novembro 12, 2025
Samuel Wincheski Garcia
O atalho do amor
Coletânea Pedagógica
Sue Guimarães
Compostura que flui
As contribuições do Imperador Dom Pedro II
A coroação de Dom Pedro II
Últimas Notícias
Samuel Wincheski Garcia O atalho do amor Coletânea Pedagógica Sue Guimarães Compostura que flui As contribuições do Imperador Dom Pedro II A coroação de Dom Pedro II

A voz de Hind Rajab

image_print

Bianca Agnelli:
‘A voz de Hind Rajab: O cinema como testemunho’

La voce di Hind Rajab: Il cinema come testimonianza

Card do texto  'A Voz de Hind Rajab: O Cinema como Testemunho'
Card do texto ‘A Voz de Hind Rajab: O Cinema como Testemunho’

Não sei vocês, mas eu adoro ir ao cinema completamente despreparada.

Zero trailers, zero críticas, zero “você precisa ver, é maravilhoso”.

Quero que o filme me surpreenda, me sacuda, me faça duvidar das minhas próprias emoções. Quero aquele instante em que você se senta, as luzes se apagam, e pensa: “Ok, me leve pra onde quiser.”

Às vezes encontro diretores cinematograficos desconhecidos, rostos que nunca vi, nomes que eu facilmente confundiria com senhas de Wi-Fi, e ainda assim – lá está – aquele pequeno arrepio de curiosidade.

Porque conhecer algo novo, pra mim, é como descobrir um cômodo secreto dentro de uma casa que você acreditava conhecer de cor.

Claro, reencontrar é bonito. Mas se perder… se perder em um filme completamente estranho é algo muito maior. É um ato de confiança.

E o cinema, assim como a vida, é um ato de confiança cheio de contradições: alegria, dor, caos e aquele fio finíssimo que os mantém unidos.

Foi com essa consciência que, no dia 28 de setembro, fui ao cinema. Poucas horas antes de entrar na sala, eu já tinha chorado.

Porque o que eu estava prestes a ver era um filme que eu não conhecia, mas que não podia ignorar – e do qual sabia, em linhas gerais, a história.

Porque Hind Rajab nunca foi apenas uma personagem: ela era uma pessoa, uma menina de cinco anos, nascida no lugar e no momento errados deste planeta.

Há algo de desarmante em pensar que o destino é um fato geográfico.

Alguns nascem em bairros com mais cafeterias do que hospitais; outros, em lugares onde tanques atiram nos vidros dos carros.

E nós, sentados em nossas confortáveis poltronas vermelhas, tentamos entender como tudo isso pode existir no mesmo mundo.

A voz de Hind Rajab (The Voice of Hind Rajab) é dirigido por Kaouther Ben Hania [https://m.imdb.com/it/name/nm4141599/], a cineasta tunisiana já indicada ao Oscar por “O Homem que Vendeu sua Pele”.

Sua direção é delicada e cirúrgica ao mesmo tempo – como se ela soubesse que narrar a realidade é um ato de equilíbrio entre dor e dignidade.

O filme refaz as últimas horas de Hind, uma menina palestina presa em um carro depois que sua família foi atingida durante os bombardeios em Gaza, em 29 de janeiro de 2024.

Os operadores do Crescente Vermelho Palestino conseguiram entrar em contato com ela: a ligação durou horas.

Ouvimos Hind falar, chorar, pedir ajuda, rezar.

Ben Hania decidiu não recriar essa voz, mas usar o áudio autêntico da gravação da chamada.

Os atores – entre eles Saja Kilani, Clara Khoury, Motaz Malhees e Amer Hlehel – não tinham ouvido o áudio completo antes das filmagens: escutavam em fones de ouvido, durante as cenas, deixando que o real se infiltrasse em suas expressões.

É uma escolha que transforma a recitação em algo quase mediúnico: eles não estão interpretando, estão escutando.

E nós, por reflexo, escutamos com eles.

Não vemos a morte, mas a sentimos respirar entre as pausas.

Na Mostra de Cinema de Veneza, a exibição foi seguida por vinte e quatro minutos de aplausos.

Vinte e quatro. Minutos.

É uma eternidade, mesmo para Veneza.

Mas ninguém conseguia se levantar: parecia que todos precisavam permanecer ali, imóveis, compartilhando o mesmo nó na garganta.

Como se aplaudir fosse a única maneira de dizer: não estamos surdos, Hind, nós te ouvimos.

O filme conquistou o Grande Prêmio do Júri e já está indicado como Melhor Filme Internacional no Oscar 2026.

Por trás da produção estão nomes como Brad Pitt, Rooney Mara, Alfonso Cuarón, Joaquin Phoenix e Jonathan Glazer – nomes que, de certo modo, decidiram emprestar sua voz àqueles que já não têm uma.

Hind Rajab está morta.

Em Gaza, hoje, centenas de milhares de crianças estão sofrendo, morrendo, enquanto o mundo desvia o olhar.

A voz delas grita dentro das nossas consciências, e o silêncio já não é aceitável.

O cinema nos mostrou uma realidade cruel – e ignorar esse sofrimento é cumplicidade.

