Uma velha tese marxista é a da alternância de fluxos e refluxos revolucionários.
Eu não iria tão longe, mas era gritante a diferença qualitativa entre muitos dos companheiros tombados e parte dos que ascenderam depois do dilúvio.
Até porque alguns destes últimos eram os que haviam optado pela autopreservação naquele momento no qual os que tinham espírito de verdadeiros revolucionários não conseguiam ver-se a si mesmos fora da luta, por mais perigosa, até suicida, que ela se revelasse.
[ou alguém acredita que o comandante Carlos Lamarca, ao resistir aos insistentes apelos dos companheiros para que se pusesse a salvo no exterior, tenha perseverado por ainda acreditar na existência de chances de vitória naquele devastador ano de 1971?]
O que explica a posterior adesão a posições tão anacrônicas e desastrosas como:
— o apoio a ditadores sanguinários, na suposição de que seriam mal menor face ao imperialismo ianque (aos panfletários que utilizam tal expressão deve ter escapado o pequeno detalhe de que a guerra civil estadunidense terminou em 1865…), sem levar em conta que a desmoralização ao associarmos nossa imagem a tais abominações excede infinitamente os ganhos geopolíticos alegados – e não comprovados;
— o apoio a estados teocráticos, que faria Marx surtar se ainda estivesse vivo, pois o velho barbudo passou a vida inteira tentando alavancar a marcha da civilização para estágios mais avançados de desenvolvimento, nunca a volta a um passado obscurantista (e não há obscurantismo mais nefasto do que o fanatismo religioso!);
— o combate à corrupção, que, como Paulo Francis já dizia nos tempos d’O Pasquim, é bandeira da direita, pois desmoraliza a política e políticos como um todo, tornando o povo descrente da possibilidade de mudar seu destino, além de levar água para o moinho dos golpistas de direita;
— a bandeira do combate à privatização, como se empresas e órgãos públicos, sob o Estado atual, já não estivessem sob o controle indireto dos capitalistas, e como se fizesse grande diferença tal controle ser direto ou indireto; e
— a desistência de organizar o povo para uma transformação em profundidade da sociedade brasileira, preferindo apostar em pequenas melhoras sob o capitalismo, obtidas pela via eleitoral, sob estrita obediência aos valores republicanos.
As fases de refluxo podem até durar algumas décadas mas têm fim, pois a humanidade acaba sempre retomando sua caminhada para a frente.
Então, como Marx e Engels vislumbraram ainda no século 19, a História não acabou nem acabará até que tenhamos chegado ao ponto final de nossa evolução: o reino da liberdade, para além da necessidade, sem classes, sem estados, sem fronteiras, tendo a concretização do bem comum como prioridade máxima de nossas existências.(Celso Lungaretti)
CHANCE DE ADQUIRIR O “NÁUFRAGO DA UTOPIA” DANDO UMA FORÇA PARA O AUTOR
Quando me estava sendo difícil alugar algum cantinho para morar com as limitações financeiras atuais, um companheiro sugeriu que pusesse à venda exemplares autografados do Náufrago da Utopia (Geração Editorial, 2005, 304 p.). Agradeci a dica, mas respondi que me restavam só dois exemplares, o que inviabilizava a proposta.
- constituiu-se a partir de 1967;
- ergueu o movimento secundarista na zona leste paulistana ao longo de 1968;
- ingressou da noite para o dia na Vanguarda Popular Revolucionária após a assinatura do AI-5; e
- sofreu as consequências de sua opção precoce: dois assassinados, cinco presos e muito torturados, uma que passou incólume mas ficou paranoica.
E, depois, quando nossos destinos nos conduziram em direções diferentes, minha descida pessoal ao inferno, as dificuldades em que me debati até escapar de uma armadilha da História e como isto só acabaria ocorrendo no presente século, mais de três décadas depois. (Celso Lungaretti)
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Natural de Sorocaba (SP), é escritor, poeta, revisor de livros, Editor-Geral do Jornal Cultural ROL e um dos editores do Internet Jornal. Acadêmico Benemérito e Efetivo da FEBACLA. Membro Fundador das seguintes entidades: Academia de Letras de São Pedro da Aldeia – ALSPA; Academia Hispano-Brasileña de Ciências, Letras e Artes – AHBLA e do Núcleo Artístico e Literário de Luanda – Angola – NALLA e membro da Academia dos Intelectuais e Escritores do Brasil – AIEB. Autor de 7 livros. Jurado de concursos literários. Recebeu, dentre várias honrarias: pelo Supremo Consistório Internacional dos Embaixadores da Paz, o título Embaixador da Paz e Medalha Guardião da Paz e da Justiça; pela FEBACLA: Medalha Notório Saber Cultural, Comenda Láurea Acadêmica Ouro, Comenda Ativista da Cultura Nacional; pelo Centro Sarmathiano de Altos Estudos Filosóficos e Históricos os títulos de Dr. h. c. em Literatura, Dr. h.c. em Comunicação Social, Defensor Perpétuo do Patrimônio Histórico e Cultural Brasileiro e Honorável Mestre da Literatura Brasileira; pela Soberana Ordem da Coroa de Gotland, o título de Cavaleiro Comendador; pela Real Ordem dos Cavaleiros Sarmathianos, o título de Benfeitor das Ciências, Letras e Artes; pela Academia de Letras de São Pedro da Aldeia e Associação Literária de Tarrafal de Santiago, Embaixador Cultural | Brasil África – Adido Cultural Internacional