O Poder Familiar fundamento de uma vida decente
À medida que o ser humano se vai desenvolvendo, nos contextos ontogenético e filogenético, revelam-se possibilidades acrescidas de atingir níveis de realização pessoal, que nenhum outro animal jamais o conseguiu, verificando-se que o processo evolutivo não estagnou, mas, pelo contrário, o ritmo de realizações, para o bem e para o mal, tem aumentado de forma nunca antes inigualável.
O objetivo, materializado numa vida-boa, é compaginável com a superação e erradicação dos pensamentos, e atos prejudiciais aos valores, princípios e boas-práticas, que conduzem ao mais nobre e desejado desígnio humano: a felicidade individual, no contexto de uma sociedade justa, significando aqui a justiça: harmonia, compreensão, solidariedade, igualdade de oportunidades, entreajuda, paz para todos; o bem-estar e a bem-aventurança de cada um e de todos.
Através dos valores que definem a dignidade humana, como a autoridade, o respeito, a obediência, a tolerância, a espiritualidade, existem grandes hipóteses de cada um se libertar de preconceitos contrários àqueles valores e, consequentemente, viver uma vida-boa, mas também se devem aperfeiçoar outras dimensões que conduzem à superioridade racional, ética e organizativa da pessoa e da sociedade.
Torna-se pertinente desenvolver as qualidades, competências e conhecimentos, acima do que se consideraria normal, isto é, superando-se e transcendendo-se até se atingirem objetivos sublimes e, racionalmente, compreensíveis, utilizando-se aqui o conceito segundo o qual: «Transcender é substituir progressivamente os valores materiais pelos valores espirituais. As pessoas normalmente buscam a transcendência pelas trilhas religiosas. Porém, é possível alcançar o mesmo objetivo por meio do desejo consciente de evoluir aprimorando as emoções e cultivando as virtudes, ou seja, através de uma busca racional da espiritualidade.» (PIRES, 1999:42).
O processo que conduz à transcendência é: complexo, exigente, mas também, estimulante; implica, determinação, autoridade e responsabilidade; pressupõe, liberdade, criatividade e autonomia; inicia-se, ou deveria começar, no seio da família, e na mais tenra idade.
Deve ser no seio da família que se inicia o projeto para uma vida-boa, no respeito pelas obrigações e benefícios de cada membro, em que o exercício da autoridade seja recíproco, porque: «A autoridade familiar nasce e deve existir como serviço, um instrumento insubstituível de que devem dispor os filhos para crescerem progressivamente a uma mais completa maturidade pessoal, de modo que também os pais se possam realizar como pessoas a nível da família. (…) A autoridade não é um privilégio, mas um dever de consciência, não é um último recurso, mas um clima permanente que sempre se deve respeitar e proteger, mesmo quando não se encontrar em exercício. (…) A autoridade familiar não se move no plano do jurisdicismo, mas deve considerar-se como um serviço, como possibilidade de ser útil, não como meio de dobrar a vontade ou de sujeitar a liberdade das crianças» (ALVES, 1991:51-2).
Sabedoria para gerir, conciliar e potencializar todo este conjunto de variáveis, é uma capacidade exclusivamente humana, que pode proporcionar uma vida-boa, entendida como sucesso em todas as iniciativas e circunstâncias em que se envolver a pessoa, na medida em que: «O sucesso está subordinado à felicidade e, a felicidade, está muito mais próxima da sabedoria do que da inteligência. As melhores coisas da vida brotam de fontes tão pequenas que, muitas vezes, passamos ao lado delas sem percebê-las.» (PIRES, 1999:122).
O preconceito sobre a alegada inutilidade das coisas simples, porém, eficazes, deverá, todavia, ser superado como tantos outros que infestam algumas mentalidades pseudo-técnico-científicas, e também elitistas. É necessária uma autoridade desdogmatizada para se construir o futuro de sucesso que uma vida-boa pode proporcionar.
Os investimentos a realizar pelos governantes, empresários, instituições religiosas, de solidariedade e comunidades, para proporcionar à esmagadora maioria da população mundial, melhores condições de vida, não serão tão avultados como aqueles que se utilizam na preparação e manutenção de guerras, independentemente dos objetivos a alcançar.
Bibliografia
ALVES, A. Martins, (1991). Autoridade Educativa na Família, Porto: Editorial Perpétuo Socorro.
PIRES, Wanderley Ribeiro, (1999). Dos Reflexos à Reflexão. A Grande Transformação no Relacionamento Humano, Campinas: Editora Komedi.
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal
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Natural de Venade, uma freguesia portuguesa do concelho de Caminha, é Licenciado em Filosofia – Universidade Católica Portuguesa; Mestre em Filosofia Moderna e Contemporânea – Universidade do Minho – Portugal e pela UNICAMP – Brasil; Doutorado em Filosofia Social e Política: Especialização: Cidadania Luso-Brasileira, pela FATECBA; autor de 14 Antologias próprias: 66 Antologias em coedição em Portugal e no Brasil; mais de 1.050 artigos publicados em vários jornais, sites e blogs; vencedor do III Concurso Internacional de Prosa – Prémio ‘Machado de Assis 2015’, Confraria Cultural Brasil – Portugal – Brasil; Prêmio Fernando Pessoa de Honra e Mérito – Literarte – Associação Internacional de Escritores e Artistas do Brasil’ 2016; Vencedor do “PRÊMIO BURITI 2016”; Vencedor do Troféu Literatura – 2017, ‘ZL – Editora’ – Rio de Janeiro – Brasil, com o Melhor Livro Educacional, ‘Universidade da Vida: Licenciatura para o Sucesso’; Cargos: Presidente do NALAP – Núcleo Acadêmico de Letras e Artes de Lisboa; ; Condecorações: Agraciado com a ‘Comenda das Ciências da Educação, Letras, Cultura e Meio Ambiente Newsmaker, Brasil’ (2017); Título Honorífico de Embaixador da Paz; Título Nobiliárquico de Comendador, condecorado com a ‘Grande Cruz da Ordem Internacional do Mérito do Descobridor do Brasil, Pedro Álvares Cabral’ pela Sociedade Brasileira de Heráldica e Humanística; Doctor Honoris Causa en Literatura” pela Academia Latinoamericana de Literatura Moderna y la Sociedad Académica de Historiadores Latinoamericanos.