setembro 20, 2024
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Artigo de Celso Lungaretti: 'O impeachment bate à porta'

DOS EMPRESÁRIOS À DILMA: “OU DÁ OU NÓS DESCEMOS!”. DA ‘FOLHA’ À DILMA: “ARROCHE A SOCIEDADE OU RENUNCIE!”.

Por Celso Lungaretti, no blogue Náufrago da Utopia.

 
Octávio Frias Filho lança ultimato: ou Dilma aproveita a “última chance” ou deve renunciar.

Quem tem acompanhado meu  trabalho não se surpreenderá com os vários indícios de que a contagem regressiva para o defenestramento da presidenta Dilma Rousseff está chegando ao fim.

Neste domingo, 13, a Folha de S. Paulo não só assume em editorial que tal desfecho já entrou na ordem do dia, como o faz num editorial excepcional, publicado na capa, com o título alarmista de Última chance :

Às voltas com uma gravíssima crise político-econômica, que ajudou a criar e a que tem respondido de forma errática e descoordenada; vivendo a corrosão vertiginosa de seu apoio popular e parlamentar, a que se soma o desmantelamento ético do PT e dos partidos que lhe prestaram apoio, a administração Dilma Rousseff está por um fio.

A presidente abusou do direito de errar. Em menos de dez meses de segundo mandato, perdeu a credibilidade e esgotou as reservas de paciência que a sociedade lhe tinha a conferir. Precisa, agora, demonstrar que ainda tem capacidade política de apresentar rumos para o país no tempo que lhe resta de governo.

Previsivelmente, o jornal pede que se reequilibrem as finanças públicas com medidas ainda mais draconianas do que as propostas por Joaquim Levy e propõe que exploradores e explorados dividam entre si o sacrifício. Omite que os primeiros (mesmo numa perspectiva capitalista) sempre foram beneficiados demais e os segundos, prejudicados demais. É hora, isto sim, de reequilibrarem-se os pesos da balança, entregando a conta para os que, mesmo perdendo os anéis, ainda conservarão gordos os dedos.

E se Dilma não fizer o que a Folha exige, ou seja, a radicalização do chamado austericídio? Aí o jornal comprova mais uma vez que não ter sido casual seu apoio à dita-nada-branda:

Serão imensas, escusado dizer, as resistências da sociedade a iniciativas desse tipo. O país, contudo, não tem escolha. A presidente Dilma Rousseff tampouco: não lhe restará, caso se dobre sob o peso da crise, senão abandonar suas responsabilidades presidenciais e, eventualmente, o cargo que ocupa” (o grifo é meu).

Pronto, o gênio saiu da garrafa: o jornal mais influente do País já se arroga o direito de sugerir o impeachment, ao mesmo tempo que dá um ultimato velado à presidenta!

E por que o faz neste instante? A resposta está em três notícias da mesma edição dominical da Folha:

Empresários fizeram chegar ao governo a avaliação de que, com a perda do grau de investimento do país, a presidente Dilma Rousseff precisa agir rapidamente e mostrar resultados até outubro. Caso contrário, afirmaram, ficará difícil manter o apoio do setor empresarial, um dos últimos lastros do governo petista.

 

 

A conjectura foi transmitida a interlocutores da presidente como um alerta para a necessidade da petista ser firme na definição de medidas para reequilibrar as contas públicas, a despeito de críticas ao ajuste de setores do PT e do ex-presidente Lula[Ou seja, os tais empresários são o sujeito oculto do editorial da Folha. O ou dá ou nós descemos foi inspirado por eles, que exigem rendição incondicional. Eu avisei que as coisas chegariam a este ponto; Dilma teria saído bem melhor na foto caso houvesse reagido antes de lhe colocarem a corda no pescoço. Demorou demais para escolher o lado certo e, agora, só salvará seu mandato se aceitar tornar-se uma fantoche explícita do capital.]

A Câmara deve começar a tratar formalmente do processo de impeachment de Dilma Rousseff nesta semana, quando deputados de oposição apresentarão requerimentos ao presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para que ele se posicione sobre os 13 pedidos de deposição.

Cunha já avisou que pretende negar, se não todas, boa parte das ações exigindo o impeachment. Com os demais, ele continuaria protelando.

 
Quem fez editorial similar… acabou fechando!

