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Pedro Novaes: 'Vocações'

colunista do ROL
Pedro Novaes

Pedro Israel Novaes de Almeida – VOCAÇÕES

 

Quem faz o que gosta faz bem feito.

Existem ocupações onde a arte e técnica se encontram em harmonia. O jardineiro vocacionado cuida das plantas como quem pinta um quadro ou escreve um livro.

Cuidadores de idosos, alguns, não apenas repetem os procedimentos do ofício, mas acrescentam solidariedade e transmitem confiança. Cuidadores de animais, quando bons, alegram e são saudados, quando chegam.

Cozinheiras, as melhores, são capazes de imprimir sabores além dos esperados pela análise fria dos ingredientes. Costumam ser exímias no preparo de alimentos que agradam, a partir de qualquer conjunto de materiais disponíveis.

Os bons ordenhadores tranquilizam as vacas, pela simples chegada, fazendo-as verter leite. Existem pessoas de dedo verde, que produzem viço já no primeiro trato.

Mecânicos de outrora, sem a sofisticação dos recursos de hoje, montavam peças e recompunham dispositivos a partir de restos de metal jogados em um canto qualquer. Chargistas conseguem, mesmo olhando de relance, identificar o traço característico de qualquer pessoa.

Profissionais de teatro incorporam personagens e ambientes como se saíssem de si mesmos, chorando lágrimas reais ou gargalhando de maneira contagiosa. Dominam as emoções a ponto de serem por elas dominados.

A vocação predispõe o brilho e a eficiência, e quando descoberta conduz, quase sempre, à valorização profissional. Quem faz o que gosta não aplaude feriados, e consegue sensações de felicidade, ganhando centavos ou milhão.

Existem, contudo, vocações pouco elogiadas. Conheço pessoas especializadas na geração subliminar de intrigas e indisposições, no ambiente que frequentam.

A desonestidade parece ser uma vocação, e até milionários seguem corrompendo e sendo corrompidos, ainda que para obter alguma vantagem de que não necessitam ou de que jamais usufruirão.

A descoberta da vocação é crucial no encaminhamento profissional dos jovens, quase sempre dificultada pela rotina do dia-a-dia, que nem sempre gera oportunidades de saberem a atividade predileta.

Muitas vezes, a vocação é descoberta já na terceira idade, quando o bancário aposentado monta sua oficina na garagem, pinta seu primeiro quadro, canta mesmo quando não está tomando banho, escreve seu primeiro verso ou vai militar, como voluntário na ONG do bairro.

O caminho certo à infelicidade é dedicar-se a atividade que não gera satisfação pessoal, pelas ilusórias valorizações sociais ou enganadores acréscimos de tostões.

pedroinovaes@uol.com.br

O autor é engenheiro agrônomo e advogado, aposentado.

Helio Rubens
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