novembro 21, 2024
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Cláudia Lundgren: 'O elo'

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Claudia Lundgren

O elo

Se te amo, o que seria capaz de nos separar?
Não importa o tipo de amor: de parentes, namorados ou amigos. A questão é: ele existe?
O amor perdura,  subsiste ao tempo. Transpõe obstáculos. Podem passar os anos, as décadas, ele permanece. O amor das mães pelos filhos, por exemplo, é assim.
Existem amores que ultrapassam as barreiras até mesmo da própria vida. Minha mãe, por exemplo, ficou viúva bem jovem, com 39 anos, e ama o meu pai, falecido há décadas, até hoje. Ela jamais relacionou-se com qualquer outro homem.
Uma mãe pode ter dez filhos presentes. Mas qual deles é capaz de substituir o ausente ou o que já não está mais nesse plano? Ninguém é capaz. O elo sempre existirá. É indestrutível.
Como explicar uma pessoa casar-se tantas vezes e fracassar? Talvez não seja nem isso, pois de psicologia não compreendo, mas pode ser que exista alguém que ela jamais tenha esquecido,  aquele sentimento encruado, aprisionado. E como poderia ser feliz em algum outro relacionamento, se daquele amor jamais se desvencilhou? O elo…Sabe aquela velha frase clichê, “um amor cura-se com um  novo amor.”? Será?
O amor rompe a barreira da distância, do isolamento social.  O vírus tenta, a todo custo, esfriar aquele amor de outrora. Impedir apertos de mãos, beijos e abraços. O vírus impede encontros, antigos e novos. Ele impede que conheçamos rostos novos, já que, na nossa realidade atual, só vemos cabelos e olhos. Porém, se eu sei quem você é, e se você sabe quem eu sou e se você conhece o meu interior, e eu conheço o seu, não importa que estejamos mascarados. Se nos amamos, nada é capaz de nos separar, e nem de mudar o que existe em nós.
Eu não posso te tocar, mas posso te amar. Como parente, como amigo. Eu posso conversar contigo,  até mesmo ver o seu rosto, porque a tecnologia me permite. Posso sentir a tua dor e tomar como minha. Sou capaz de ler sua mensagem, te escrever; ouvir os teus áudios, e te falar. Até através de meios mais rudimentares podemos nos comunicar. Posso te escrever uma carta e você, me responder. Eu sei, eu queria muito te ver. Através das telas. Tocar tua pele, ter certeza de que és de verdade. Mas eu sei que és.
O amor até cego sente, mesmo sem ter jamais enxergado. Mesmo os mudos, sem nunca ter dito “eu te amo” a alguém. Aquele que não se move ama como qualquer um de nós, ainda que não seja capaz de abraçar, beijar, ou tocar alguém.
É bom tocar? É! É bom estar junto? Claro! Mas , como isso é relativo…! Afinal, nem todo aquele que te toca, te ama. Lembra dos tempos da adolescência, onde existia aquele menino assanhado que arrastava “as asas” para o seu lado. Pois é…mas era aquele menino quietinho que sentava no fundo da sala que te amava.
Amor é algo transcendental. Algo que se sente. E de alguma maneira, apesar do tempo, ou mesmo estando longe, se amamos, estamos perto. Os anos se passaram, eu envelheci, mas para a minha mãe continuo a mesma criança querendo colo. E eu preciso. Ainda que seja um colo distanciado.
E se te amo, mesmo não te vendo, não te ouvindo, não te lendo, nem mesmo através da tecnologia, mesmo esgotando-se qualquer possibilidade de contato, te trago no pensamento.
Nunca esteve tão na moda o amor a distância.

Claudia Lundgren

tiaclaudia5@gmail.com

 

 

 

 

 

 

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