setembro 18, 2024
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Das terras ensolaradas da África para o Jornal ROL, o angolano Tomé Simão kissanga Marcelo

Tomé Simão – Seth Marcelo

Tomé Simão Kissanga Marcelo, ou Seth Marcelo, como é mais conhecido, traz ao ROL as letras ardentes de Angola

Tomé Simão kissanga Marcelo ou Seth Marcelo, como é mais conhecido, 31, natural de Mavinga, província de Cuando Cubango, Angola, tem Formação Média em Teologia pelo Instituto Bíblico de Luanda; finalista do PUNIV no Curso de Ciências Econômicas e Jurídicas, e Técnico Médio de Saúde no Curso de Farmácia.

É Licenciado em Ensino da Língua Portuguesa pela Escola Superior Pedagógica do Bengo (ESP- B) e está cursando o 3°ano de Economia pela Universidade Metodista de Angola (U.M.A).

É membro da Brigada Jovem de Literatura de Angola e membro de Debates Estudantes da Liberdade e mentor da “Academia de Literatura Heterónimos de Fernando pessoa”; professor de formação e profissão, escritor e palestrante.

Autor do livro ‘Desafios após o Término do Ensino Médio.

Abaixo, o texto inaugural de Seth Marcelo.

DESTINO DE UM JOVEM

Santos era um rapaz refugiado de Malanje; seus pais e irmãos desapareceram. Em Luanda vivia no Marçal, numa Cubata de papelões que fizera no quintal da casa onde lavava loiça e acarretava água logo pela manhã. Depois do trabalho, Santos ia nas esquinas à procura da sorte, engraxando sapatos. Um dia estava muito desolado, chorou pelo seu sofrimento e pela sua família e a noite inteira quase não dormiu. Aquele era o dia em que perdera sua família; Tão triste e desesperado, dirigiu-se a uma igreja protestante (I.E.C.A) que fica localizada na Vidrul para rezar, e enquanto rezava, mergulhado na dor, aproximou-se dele um velho que sentiu tanta pena por ele ser um garoto sujo, roto e descalço.

– Não é saudável um rapaz na sua idade sofrer assim. Tenha esperança e acredita no futuro.

– Kota, o meu futuro é hoje! Não tenho nada para comer. Minha família desapareceu em Malanje com a morte dos meus pais. – disse o garoto, enxugando as lágrimas com as costas das mãos.

– Logo vi que não tens família…  O velho ficou parado e a reparar de cima para baixo o rapaz durante longos minutos. Depois, disse num tom triste:

– Você me recorda meu filho! Tinha a sua idade; mas morreu muito tempo com a mãe, e eu já não tenho ninguém. Se tu quiseres podes viver comigo. E, assim, o velho levou-o a sua casa. Era uma luxuosa casa, lá no bairro da Maianga, e quando apresentou a casa ao rapaz disse:

– Este era o quarto do meu filho e agora é teu. Vocês tinham a mesma idade e a mesma estatura, por isso, as roupas também são tuas… Mas só te peço duas coisas: primeiro, seja obediente e bem-comportado. Se fores obediente e bem-comportado, terás tudo o que quiseres; vou registrar-te como meu filho hoje mesmo; segundo, podes passear e andar em todo lado da casa, menos no meu quarto. Nunca entre no meu quarto. Lá está toda minha fortuna que um dia te pertencerá; só entrarás lá quando eu perceber que já posso mesmo confiar em ti. Tu serás meu herdeiro;

A vida do garoto mudou muito. Parecia que entrou o seu amuleto da sorte; um velho rico que o registrou como filho. Santos Guilogitala, filho de Logui, órfão de mãe. Frequentava a escola e tinha tudo a sua disposição. Às vezes, ia passear na casa onde morava, e era já de maneira diferente que o olhavam. Um dia, Santos visitou toda propriedade do velho. Estava contente porque um dia tudo lhe pertenceria; mas, no regresso não encontrou o velho, e a porta do quarto proibido estava encostada. Estranhou! Não resistiu, empurrou a porta devagar, espreitou, viu luzes; recuou!

Seguindo em frente deu um passo, depois outro, encostou novamente a porta devagarinho, foi quando viu bem as coisas: três caixões, muitas velas acesas, quadros com pinturas estranhas; no chão tinha um grande tapete vermelho e, em cada canto do quarto havia uma sepultura. Aproximou-se dos caixões, um deles tinha muito dinheiro e, nos outros, esqueletos humanos. Santos quis gritar! Sentiu um arrepio e ficou com medo. Consternado correu para o quintal. Respirou fundo.

 

 

 

 

 

Sergio Diniz da Costa
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