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Marcelo Paiva Pereira: 'O tripé da arquitetura e urbanismo'

Marcelo Augusto Paiva Pereira

Arquitetura e Urbanismo: um tripé essencial

 

A arquitetura e urbanismo é uma corrente muito complexa do conhecimento, que envolve muitas disciplinas e ramos científicos, para elaborar o arcabouço de informações e conhecimento necessários ao estudo do espaço, a elaboração do desenho, a definição do projeto e a realização do referido “in concreto”.

Sem óbice desse amálgama de conhecimentos, a arquitetura e urbanismo possui um tripé sem o qual nenhuma disciplina, ramo científico, informação ou fonte de pesquisa seria oportuna ou conveniente.

O presente texto tratará, ainda que lacônica e superficialmente, o tripé sobre o qual assentam a arquitetura e urbanismo, necessário ao exercício das ideias postas no papel sob as escalas de projetos e realizadas a partir da implantação “in concreto”.

A arquitetura e urbanismo possui sua base de estudo, conhecimento científico, técnico e artístico no tripé formado pelo espaço, conforto e estilo (ou corrente artística). São estas as elementares, com as quais as obras são pensadas, desenhadas, dimensionadas, projetadas e realizadas.

As três elementares são definidas no projeto (“in abstrato”) e realizadas a partir da implantação (“in concreto”) até a ocupação da obra pelo(s) usuário(s). Delas, o conforto é a elementar subjetiva porque atinge a pessoa no entendimento e expectativa de conforto (ou bem-estar), enquanto as outras são elementares objetivas, porque atingem o desenho no dimensionamento, projeto e visual estético.

 

O conforto, entretanto, é muito complexo porque constitui-se de cinco componentes, todos de natureza objetiva:

  1. Ventilação;
  2. Iluminação;
  3. Temperatura;
  4. Acústica;
  5. Ergonomia;

Na arquitetura as três elementares são mais evidentes porque se reportam a desenhos pensados na escala humana, como são as casas, sobrados, salões, galpões e os edifícios residenciais e comerciais.

No urbanismo as três elementares são menos evidentes porque se reportam a desenhos pensados na escala urbana, maior do que a humana, como são os bairros, as vilas e cidades.

O espaço é examinado e distribuído em razão da destinação dada a ele no “croquis” e posteriormente no projeto, desenho final em que foi totalmente definido e dimensionado conforme a escala atribuída (humana ou urbana).

O conforto é o resultado do exame do espaço desenhado (projetado) em relação à ventilação, iluminação, temperatura, acústica e ergonomia. A mensuração do conforto depende do espaço desenhado (arquitetônico ou urbanístico) e da escala (humana ou urbana), varia em razão de ser privado (fechado) ou público (aberto) e, quando o projeto é realizado (“in concreto”), resulta das sensações dos usuários, habitantes ou visitantes.

A ventilação, iluminação e temperatura na arquitetura examinam os ambientes em razão das aberturas (janelas e portas) e vedações (paredes, forros e telhados), as quais dão causa às correntes de ar e à incidência de luz natural e calor, com vistas ao conforto dos usuários.

No urbanismo examinam a destinação de cada quadra ou setor do projeto urbanístico (fim residencial, comercial, misto, institucional, lazer, industrial, etc) em relação à geografia do lugar (acidentes geográficos, ventos dominantes, insolação, umidade do ar, etc), com vistas ao conforto dos habitantes e visitantes.

A acústica, na arquitetura, examina os ambientes em razão da absorção, propagação, ressonância e reverberação das fontes internas e externas de sons e ruídos, e mensura (quantifica) os limites máximos em cada ambiente, com vistas ao conforto dos usuários.

No urbanismo examina a destinação de cada quadra ou setor do projeto urbanístico em relação às fontes de sons e ruídos na urbe e mensura os limites máximos em cada setor com vistas ao conforto dos habitantes e visitantes.

A ergonomia é a técnica de dimensionar os equipamentos de uso privado ou público para o melhor aproveitamento do espaço e ao conforto das pessoas. Na arquitetura é aplicada no dimensionamento dos espaços e do mobiliário a eles inerentes, com vistas ao conforto mínimo aos usuários.

No urbanismo é aplicada na acessibilidade das pessoas em geral, tipologia dos pisos das calçadas, praças e jardins (evita a sensação de tridimensionalidade aos pedestres) e aos equipamentos públicos em geral (bancos e mesas das praças, brinquedos para as crianças e equipamentos para exercícios físicos, por exemplo), com vistas ao conforto – ainda que mínimo – dos habitantes e visitantes.

O estilo é a visão estética dada ao projeto e depende da corrente artística (ou arquitetônica) acolhida (modernismo ou pós-modernismo, por exemplo). É o arremate final dado ao projeto, que neste se apresenta na forma das elevações (ou fachadas) e das maquetes (eletrônicas ou materiais (3D)).

No projeto arquitetônico envolve a casa, o sobrado, o salão, o galpão, o edifício residencial e comercial e os atinge por inteiro, define como serão as portas, janelas, telhados, beirais, platibandas, divisórias, distribuição e funcionalidade dos ambientes e os materiais de acabamento.

No projeto urbanístico envolve as medidas e formas das quadras, a destinação e a distribuição de cada, as ruas e avenidas, a distribuição dos equipamentos urbanos, a visão estética e a funcionalidade dos setores urbanos e de todo o projeto.

O conjunto formado pelas três elementares estudadas, examinadas e definidas pelo arquiteto e urbanista no projeto (arquitetônico ou urbanístico) aperfeiçoa-se e constitui o partido arquitetônico, que será realizado “in concreto” a partir da implantação.

Conclusão

O conjunto das três mencionadas elementares se aperfeiçoa no partido arquitetônico por ser nele que preencherão todas as condições para ser executado “in concreto”. Referido partido se define na forma do projeto (“in abstrato”) e se realiza a partir da implantação (“in concreto”), sempre com a finalidade de oferecer melhor qualidade de vida aos usuários, habitantes e visitantes.

Junto às elementares que formam mencionado tripé, estão outras disciplinas e ramos científicos, informações e fontes de pesquisas que servirão para formar o arcabouço de conhecimento oportuno e conveniente para elaborar o desenho, definir o projeto e realiza-lo “in concreto”.

Mas, por ser a elementar subjetiva, o conforto sempre resultará das sensações tidas pelas pessoas que usarem, habitarem ou visitarem os espaços que foram realizados.

Em suma, o tripé da arquitetura e urbanismo sempre dependerá de outros ramos do conhecimento e da ciência, e também da interação dos usuários, habitantes e visitantes com as obras realizadas para que cumpram a finalidade de melhorar a qualidade de vida (conforto ou bem-estar) a eles. Nada a mais.

 

Marcelo Augusto Paiva Pereira
paiva-pereira@bol.com.br
O autor é arquiteto e urbanista

Helio Rubens
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