Pedro Israel Novaes de Almeida – JOGOS DE AZAR
O Congresso Nacional debate a legalização dos Jogos de Azar, através de proposta repleta de condicionantes e consequências.
Jogos de azar são aqueles onde o resultado predominante é a perda, por parte dos jogadores. Excetuados o pôquer e o truco, não há estratégias ou habilidades a serem utilizadas.
O jogo de azar pode ser inofensivo, como o bingo ou carteado de idosos, aos fins de tarde, ou o sorteio de prendas, na paróquia. Também é inofensivo o carteado entre famílias, “de cair dedo”, e o truco barulhento, no fundo do boteco.
No Brasil, é secular o Jogo do Bicho, tão perseguido quanto sobrevivente. Brasileiros, grande parte, fazem de qualquer sonho ou palpite um pretexto para uma “fezinha”, no acreditado papelzinho informal.
Policiais e contraventores digladiam desde 1.500, e ambos continuam ativos. Dizem que o jogo do bicho pode ter seus resultados acompanhados nos jornais, e que dele provém grande parte dos recursos que animam os carnavais.
Os jogos de azar podem gerar manias e vícios, e não são raros os casos em que o patrimônio e a harmonia familiar acabam, pela prática doentia de desenfreada dos tais jogos.
Não convém acreditar nos discursos oficiais que alertam para os inconvenientes dos jogos, uma vez que a Caixa exerce o monopólio de grande número de loterias.
A proposta de legalização dos jogos de azar vem em momento especial, com promessas de incremento nas receitas oficiais, ora declinantes. A antevisão dos cassinos, abarrotados de turistas, acena para a geração de empregos e investimentos, enquanto donos de botecos já estudam a melhor localização dos papa-níqueis.
A legalização dos jogos de azar vai facilitar a lavagem de dinheiro, facilitando a vida de corruptos e sonegadores, justamente quando a população, inocente, sai às ruas clamando por honestidade e ética.
No Brasil, as leis e o aparato oficial não conseguem reprimir a prática dos jogos de azar, já recepcionados pela cultura e tradição popular. A lei das Contravenções, ao que parece, não é levada a sério.
Como temos a sorte de não praticar jogos de azar, pouco entendemos do assunto, e não acreditamos nos benefícios da legalização. Se a atividade, enquanto clandestina, atrai multidões, legalizada terá mais usuários, aumentando a pobreza de muitos.
Fico imaginando os labirintos oficiais que tratarão da atividade, legalizada, com nossas históricas deformações, compadrios e desonestidades. A jogatina vai continuar, um pouco mais cara.
O autor é engenheiro agrônomo e advogado, aposentado.
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É fundador e um dos editores do Jornal Cultural ROL e do Internet Jornal. Foi presidente do IHGGI – Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Itapetininga por três anos. fundou o MIS – Museu da Imagem e do Som de Itapetininga, do qual é seu secretário até hoje, do INICS – Instituto Nossa Itapetininga Cidade Sustentável e do Instituto Julio Prestes. Atualmente é conselheiro da AIL – Academia Itapetiningana de Letras.