novembro 22, 2024
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No Time de Colunistas do ROL, mais um grande colaborador: Ivan Vagner Marcon!

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Um intelectual multifacetado, Ivan Marcon abrilhanta, ainda mais, o Time de Colunistas do ROL

Ivan Marcon nasceu em 1971 na cidade de Tatuí. É graduado em Pedagogia e Letras e realiza pesquisas em Linguística e Literatura, além de lecionar, escrever e traduzir. Filiado à SBAT (Sociedade Brasileira de Autores Teatrais) tem poemas, contos e crônicas publicados em uma dezena de antologias (virtuais e impressas) no Brasil, Portugal e Espanha.

No gênero poesia, publicou o livro ‘Em alguma parte inteiro (Scortecci, 2013) e em 2018 foi eleito Conselheiro de Cultura da cidade de Porto Feliz/SP, pelo Decreto 7.856, de 14 de maio de 2018.

Foi o vencedor de diversas premiações em concursos literários promovidos por universidades, prefeituras e fundações culturais, dentre as quais se destacam o X e XI Torneio Municipal de Poesias de Cerquilho (Cerquilho/SP) – 2010 e 2011, o Mapa Cultural Paulista – categoria “conto” (São Paulo/SP) – 2014 e do I CATARSE: Festival de Cenas Curtas– categoria “melhor texto teatral” (Monte Mor/SP) – 2018.

Vencedor da categoria “MELHOR ESCRITOR DE PORTO FELIZ”, na enquete ‘Melhores do Ano 2017 em Porto Feliz,  organizado pelo Jornal Cultural Rol, Ivan Marcon foi, também, homenageado no ano de 2018 com a Medalha Patrono das Letras e das Ciências, o Diploma de Mérito Cultural e Social e o Prêmio Caneta de Ouro pela FEBACLA- Federação Brasileira de Acadêmicos das Ciências e Letras (Niterói/RJ).

Ivan Marcon estreia no ROL com a crônica ‘Memórias de Menino‘, finalista Estadual do Mapa Cultural Paulista 2011/2012.

MEMÓRIAS DE MENINO

Foto por Roberto Prestes de Souza – Porto Feliz

Minha noção de tempo não aconteceu em um aniversário como toda criança. Nem me lembro da idade ou dos anos que se passaram até a data… Oitenta e dois ou oitenta e três? Não sei ao certo. Minhas lembranças não conseguem cuidar disso. O que lembro é que toda tarde após as aulas eu caminhava até o bebedouro de cavalos na avenida central de minha cidade. Era na verdade uma grande bacia de cimento que para mim definia o caminho de ida e vinda dos carros e charretes que por ali passavam.

Ficava ali de pé frente ao bebedouro que me ficava na altura do peito. Às vezes subia e molhava os pés e ficava olhando as ondas que se formavam no indo e vindo.

Era isso. Simples assim.

Um dia não o encontrei e descobri a ausência… O tempo das coisas. O início, o meio e o fim de tudo.

Na verdade foi a primeira medida de tempo que participei. Sabia de contagens dos números que chegavam ao fim nas aulas de matemática na escola. Sabia dos parentes já idosos que também tinham um fim. Dos colegas, poucos, que mudavam de cidade, e eu acreditava que um dia voltaria a encontrar, mas não conseguia identificar nisso tudo a especialidade do bebedouro da avenida central.

Tenho certeza que neste dia perdi mais do que pessoas ou objetos. Me perdi. Perdi a infância. Ganhei data. Idade. Estava no mundo há 10 anos. Cresci.

Vários outros 10 se passaram e outros espaços sumiram também.  Casas, prédios, cancelas, os trens de passageiros com seus apitos avisando partidas ou chegadas. Imagens que passaram por minha vida e que não pude contar em números ou em outra linguagem matemática.

Hoje tudo é memória, lembrança, história de tio. Vestígios de uma eternidade perdida. Memórias que não existem mais ou que apenas deixaram pistas de sua existência. Cenários que convalescem e hoje estão com seus dias contados.

Continuo observando estes espaços e as transformações de minha cidade sabendo que na verdade é isso que me credencia a ver o mundo sob um novo ângulo, pois foi a partir do sumiço do bebedouro que passei a olhar tudo com mais carinho, com mais cuidado, mais amor e tolerância… até que um dia se conte também o meu tempo.

 

 

Sergio Diniz da Costa
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