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Pedro Novaes: 'Solução ainda distante'

Pedro Israel Novaes de Almeida

SOLUÇÃO AINDA DISTANTE

Os caminhoneiros retornaram às manchetes.

Após uma greve com feições medievais, marcada por espancamentos, desrespeitos e depredações, conseguiram obter a edição de medidas oficiais, como o subsídio ao preço do diesel e o estabelecimento de uma impraticável e nociva tabela do frete. O governo Temer, preocupado em sobreviver até o final do mandato, cuidou de preservar seus dedos, entregando nossos anéis.

A economia, já capenga, sofreu e ainda sofre os impactos da greve, cujos efeitos atingem a sociedade inteira. Cabe razão aos caminhoneiros, em iniciar o movimento paredista, e descabe arrazoados para a forma como foi conduzido.

Caminhoneiros contratavam fretes com base em determinado preço do diesel, que poderia subir no dia seguinte, gerando insegurança e incertezas. Bastava um incômodo intestinal de algum grande produtor de petróleo, ou uma oscilação na cotação do dólar, para que, de imediato, os preços de nosso varejo fossem modificados.

Estradas persistiam mal conservadas, até intransitáveis, gerando exacerbados custos de manutenção dos veículos. Assaltos e sequestros espreitavam caminhoneiros a cada curva das estradas, e sequer havia pontos seguros para descansos, nos percursos.

Pedágios, necessários mas com valores injustos, confiscavam e ainda confiscam grande parte dos recursos disponíveis ao caminhoneiros. A situação é tão ridícula que o frete passou a ser atividade secundária, e a indústria de pedágios a principal.

Com a economia em crise, soa lógico que o frete, como todas as outras atividades econômicas, acabasse atingido, e o setor sofreu pesados prejuízos e diminuição de rentabilidade. Estudiosos apontam para o excesso de caminhões, disponíveis para fretamento.

Em ambiente tão degradado, não foi difícil estimular caminhoneiros à greve.  Uma greve civilizada, contudo, envolveria caminhões simplesmente parados, ao invés de deslocamentos e atividades tumultuantes.

Governos, de Lula a Bolsonaro, tentaram minimizar os problemas do setor, com a abertura de linhas de crédito junto ao BNDES e promessas de melhoria das estradas. Dilma cuidou de impedir aumentos de preço do combustível, a exemplo do que fez no setor elétrico, causando desastres econômicos que até hoje amargamos.

A solução, tão óbvia quanto ainda distante, é a reativação e crescimento da economia, o que teria reflexos positivos em todos os setores, gerando empregos e rendas. Tentar isolar qualquer setor dos impactos da crise soa irreal e infantil.

Qualquer destinação de recursos ou favores oficiais tem, como origem, o bolso da população, ou o comprometimento de setores estratégicos, como a saúde pública. Emparedados, os governos tentam remendos, mais imediatistas que eficientes.

A tão proclamada independência e soberania administrativa da Petrobrás é constantemente colocada em dúvida, quando a manutenção de seu lucro distribuir prejuízos a todos os outros setores. Infelizmente, ainda não chegamos ao ponto de distinguir e separar procedimentos que importam ao país de outros, que importam somente aos governos.

 

Pedro Israel Novaes de Almeida
  pedroinovaes@uol.com.br

O autor é engenheiro agrônomo e advogado, aposentado.

Helio Rubens
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