novembro 21, 2024
A força dos ipês: mais que uma reparação
O reconhecimento que não alimenta professores…
Conversa de bêbados
Membrana, de Maurício Limeira
Vernissage de exposição artística
Dia da Bandeira
Marota mente
Últimas Notícias
A força dos ipês: mais que uma reparação O reconhecimento que não alimenta professores… Conversa de bêbados Membrana, de Maurício Limeira Vernissage de exposição artística Dia da Bandeira Marota mente

Jairo Valio: 'Jamais esquecerei'

image_pdfimage_print
Jairo Valio

Jairo Valio: ‘Jamais esquecerei’

Acontecimentos que permanecem em minha memória e jamais serão apagadas dentro de meu coração, pois foram intensos, apaixonantes, suaves como a brisa que passa e merecem serem relembrados.
Criança, pisei descalço em lindas paragens. A imensidão dos campos fazia com que corresse desembestado sem destino, por trilhas, depressões de terrenos, caindo, machucando meus pés até que pausava meu cansaço na beira do rio que corria ligeiro e mitigava minha sede na água geladinha e pura.
Brincava de jogar futebol no chão de terra batida com bola de capotão e era jogador franzino, mas atrevido e ligeiro para driblar os adversários.
Gostava de jogar bola de gude, pião, empinar pipas, colecionar figurinhas para jogar bafo e andar em carrinhos de rolimãs em descidas adoidadas.
Mais crescido, não tinha limites para minhas ousadias. Subia em árvores, pulava nos poços profundos do rio largo e correntoso até que emergia lá longe, sem preocupações com os perigos escondidos, como galhos de árvores ou então pedras nos remansos que poderiam me machucar.
Caçava e pescava com meus amigos e parentes e tinha um tio herói que  fez parte do meu imaginário, sempre com suas piadas bem elaboradas, sua inteligência, brincalhão, arteiro, menino em corpo de homem.
Já adolescente, vim para Sorocaba estudar e fiquei temeroso diante do porte da cidade, já agitada para meus padrões, pois caipira da roça, estranhei os costumes e a maneira de ser dos moradores, que não conheciam os encantos dos campos e das matas, como eu conheci.
Fui trabalhar no que sonhava, então. Ser bancário, por presenciar lindas garotas bem vestidas, uniformizadas e rapazes elegantes de terno e gravata e isso me seduzia, pois queria ser um deles.
Cresci na carreira e fui Gerente de diversas Instituições Financeiras na nova cidade que escolhi para traçar os destinos de minha vida.
Conheci aqui uma apaixonante criatura. Uma linda jovem, meiga, serena e, após nos conhecermos, namoramos sob o luar, mirando a lua que parecia ser cúmplice de nossa história de amor e para ela todos meus pensamentos eram direcionados, nos sonhos, no cotidiano de minha vida, na ansiedade dos encontros que iriam se realizar.
Conheceu minha família na minha cidade de origem e todos se apaixonaram pela linda figura, meiga, educada, que tinha sempre sorrisos para todos que com ela conviveram.
Mostrei para ela o meu mundo de antes, a chácara onde morei com meus país e num cavalo manso para ela não cair percorremos os campos  e apeando das montarias, ensinar-lhe a comer a gabiroba amarelinha, o joa doce e espinhento, o araçá azedinho do campo, amoras pretinhas e doces que comia com gulodice.
Conheceu um lindo cenário que marcou nossa vida e dali fizemos um refúgio quando estivemos noivos, casamos e constituímos uma família linda e maravilhosa.
Uma paineira altaneira, com galhos fortes que derramavam sua sombra para amenizar o calor sufocante foi então nosso refúgio onde víamos o horizonte distante, as matas enfeitadas de flores, a revoada dos pássaros e no entardecer sereno, o sol se pondo devagar, pincelando as nuvens de lindas cores e no seu findar, o céu se tornava vermelho, parecendo querer nos homenagear, pois realmente nos amávamos.
Nossos filhos sapecas gostavam do amplo espaço e corriam atrás dos animais, das galinhas e os bezerrinhos que eram suas coqueluches.
Ao acordarem, a caneca adocicada com mel preparada pela avó para tomarem o leite fresquinho e doce, tirado no mangueirão.
Subiam em árvores para comerem as frutas do pomar onde existia de tudo e transbordavam suas alegrias em sorrisos contagiantes e o avô coruja fazia balanços nos galhos fortes para se elevarem nas alturas.
Gostavam também de pescar e jamais foram ensinados a matarem passarinhos e animais como eu fiz, por desconhecer quanto isso é prejudicial ao meio ambiente.
Minha linda esposinha, a namoradinha de uma longa vida à dois, após 34 anos de casados, uma união amorosa, respeitosa, com muita ternura, carinhos, sempre recompensada com flores que lhe dava, um dia me deixou e foi habitar os Jardins do Senhor, deixando em meu coração imensas saudades que jamais esquecerei.
Jairo Valio – valio.jairo@gmail.com
30-03-2013
Jairo Valio
Últimos posts por Jairo Valio (exibir todos)
PHP Code Snippets Powered By : XYZScripts.com
Social media & sharing icons powered by UltimatelySocial
Pular para o conteúdo