O roteiro dos defensores do afastamento é então apresentar recursos questionando uma das recusas de Cunha. Assim, o caso precisaria ser submetido ao plenário. Se for aprovado por maioria simples, o processo é deflagrado. [Ou seja, está prontinho o roteiro caso Dilma não se submeta à tutela proposta, vendendo a alma definitivamente ao diabo: deputados partidários do impeachment pedirão uma definição ao Cunha, este negará alguns pedidos e os ditos cujos colocarão tal recusa para discussão no plenário. Aí, com a popularidade da Dilma na casa de um dígito, não é difícil adivinhar qual será a decisão dos parlamentares, sabendo que marcharem contra a corrente poderá ser-lhes fatal nas eleições futuras]

Diante do avanço do movimento pró-impeachment no Congresso, Dilma Rousseff montou nos últimos dias uma ‘força-tarefa’ integrada por ministros de sua confiança para mapear os apoios de que o governo dispõe[Ou seja, o próprio Palácio do Planalto, por via oblíqua, confirma que a batalha derradeira se aproxima.]

De resto, não me traz satisfação nenhuma vir há bom tempo acertando todas as minhas previsões. Mas, tenho a sensação de dever cumprido. Como jornalista, informei muito bem meu público, ao contrário dos que passaram o tempo todo teclando wishful thinking.

E como revolucionário, há cerca de um ano venho apontando às forças de esquerda os erros que cometiam e sugerindo opções:

A posse do Levy: começo do fim para Dilma.
  • não desconstruir Marina Silva, deixando para ela o mico de impor o arrocho fiscal;
  • trocar a candidatura da Dilma pela do Lula, porque ela claramente não estava à altura do quadro dramático que se delineava para 2015;
  • a articulação de um governo de união nacional ou a montagem de um gabinete de crise quando a economia começou a desandar no início do ano, pois assim dividiria com a oposição a responsabilidade pela degringola econômica e pelos remédios amargos;
  • quando a derrubada de Dilma passou a despontar como inevitável, a convocação um plebiscito sobre o ajuste fiscal, prevendo a renúncia dela caso o povo dissesse não (seria uma saída mais altaneira e digna, à maneira do De Gaulle);
  • reassumir as bandeiras de esquerda, para ao menos cair pelas razões certas e não por ter pretendido governar com a direita mas não a haver conseguido satisfazer:
  • renunciar antes de ser impedida, para o triunfo da direita não se tornar mais triunfal ainda.

E, claro, passei todo o tempo pedindo a cabeça do Joaquim Levy, o cavalo de Troia que preparou o caminho para a pior derrota da esquerda brasileira desde 1964.

Moral da História: nem sempre os que ousam dizer verdades inconvenientes querem o mal de alguém; nem sempre os que só afagam lhe fazem algum bem.

“Metida tenho a mão na consciência / e só falo verdades puras / que me foram ditadas pela viva experiência” –disse Camões. E digo eu.

DILMA PODERÁ SER LEMBRADA COMO GUERREIRA DERRUBADA PELAS ELITES OU COMO GUERRILHEIRA QUE VIROU SUCO

Por Celso Lungaretti, no blogue Náufrago da Utopia.

Na abertura do seu clássico Conversa na Catedral, Mario Vargas Llosa perguntou em que momento o Peru tinha se f… No caso do PT, eu apontaria três momentos:

  • quando a votação pífia que obteve na eleição de 1982 levou os dirigentes a decidirem evitar dali em diante a identificação com a resistência à ditadura. Naquele pleito, a propaganda eleitoral gratuita, obedecendo à Lei Falcão, restringia-se à leitura de dados e exibição de fotos dos candidatos. Muitos do PT, orgulhosamente, citaram o tempo de cárcere cumprido como presos políticos. A direita retrucou com desqualificações do tipo “eles não têm currículos, têm fichas criminais”. E, ao invés de defenderem o direito que os seres humanos dignos deste nome tinham de combater a tirania, os petistas passaram a não tocar mais no assunto em campanhas eleitorais. Foi quando negaram a revolução pela primeira vez.
  • quando, também na década de 1980, afrouxou os critérios de filiação, permitindo o ingresso indiscriminado de carreiristas e oportunistas de todos os matizes, desideologizando o partido. Tratou-se do expediente adotado pela corrente majoritária para colocar-se em grande vantagem sobre as demais tendências, ao preço de descaracterizar o partido. Foi quando o PT negou a revolução pela segunda vez.
  • quando, respondendo às acusações públicas de um militante exemplar contra o safado que pilotava o primeiro grande esquema de desvio de recursos dos cofres públicos para o partido, expulsou o acusador, emitindo sinal verde para a corrupção (vide aqui). Ao optar pela moral deles em detrimento da nossa, o PT negou a revolução pela terceira vez.

O resto foi consequência: por colocar a conquista do poder sob o capitalismo como objetivo supremo, escanteando a revolução, não teve pejo de firmar um pacto repulsivo com os donos do Brasil em 2002: se vocês não interferirem, deixando-nos ganhar a eleição e assumir o poder, abdicaremos de fixar nós mesmos as diretrizes macroeconômicas, acatando fielmente as determinações do grande capital e contemplando sempre seus interesses. Lula assumiu com autonomia apenas sobre os ministérios das miudezas, pois quem dava as cartas nos ministérios econômicos era a burguesia.

