levam
um pouco de minha alma
segurei-te amei-te te deleitas
em minha seiva fui sorvido te servi
quando me sinto terra
a avidez pela presença tua
em mim em renascença
água celulose nova folha
dou-te fertilidade
sou-te amorosidade que destila
úmida influência se dissipa
em teus poros participas
mas se te aproprias da vontade
de te ires pelo vento
sou lamentos terra ressequida
que quer água se agita trêmula
engole dissabores pelas fendas
arrasta corpos sonhos contos
couros coitos interrompidos
pelo medo
quando me sinto ar
ressinto estar longe de teu respirar
se te aproprias da vontade
de te ires pelo vento folha
sinto-me atmosfera trêmula
sou lamento de uma natureza
que se asfixia
Ella Dominici
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Natural de São Paulo (SP), é endodontista por profissão e formada no curso superior de Língua e literatura francesa. Uma profissional que optou por uma ciência da área da saúde, mas que desde a infância se mostrava questionadora e talentosa na Arte da Escrita, suscitando da parte de um mestre visionário a afirmação de ela ser uma escritora nata, que deveria valorizar o dom que recebera. Atendendo ao conselho recebido, na maturidade Ella cumpre o vaticínio e lança o primeiro livro solo de poemas (Mar Germinal), rompendo com a escrita meramente contemplativa, abraçando fragmentos, incertezas e dualidades para escancarar oportunidades a si como ao outro. Dribla o autoritário tempo, flagra mazelas psicológicas em minúsculas e múltiplas impressões exteriores e internas. É membro da AMCL – Academia Mundial de Cultura e Acadêmica Internacional da FEBACLA. Coautora de várias antologias. Publica na Revista Internacional The Bard e se inscreveu no 8º Festival de Poetas de Lisboa, participando da antologia promovida pelo evento
Ella, você, mais do que escrever um belíssimo poema, simultaneamente dirige e atua num Filme de Arte!
Gratissima e comovida, querido Sérgio, o que mais deseja um poeta se sua meta é transmitir amorosidade e emoção de fazer sonhar? Está é a cumplicidade na literatura!
Somos artistas da existência!