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Rejane Nascimento: 'Psicologia e os livros sem letras'

Rejane Nascimento

Psicologia e os livros sem letras

Ler é a habilidade de interpretar os sinais gráficos convencionados da língua falada, e quando lemos nos tornamos parte da história, somos transportados para vivências e emoções dos personagens, absorvemos o que lemos em perspectiva; isso permite que a mente se torne mais consciente e adaptativa, diminuindo nossa rigidez de pensamentos e melhorando nossa capacidade de adaptação ao mundo e tudo que nele existe. Cada vez que lemos, podemos reagir às mensagens e relacioná-las com nossas experiências e conhecimentos.

A leitura resulta da tensão entre leitor e o texto, ou seja, a comunicação que se estabelece entre o escritor que elaborou, escreveu o seu pensamento, e o leitor que se interessou, leu o que lhe foi exposto confrontando com sua experiência de vida e de outras leituras; esta é uma atividade tão satisfatória e criadora como a de escrever.  Quando lemos, somos transportados para realidades diferentes, independente se é uma história fictícia ou não. Exatamente neste ponto, quero ressaltar sobre as “leituras” que faço enquanto psicóloga, durante os atendimentos onde é permitido o conhecimento de várias histórias de vida.

A Psicologia diagnostica, previne e trata doenças mentais, distúrbios emocionais e de personalidade. O profissional é responsável no auxílio da boa saúde psicológica do indivíduo. Além disso, cabe a ele estudar, pesquisar, avaliar o desenvolvimento emocional, os processos mentais e sociais das pessoas, grupos e instituições.  Desejo expor neste texto que a Psicologia vai além de tudo isso, quando penso na experiência única que é proporcionada em um atendimento.

Lembro sempre de uma frase de Monteiro Lobato que diz: “Quem escreve um livro, cria um castelo. Quem o lê, mora nele.”. Eu não consigo morar no castelo das pessoas, porém nos atendimentos que faço, visito parte de castelos que possuem caraterísticas únicas e, na tentativa de compreender as angústias  trazidas, faço uso da empatia; quando sou empática, crio com os pacientes  uma confiança, onde os relatos da sua história de vida são expostos, ou seja, eles trazem suas experiências internas que se traduzem em comportamentos externos, condutas muitas vezes distorcidas, havendo a necessidade de intervenção para que se tornem mais assertivas.

A experiência proporcionada pelos atendimentos possui significado único para o paciente e o psicólogo, pois cada um oferece um saber relacionado às próprias vivências: o profissional, que foi capaz de absorver em seus estudos e aprendizados da vida, e o paciente, com a demanda de atendimento que é parte da sua história.

Para que o paciente sinta-se acolhido é necessária uma relação empática durante a escuta; nesta relação profissional/paciente, podem ser construídas as ressignificações que proporcionam mudanças de comportamento e arquitetam caminhos de resolução para as angústias; muitas vezes a experiência de vida do profissional está presente enquanto aprendizado interno, e este aprendizado pode se transformar em palavras confortantes de acolhimento e compreensão daquilo que é trazido pelo paciente, havendo aprendizados para a vida de ambos; a história do paciente pode ser via de ressignificação  interna para o profissional e isso não significa misturar-se  ao problema  trazido  enquanto demanda.

Considero que, em um dia de trabalho, leio vários capítulos de livros diferentes, com problemas e resoluções diversas, pois mesmo quando as histórias são  semelhantes, de maneira completamente distintas, são ressignificadas; é neste ponto que reconheço o diferencial do aprendizado proporcionado ao profissional psicólogo, e faço a conjunção da experiência vivida, com os aprendizados que as histórias escritas proporcionam, sejam reais ou não.

Concluo que, durante os atendimentos, faço leituras de capítulos de livros singulares, livros mais que especiais. Quando penso na unicidade humana, são “livros sem letras” que ganham vida, pois é da realidade cotidiana que nasce naturalmente os mais belos livros, com conhecimento das experiências vividas, significadas, ressignificadas e colocadas em palavras e frases escritas no decorrer da história de cada um. A demanda da Psicologia acontece quando somos incapazes de compreendermos nossos próprios capítulos.

 

Rejane Nascimento

rejane.d@hotmail.com

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