No início o esquema funcionou a contento por se tratar de um período altamente favorável às commodities brasileiras, tanto que sob Lula o PIB cresceu, em média, 4% ao ano. Era o suficiente para saciar o pantagruélico apetite dos grandes capitalistas, sobrar um tantinho a mais do que antes para colocar na mesa dos pobres (insuficiente, contudo, para caracterizar a emergência de uma nova classe média, mera propaganda enganosa…) e ainda queimar rios de dinheiro em barganhas com os partidos fisiológicos, comprando seu apoio mediante o loteamento de Pastas e cargos, além, é claro, do por fora de mensalões e petrolões.

SOB DILMA, CRESCIMENTO 

DO PIB CAIU PELA METADE.

A maré virou no primeiro governo de Dilma Rousseff, quando a evolução do PIB caiu pela metade, passando a ser de 2,1% a.a. Então, tornou-se impossível contentar, ao mesmo tempo, o grande capital,  os trabalhadores e os sanguessugas da política. As receitas se tornaram insuficientes para bancar os privilégios da burguesia e a gastança do Estado.

O poder econômico passou a exigir um arrocho fiscal e uma recessão purgativa, que sacrificariam os outros dois contingentes, enquanto os burgueses continuariam desfrutando suas fortunas escandalosas.

Eu alertei que um partido dito dos trabalhadores implementar uma política econômica tão desfavorável aos trabalhadores o destruiria. Era o momento de o PT, ou renegar o pacto mefistofélico firmado em 2002 e propor uma alternativa à ortodoxia capitalista, ou então deixar em outras mãos o acatamento das exigências do grande capital (bastaria, p. ex., não ter desconstruído a candidatura de Marina Silva com a campanha de satanização mais falaciosa da política brasileira em todos os tempos).

Nem uma coisa, nem outra. Dilma se reelegeu na bacia das almas e, de imediato, prestou vassalagem aos verdadeiramente poderosos, entregando a condução da economia ao neoliberal Joaquim Levy (ademais, um economista de segunda categoria, sem currículo à altura do posto).

Deu no que deu. O fato de, na campanha eleitoral, haver jurado solenemente que não faria o que incumbiu Levy de fazer, deixou em cacos a popularidade de Dilma. E um governo fraco e sem credibilidade não consegue convencer nem obrigar burguesia, trabalhadores e sanguessugas a sacrificarem-se para que as contas públicas voltem a um mínimo equilíbrio. Os três contingentes defendem vigorosamente seus interesses, imobilizando Levy, enquanto a situação econômica se deteriora cada vez mais.

Dilma está excessivamente desmoralizada para mediar qualquer acordo entre o capital, o trabalho e a ociosidade. O governo cairá antes, pois o que se empenham em derrubá-lo não têm motivo nenhum para recuarem agora que estão com a faca e o queijo nas mãos (e, sem a participação deles, não haverá pacto de salvação nacional capaz de vingar, mesmo que Lula e FHC se tranquem para conversar durante uma semana inteira). É simples assim.

Então, as opções que lhe restam hoje não passam de duas:

  • a renúncia antes de ser impedida, para não conceder triunfo tão apoteótico aos inimigos; ou
  • uma guinada corajosa à esquerda, fazendo o aumento da arrecadação recair sobre as costas dos que têm demais e sempre foram privilegiados e não dos trabalhadores que sempre foram tosquiados, além de extinguir o sem-número de Pastas e cargos que só servem como moeda de barganha política e cabides de emprego.

Sem ilusões, contudo. É tarde demais para Dilma salvar seu mandato; mas pode, ainda, salvar a reputação.

Se tiver contra si a burguesia coesa (até o Trabuco…) e os parlamentares contrariados, sequiosos por retaliarem com o impeachment, a queda virá a toque de caixa. E daí? Por acaso é preferível a atual agonia lenta, essas iniciativas erráticas que fracassam umas após outras, essa interminável sucessão de vexames e trapalhadas, com o mesmíssimo desfecho esperando no final da linha? Só se a Dilma for masoquista…

Voltando ás origens, Dilma seria ao menos lembrada como uma guerreira derrubada pelas elites e não como uma guerrilheira que virou suco.

Com o tempo,  a historiografia de esquerda minimizaria sua guinada neoliberal em 2015, assim como quase ninguém lembra mais que João Goulart chegou a ter como ministro da Fazenda o conservador Carvalho Pinto (o qual, justiça seja feita, equivalia a Levy em termos ideológicos, mas era infinitamente melhor como economista e administrador).

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