outubro 05, 2024
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Artigo de Ricardo Hirata: 'Estado, educação e espaço escolar'

Ricardo Hirata Ferreira: ‘ESTADO, EDUCAÇÃO E ESPAÇO ESCOLAR’

Ricardo Hirata Ferreira
Ricardo Hirata Ferreira

Todos os alunos e todas as alunas têm o direito à escola.

A educação é projeto de Estado. Logo, o que temos em termos de educação é de responsabilidade do Estado.

Se tivermos uma educação de qualidade é porque o Estado prioriza essa dimensão como eixo central de desenvolvimento de um território.

Por outro lado, se temos uma educação precária e de qualidade questionável, é porque isso é objetivo do próprio Estado.

Se o discurso disseminado é culpar o professor e a professora pelos problemas referentes à educação, isto também faz parte do pensamento e da ação estatal.

É imprescindível inverter o discurso, superar o senso comum e tomar consciência do fato de que o Estado é dirigido por grupos hegemônicos que atendem os interesses de uma elite diversa que não está sensibilizada com o social.

Grandes corporações, bancos, empresas multinacionais e latifundiários se fazem presente e exercem forte influência no aparelho estatal. Os fundamentalistas – empresários que se utilizam da religião, estão cada vez mais na disputa pelo Estado, tendo inclusive o projeto de tomada do poder.

Segundo o filósofo Michel Foucault, não existe apenas uma única relação de poder, mas sim macro e micro relações de poder nos diferentes territórios.

O período técnico científico e informacional explicado pelo geógrafo Milton Santos é permeado pela vigilância e pelo controle.

De certa forma, ainda levando em consideração as análises de Foucault: presídios, escolas e hospitais psiquiátricos são acentuadamente espaços de cárcere e tendem a ser, mais ou menos, verdadeiros depósitos de gente. Lugares de confinamento para manter-se a ordem e o funcionamento da sociedade que não necessita da participação de toda a população. Uma grande parte dela é esvaziada de humanidade e por isso mesmo tem sido eliminada ao longo da história. Da mesma maneira que países inteiros e regiões que foram exploradas no passado não têm quase nenhuma importância para o mundo do capital.

No caso dos espaços escolares, estes se transformaram muito mais em espaços-cárceres, onde o sistema de vigilância é acentuado. O controle é exercido sobre os indivíduos e pelos próprios indivíduos, por exemplo, através de constantes procedimentos de avaliações. O conteúdo a ser trabalhado é determinado de cima para baixo de forma homogênea e deslocada propositadamente da realidade para não fazer sentido aos alunos e as alunas. A escola é cercada de muros, todos os portões e todas as portas, externas e internas, são fechadas e/ou trancadas. Grades, correntes, cadeados e chaves compõem o cenário da paisagem escolar. O som da sirene alerta à hora permitida de entrar e sair da sala de aula.

O espaço que poderia ser do conhecimento e da reflexão cede lugar para a obsessão de manter os alunos e as alunas dentro (confinados) na sala de aula que na maioria das vezes tem apenas lousa e giz. E isso se repete por longas horas, dia após dia, ano após ano em um processo de catequização de mentes e de corpos a serem domesticados para reprodução do status quo. O que de fato existe é um projeto que tem apenas o nome de educação vinculado ao projeto maior de manutenção e reprodução de categorias de indivíduos hierarquizados que se subdividem basicamente em: a) aqueles que vão comandar; b) aqueles que vão servir e c) aqueles que podem ser descartados.

 

Ricardo Hirata Ferreira

Doutor em Geografia Humana, FFLCH, USP.

 

Helio Rubens
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