Se permanecermos parados, se escolhermos não ouvir, somos parte da tragédia.

E todos os dias, a cada escolha, o mundo nos lembra: a humanidade não é um luxo: é uma responsabilidade.

Bianca Agnelli

La voce di Hind Rajab: Il cinema come testimonianza

Non so voi, ma io adoro andare al cinema completamente impreparata.

Zero trailer, zero recensioni, zero “devi assolutamente vederlo, è stupendo”.

Voglio che il film mi sorprenda, mi scuota, mi faccia dubitare delle mie stesse emozioni. Voglio quel momento in cui ti siedi, le luci si spengono, e pensi: “Ok, portami dove vuoi.”

A volte incontro registi sconosciuti, volti mai visti, nomi che potrei facilmente scambiare per password Wi-Fi, eppure – eccolo lì – quel piccolo brivido di curiosità.

Perché conoscere qualcosa di nuovo, per me, è come scoprire una stanza segreta dentro una casa che credevi di conoscere a memoria.

Certo, ritrovarsi è bello. Ma perdersi… perdersi in una pellicola completamente estranea è qualcosa di più grande. È un atto di fiducia.

E il cinema, come la vita, è un atto di fiducia pieno di contraddizioni: gioia, dolore, caos, e quel filo sottilissimo che li tiene insieme.

È con questa consapevolezza che il 28 settembre mi sono recata al cinema. Qualche ora prima di entrare in sala, avevo già pianto. Perché quello che sono andata a vedere era un film che non conoscevo, ma che non potevo ignorare, e di cui a grandi linee sapevo la trama.

Perché Hind Rajab non è mai stata solo un personaggio: era una persona, una bambina di cinque anni, nata nel momento sbagliato, nel luogo sbagliato del pianeta Terra.

C’è qualcosa di disarmante nel pensare a quanto il destino sia un fatto geografico.

Alcuni nascono in un quartiere con più caffetterie che ospedali, altri in un posto dove i carri armati sparano ai finestrini.

E noi, seduti sulle nostre comode poltrone rosse, proviamo a capire come tutto questo possa esistere nello stesso mondo.

La voce di Hind Rajab (The Voice of Hind Rajab) è diretto da Kaouther Ben Hania, la regista tunisina già candidata all’Oscar per L’uomo che vendette la sua pelle.

La sua mano è delicata e chirurgica allo stesso tempo – come se sapesse che raccontare la realtà è un atto di equilibrio tra dolore e dignità.

Il film ripercorre le ultime ore di Hind, una bambina palestinese intrappolata in un’auto dopo che la sua famiglia è stata colpita durante i bombardamenti a Gaza, il 29 gennaio 2024.

Gli operatori della Mezzaluna Rossa Palestinese riescono a mettersi in contatto con lei: la chiamata dura ore.

Sentiamo Hind parlare, piangere, chiedere aiuto, pregare.

Ben Hania ha deciso di non ricreare quella voce, ma di usare l’audio autentico della registrazione della telefonata.

Gli attori – tra cui Saja Kilani, Clara Khoury, Motaz Malhees e Amer Hlehel – non avevano ascoltato l’audio completo prima delle riprese: lo sentivano in cuffia, durante le scene, lasciando che il reale si infiltrasse nelle loro espressioni.

È una scelta che trasforma la recitazione in qualcosa di quasi medianico: non stanno interpretando, stanno ascoltando.

E noi, di riflesso, ascoltiamo con loro.

Non vediamo la morte, ma la sentiamo respirare tra le pause.

Alla Mostra del Cinema di Venezia, la proiezione è stata seguita da ventiquattro minuti di applausi.

Ventiquattro. Minuti. 

È un’eternità, anche per Venezia.

Ma nessuno riusciva ad alzarsi: sembrava che avessero tutti bisogno di restare lì, fermi, a condividere lo stesso nodo alla gola.

Come se applaudire fosse l’unico modo per dire non siamo sordi, Hind, ti abbiamo sentita.

Il film ha conquistato il Gran Premio della Giuria, ed è già candidato come miglior film internazionaleagli Oscar 2026.

Dietro la produzione ci sono nomi come Brad Pitt, Rooney Mara, Alfonso Cuarón, Joaquin Phoenix e Jonathan Glazer – nomi che, in un certo senso, hanno deciso di prestare la loro voce a chi non ne ha più una.

Hind Rajab è morta.

A Gaza, oggi, centinaia di migliaia di bambini stanno soffrendo, morendo, mentre il mondo guarda altrove.

La loro voce urla dentro le nostre coscienze, e il silenzio non è più accettabile. Il cinema ci ha mostrato una realtà crudele e ignorare questa sofferenza è complicità.

Se restiamo fermi, se scegliamo di non sentire, siamo parte della tragedia.

E ogni giorno, ogni scelta, ci ricorda che l’umanità non è un lusso: è una responsabilità.

Bianca Agnelli

Voltar

Facebook

Bianca Agnelli
Últimos posts por Bianca Agnelli (exibir todos)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

PHP Code Snippets Powered By : XYZScripts.com
Social media & sharing icons powered by UltimatelySocial
Acessar o conteúdo