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Artigo de Carlos Carvalho Cavalheiro

Carlos Cavalheiro Foto André Pinto 26.03.2016
Carlos Cavalheiro
Foto André Pinto 26.03.2016

Carlos Carvalho Cavalheiro – Sete homens e um destino

 

O clássico filme de faroeste estadunidense, lançado em 1960, ganha neste ano um remake que será lançado no Brasil em 22 de setembro. Aguardado por muitos fãs do gênero, esse western traz algumas novidades em relação ao filme original.

Aliás, falar em “original” é força de expressão. A primeira versão de “The Magnificent Seven” (título original em inglês) é baseado em um filme japonês, Os sete samurais (Shichinin no samurai, no original), de Akira Kurosawa, lançado seis anos antes. Curiosamente, outro filme importante para a história do gênero faroeste também foi inspirado num filme de Kurosawa. Em 1964 o diretor Sérgio Leone lança o filme “Por um punhado de dólares”, considerado o início dos westerns spaghetti por trazer uma nova concepção estética, com closes bem próximos dos atores, dando maior dramaticidade às cenas, com personagens de moral duvidosa (mesmo os “heróis” e protagonistas), com muita violência, cenas em regiões desérticas (a maioria desses filmes foi rodada no desertor de Almería, na Espanha) e com composições musicais específicas, do que se sobressaem os maestros Ennio Morricone e Francesco de Masi. O filme de Leone, que traz Clint Eastwood no papel principal, também é baseado num filme japonês de Kurosawa: Yojimbo (de 1961).

“Sete Homens e um destino” foi dirigido por John Sturges, a partir de um roteiro de William Roberts com trilha sonora de Elmer Bernstein. A música tema do filme foi usada por muitos anos para a propaganda da marca de cigarros “Marlboro”. O filme traz a história de uma aldeia mexicana arrasada pelas constantes investidas de um bando de ladrões. Um grupo dessa aldeia resolve reagir e contrata sete homens pistoleiros para ajudá-los. O sucesso de película, que conta com nomes como Yul Brynner, Steve McQueen, Charles Bronson, Robert Vaughn, James Coburn entre outros, rendeu mais três continuações: “O retorno dos Sete Homens” (Também conhecido como “Sete Homens e um destino II”), “A Revolta dos Sete Homens” e “A Fúria dos sete homens”. Yul Brynner fez o papel do pistoleiro Chris nos dois primeiros filmes da série. Steve McQueen, no papel do pistoleiro Vin, só participou do primeiro filme, embora com bastante destaque.

O que muda dessa primeira versão para a atual? Ainda não assisti ao filme, mas apenas trailers e comentários. Uma diferença que aparece logo de início é em relação aos protagonistas do filme. Em 1960, embora ambientado no velho oeste, o recado do filme era bastante calcado no contexto de Guerra Fria: latinos americanos poderiam contar com a boa vontade dos seus vizinhos e “irmãos” estadunidenses. Ajuda essa, inclusive, que era totalmente desprendida de qualquer interesse. Ao final da trama, Chris e Vin retornam aos Estados Unidos com a reflexão de que somente os camponeses mexicanos saíram vencedores. Quanto aos pistoleiros, continuavam na mesma vida que sempre tiveram, levando justiça aos “povos oprimidos”.

Em 2016 esse discurso não tem mais sentido num mundo hegemonicamente dominado pela ideologia capitalista. Então, outras questões podem ser suscitadas. Por exemplo, a possibilidade dos protagonistas não representarem o “modelo” estético do american w.a.s.p., ou seja, do branco de origem anglo saxão. Então, nessa nova versão, o pistoleiro principal é interpretado por Denzell Washington, um veterano ator negro estadunidense. Além disso, não são homens que buscam ajuda dos cowboys, mas uma mulher. Entre os sete homens contratados há um índio e um asiático (na versão original, eram todos brancos ou mestiços entre estadunidenses e mexicanos, o que reforçaria a idéia de “laços” de irmandade entre os dois países).

Portanto, “politicamente correto” no discurso, essa versão atual apresenta a diversidade como uma temática a ser apreendida a partir do estereótipo das próprias personagens. Alguma relação com os conflitos étnicos ocorridos ultimamente nos Estados Unidos? É possível, afinal o cinema sempre foi usado como veículo de informação, mas principalmente de formação de opinião.

Resta esperar que seja um bom filme, uma boa surpresa para o gênero faroeste como foi o caso de “Os Imperdoáveis”, de Clint Eastwood (1992) e “Django Livre”, de Quentin Tarantino (2013).

 

 

Carlos Carvalho Cavalheiro

28.08.2016

Helio Rubens
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