“Lembro-me de quando te vi pela primeira vez. Você parecia tão jovem, rebelde, bonita é verdade e, embora não fosse muito alta, já chamava a atenção.”
Faz tão pouco tempo que você se foi e eu já sinto tanto a sua falta.
Parece até que, com você, partiu também um pedaço de mim. Da nossa história. Da minha vida. Ficou apenas um vazio estranho e uma saudade inexplicável. Afinal, estávamos enfrentando tantos problemas que a convivência tornou-se impossível!
Lembro-me de quando te vi pela primeira vez. Você parecia tão jovem, rebelde, bonita é verdade e embora não fosse muito alta já chamava a atenção.
O tempo parece que passou de forma diferente para nós dois. Eu, com a idade, tornei-me meio rabugento e solitário. Sentindo-me, às vezes, meio fora de foco neste mundo. Você, ao contrário, tornou-se cada dia mais atraente, majestosa até. Seu porte e sua beleza impressionavam a todos que a encontravam pela primeira vez. Todos buscavam uma forma, nem sempre velada ou sutil, de abraçá-la. Quantas vezes eu mesmo a abraçava buscando alguma força quando o mundo parecia pesado demais para mim?
Lembro-me das nossas tardes sob um sol intrometido que não nos deixava a sós. Você, aguentando calada meus monólogos chorosos, observando-me brincar de jardineiro, sorrindo com minha habitual falta de habilidade com as plantas que você conhecia tão bem. Quando chovia, você dançava alegremente ao sabor do vento forte que trazia as tempestades de verão, sem se incomodar com as nuvens negras e barulhentas e com a minha preocupação com você.
Com o tempo, porém, todo o orgulho que eu sentia de você foi dando lugar a outros sentimentos que nunca sentira antes, causados pelas intrigas de todos que a invejavam e que eu, por alguma razão, passei a dar ouvidos. Todos me diziam que um dia você me faria sofrer. Aos poucos senti que alguma coisa entre nós havia mudado. A confiança perdeu-se nas esquinas da vida causando um distanciamento que culminou na decisão unilateral de separar-me de você.
Você se foi num sábado quente, chorando silenciosamente, corajosamente, enquanto eu tentava, sem muito sucesso, esconder minhas lágrimas sob o manto da covardia. Entendi sua revolta e seus gritos. Acho que você não esperava por isso. Eu nem sei como te pedir desculpas pela forma como te tratei.
Você se foi, deixando tantas e tão fortes lembranças que até hoje não consigo me decidir se planto outra árvore em seu lugar…
Paulo Roberto Costa – paulocosta97@gmail.com
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Natural de Sorocaba (SP), é escritor, poeta, revisor de livros e Editor-Chefe do Jornal Cultural ROL. Acadêmico Benemérito e Efetivo da FEBACLA; membro fundador da Academia de Letras de São Pedro da Aldeia – ALSPA e do Núcleo Artístico e Literário de Luanda – Angola e membro da Academia dos Intelectuais e Escritores do Brasil – AIEB. Autor de 8 livros. Jurado de concursos literários. Recebeu, dentre várias honrarias: pelo Supremo Consistório Internacional dos Embaixadores da Paz, o título Embaixador da Paz e Medalha Guardião da Paz e da Justiça; pela Augustíssima e Soberana Casa Real e Imperial dos Godos de Oriente o título de Conde; pela Soberana Ordem da Coroa de Gotland, o título de Cavaleiro Comendador; pela Real Ordem dos Cavaleiros Sarmathianos, o título de Benfeitor das Ciências, Letras e Artes; pela FEBACLA: Medalha Notório Saber Cultural, Comenda Láurea Acadêmica Qualidade de Ouro, Comenda Ativista da Cultura Nacional; Comenda Baluarte da Literatura Nacional e Chanceler da Cultura Nacional; pelo Centro Sarmathiano de Altos Estudos Filosóficos e Históricos os títulos de Doutor Honoris Causa em Literatura, Ciências Sociais e Comunicação Social. Prêmio Cidadão de Ouro 2024