O Sol e a madeira num só canto
Estávamos na praia. Aquela sensação de morte contínua e uma mistura de vida em plenitude! Nunca sentirei o que senti naquele momento. O vento me possuía tal um conto de fadas. O que fazer? Passar o protetor.
O Sol pensava quieto. Por que existo? Todos me consomem de uma forma surreal, cruel e lenta! Não há ninguém que me entenda. Sou uma estrela idiota que pouco importa, uma pedra no sapato nos dias mais quentes. Já o mar, não! O mar vive sua fútil vida como um salvador.
Do outro lado, existia uma madeira tristonha. A criança chorava, coitada! Culpa da madeira, ela é sempre a culpada. Cansada de tanta ingratidão, tanto tormento, pensou: será que há outro ser mais triste do que eu?
Num instante quente e terrível, o Sol chegou. Como assim? Eu estou há séculos mais triste do que essa criatura ridiculamente pequena! Desabafando diante do universo, a madeira sentiu alívio.
Eu? Eu desejo que Deus escute cada canto deste mundo. Para que a angústia, a depressão e outros sentimentos sejam abolidos. Abolidos como o dia que acaba, dando espaço para uma noite chuvosa.
E o que será da chuva?
Letícia Mariana
leticiamariana2017@gmail.com
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Letícia Mariana é escritora com 5 livros publicados, palestrante, criadora de conteúdo, estudante e jornalista em formação. Diagnosticada com autismo nível 1 de suporte e ativista na causa autista. Já debateu em rádios cariocas e participou de encontros virtuais internacionais.