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Carlos Carvalho Cavalheiro: 'O futuro incerto das eleições'

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” As eleições deste ano, especialmente para os cargos majoritários, apresentam um panorama inusitado, sem precedentes em nossa História republicana, de incertezas e de falta de esperança.”

 

As eleições deste ano, especialmente para os cargos majoritários, apresentam um panorama inusitado, sem precedentes em nossa História republicana, de incertezas e de falta de esperança.

Há muito que o povo brasileiro vem desacreditando não somente dos políticos como da política – enquanto instituição – desgaste esse promovido pelos incontáveis escândalos, desmandos e incompetências administrativas que se alastram pelo Brasil afora atingindo todas as cores partidárias.

O desgaste do ‘modelo’ petista de governar respingou em toda a proposta de caráter esquerdista, fazendo ressurgir uma onda extremista de direita que polarizou os discursos, sem, contudo, qualificá-los.

Infelizmente, estamos carentes de debates profundos e coerentes que apontem criticamente as falhas de cada diretriz de pensamento, ao mesmo tempo em que apresente qualidade na argumentação.

A polarização dos discursos serve apenas para acirrar ânimos e ódios que em nada contribuem para a superação da crise institucional que se instalou em nosso país. Ao contrário, dessa polarização surgem e ressurgem propostas cada vez mais absurdas de instalação de ditaduras, de promoção de guerra civil, de ressurreição da monarquia, entre tantas outras.

A nova moda agora é a chamada ‘intervenção civil’, uma proposta confusa que supostamente se escora no artigo 1º da Constituição Federal para dizer que o poder emana do povo, portanto deve por ele ser retomado .

De acordo com as ‘propostas’ divulgadas por esse grupo nas redes sociais, trata-se de uma mistura de nacionalismo extremado com sentimento anticomunista, sustentados pela ação de não-realização das eleições de 2018 e ‘reintegração de posse do Brasil ao povo brasileiro’.

Slogans como: ‘Nossa bandeira jamais será vermelha’ caminham ao lado de pedido de reforma agrária já e de afirmações de que as eleições com urnas eletrônicas são fraudulentas e compradas. Parece algo que lembra o ‘tenentismo’ da década de 1920 que agregava em suas fileiras ideais díspares, sem nenhuma proposta prática de poder.

A pergunta que não quer calar é a seguinte: Tudo bem, não teremos eleição em 2018 e o poder será devolvido ao povo, mas quem irá gerir tudo isso? A resposta vem do próprio grupo: os militares!

Não se trata, portanto, de outra proposta se não aquela de implantação de um governo fascista e militar.

Por que, então, mudar agora o nome do ‘movimento’ para intervenção civil? Ora, porque perceberam o quão desgastada está a proposta de uma ditadura militar. Afinal, países desenvolvidos – ainda que do ponto de vista capitalista – como Estados Unidos e Grã-Bretanha não são (e nunca foram) ditaduras militares.

Não existe na História da civilização nenhuma ditadura que tenha resultado em progresso – moral, cultural, econômico ou qualquer outro – para o seu povo. Aliás, é de se pensar qual o motivo que leva uma pessoa a desejar viver num mundo sem liberdade, sendo constantemente reprimida e vigiada, oprimida e massacrada… Quem pode explicar esse fascínio em ser oprimido?

De acordo com a Wikipedia, apenas a Tailândia mantém uma ditadura militar atualmente. Mas para quem sonha com implantação de ditaduras, basta lembrar uma pequena lista dos países que ainda mantêm regime ditatorial e despótico, mesmo que não seja ‘militar’: Cuba, Coréia do Norte, Arábia Saudita, China, Zimbábue e Síria.

A critério de quem quiser escolher. Só não poderá reclamar depois, pois nas ditaduras não são tolerados as críticas e os descontentamentos.

 

Carlos Carvalho Cavalheiro é professor de História, Mestre em Educação, escritor, poeta, pesquisador e colaborador da TRIBUNA.

31.07.2018.

carlosccavalheiro@gmail.com

 

Sergio Diniz da Costa
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