dezembro 08, 2025
9ª FLAUS – Feira do Livro e Autores Sorocabanos
No Quadro do Jornal ROL, Eduardo Martínez!
Pajé Pitotó
Troféu Mulher de Pedra 2025
Príncipes também são sapos
O mistério da rua sem saída
Cooperar é melhor que competir!
Últimas Notícias
9ª FLAUS – Feira do Livro e Autores Sorocabanos No Quadro do Jornal ROL, Eduardo Martínez! Pajé Pitotó Troféu Mulher de Pedra 2025 Príncipes também são sapos O mistério da rua sem saída Cooperar é melhor que competir!

Heaven, sem agrado

image_print

Clayton Alexandre Zocarato: ‘Heaven, sem agrado’

Clayton Alexandre Zocarato
Clayton A. Zocarato
Imagem criada por IA do Bing - 06 de agosto de 2015, às 16:34 PM
Imagem criada por IA do Bing – 06 de agosto de 2015,
às 16:34 PM

Havia um cheiro de desinfetante barato, luzes azuis piscando no ritmo errado, e corpos adolescentes fingindo ser adultos — naquela boate escondida entre dois postos de gasolina, na periferia daquela minúscula cidade , onde ninguém sabia muito bem o que estava fazendo.

Era anos 2000, e tudo parecia prestes a começar.

Galeno tinha dezessete anos e um coração que cabia inteiro dentro da sua camiseta polo listrada. 

Ele não dançava bem, não bebia muito, e não sabia mentir. 

Ficava perto das caixas de som como quem procurava refúgio — talvez para que ninguém notasse o modo como olhava para Luisa.

Luisa  era dois anos mais velho.

Usava calças rasgadas antes que isso virasse moda e dançava como se o mundo estivesse em slow motion só para ela. 

Todo mundo se apaixonava um pouco por Luisa . Mas Galeno — ah, Galeno se apaixonou e  muito.

Foram três meses de encontros semanais, onde nada acontecia e tudo acontecia. Um cigarro dividido atrás da boate. 

Um elogio sobre os tênis novos. Um olhar que durava meio refrão. A esperança, sempre silenciosa, caminhava ao lado.

Numa noite qualquer de outubro, o DJ colocou Heaven, de Bryan Adams. 

E foi como se o tempo recuasse. 

Galeno encostado na parede, segurando um copo de refrigerante quente, viu Luisa atravessar a pista, envolto por aquela melodia lenta, solene, carregada de alguma coisa que não cabia naquela boate suada.

Foi até ela. E a beijou. Como se aquela música fosse só para os dois. . 

A noite estava morna, cheia de cigarras, e as lembranças da juventude mais fortes que o normal

Não chorou — porque às vezes o amor não correspondido é tão puro que dói bonito. Era como amar uma estrela: inatingível, mas brilhante.

A música não tocou. 

O tempo foi passando. A boate virou uma farmácia. A farmácia virou um estacionamento.

E Galeno  cresceu. Trabalhou. Leu livros. Amou outras pessoas — às vezes muito, às vezes pouco. Mas, de vez em quando, quando ouvia Heaven em algum rádio esquecido, lembrava-se.

Lembrava-se de quando amava alguém somente na imaginação.

E de como, mesmo assim, aquilo havia sido amor de verdade.

Clayton Alexandre Zocarato

Bryan Adams – Heaven – Acoustic Live

Voltar

Facebook

Clayton Alexandre Zocarato
Últimos posts por Clayton Alexandre Zocarato (exibir todos)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

PHP Code Snippets Powered By : XYZScripts.com
Social media & sharing icons powered by UltimatelySocial
Acessar o conteúdo