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Ébano, um nome para preencher as lacunas de uma sociedade preconceituosa

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Inspirado na busca de Adriana Vieira Lomar pela identidade da trisavó escravizada, o livro vencedor do Prêmio Kindle de Literatura em 2022 ganha edição impressa

Capa do livro 'Ébano sobre os canaviais', de Adriana Vieira Lomar
Capa do livro ‘Ébano sobre os canaviais’, de Adriana Vieira Lomar – Divulgação / José Olympio

Com a ancestralidade africana negada, Adriana Vieira Lomar por muito tempo tentou descobrir a identidade da trisavó, uma negra alforriada. Rastros de sua existência nem sequer foram encontrados no cartório, entre os documentos dos familiares que deixou em vida. Incomodada com essa falta de informações, a autora decidiu dar à mulher um nome: Ébano, em referência à árvore cuja madeira preta é considerada valiosa.

Mas ter somente uma palavra não foi suficiente. A escritora sentiu a necessidade de construir uma história para a trisavó e, por isso, escreveu Ébano sobre os canaviais. Vencedor do Prêmio Kindle de Literatura em 2022 e agora publicado em edição impressa pela editora José Olympio, o livro levanta reflexões sobre as múltiplas vivências em uma sociedade brasileira construída com base em estruturas preconceituosas.

A obra, composta por capítulos curtos, conta a trajetória de uma mesma família em dois períodos históricos distintos. No século XIX, os leitores conhecem a vida de José, um jovem imigrante português que se apaixona por Ébano, uma negra liberta da escravidão. Apesar de se amarem, os dois precisam se separar para que o filho do casal se torne um senhor de engenho. Já na contemporaneidade, a escritora apresenta Maria Antonieta, uma mulher racista e repleta de privilégios que nunca se incomodou em saber sobre seus antepassados.

A sinhá e o senhor foram ao cartório acompanhados de Ébano. Assinada a alforria, o lugar escolhido por Ébano para comemorar a nova conquista foi a sala de aula. Lá, tendo sinhá Anita como ouvinte, deu uma aula de literatura e apresentou textos infantis para os alunos. A turma já estava alfabetizada (Ébano sobre os canaviais, pg. 123)

Ainda há outros arcos narrativos importantes, como o de Anita. Sinhá, ela luta para melhorar as condições de vida das pessoas escravizadas. Por vezes escondida do marido, toma decisões para diminuir a violência contra os escravos. Entretanto, presa a uma relação pautada pela dominação masculina, precisa se submeter à realidade para sobreviver.

Com este livro, Adriana Vieira Lomar busca criticar o processo de apagamento histórico vivido pela população afro-brasileira, como também explicitar as consequências do patriarcado e do capitalismo. A escritora afirma: “Sabemos que historicamente é assim, mas ninguém questiona isso. Quis trazer análises sobre a sociedade capitalista, o racismo, o colorismo e o machismo por meio da ficção. Imortalizei Ébano pela ausência de memória da minha trisavó que desconheço o nome. Tornei-a uma heroína através da ficção”.


FICHA TÉCNICA

Título: Ébano sobre os canaviais

Autora: Adriana Vieira Lomar 

Editora: José Olympio 

ISBN: 978-6558471370

Páginas: 240 

Preço: R$ 59,90 (físico) | R$ 23 (e-book) 

Onde encontrar: Amazon | Livraria da Vila | Livraria da Travessa 


Sobre a autora

Adriana Vieira Lomar

Formada em Direito e pós-graduada em Literatura Contemporânea e em Roteiro para Cinema, TV e Novas Mídias, a carioca Adriana Vieira Lomar é aposentada do serviço público.

Como escritora, publicou os livros “Carpintaria de sonhos”, “Aldeia dos mortos”, “Ambiguidades” e “Corredor do Tempo”. Seu novo livro Ébano sobre os canaviais ganhou o Prêmio Kindle de Literatura 2022 e foi publicado pela editora José Olympio.

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Sergio Diniz da Costa
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