Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
‘Paradigmas pedagógicos’


às 15:37 PM
A fragmentação do conhecimento científico, com especial aceleração no último século, tem provocado correspondente necessidade de especializações, de construção de equipamentos, cada vez mais sofisticados, de intervenções técnicas adequadas, e soluções pertinentes, para os problemas, entretanto surgidos, que se adicionam a outras situações, ainda não resolvidas, que transitaram para o novo século.
No emaranhado dos conhecimentos, e na luta entre os respetivos paradigmas, surgem as fórmulas pedagógicas, didáticas e técnicas, para se transmitir o volumoso acervo de conhecimentos, que a ciência vem proporcionando, sempre a um ritmo avassalador.
Modernamente, recorre-se, intensamente, à transmissão dos conhecimentos através das tecnologias da informação e da comunicação, – TIC – com suporte informático. Planificam-se e ministram-se cursos à distância, com a mesma garantia de rigor e validação dos cursos presenciais: as engenharias e as tecnologias ao serviço da educação e formação profissional. A utilização de uma linguagem técnico-científica suportada num idioma a caminho da universalização – Inglês.
Experimenta-se o ensino à distância, inventam-se as máquinas de ensinar, criam-se soluções informáticas para avaliar, rigorosamente, na perspetiva das ciências exatas, matérias e alunos/formandos. A capacidade humana aplicada à ciência, à tecnologia, à criatividade e ao progresso, parece não ter limites.
A qualidade e nível de vida tem melhorado e reflete-se no desenvolvimento precoce das crianças, em diversos domínios, e no aumento da esperança de vida. Será correto, então, afirmar-se que se vive num mundo maravilhoso? Habita-se num espaço terrestre onde predominam a saúde, a paz, a solidariedade, a amizade, a lealdade, a gratidão, a consideração, o respeito, enfim, felicidade, independentemente dos seus conceitos?
A força e influência paradigmáticas da ciência e da técnica, conseguem introduzir-se na pessoa, sob fórmulas de princípios, valores, sentimentos e emoções? Interpretam e resolvem questões estritamente do foro íntimo de cada pessoa? Podem as máquinas substituir o ser humano na sua consciência, no exercício da moral e da ética, nas manifestações de alegria e de tristeza, na relação, mais profunda e íntima, entre um homem e uma mulher e/ou entre dois seres humanos? São muitas as interrogações para as quais ainda não existem respostas definitivas e solucionadoras das dúvidas que se colocam.
A humanidade aproxima-se de um entroncamento complexo: em cujo ponto central se intercetam, cruzam e partem cada vez mais caminhos; desconhecendo-se, em muitos deles, a natureza e objetivos a que conduzem; ignora-se o fim, embora se conheça o princípio; são como que uma caminhada sem destino concreto, sem “rumo” ou sem “norte”
Ao nível das alegadas ciências exatas, objetivas e positivas, tais itinerários são incompatíveis com o rigor que as carateriza, embora se saiba que aqueles itinerários existem. Recorrer a algumas disciplinas (ou ciências) humanas e sociais levanta, nalguns setores científicos, dificuldades de aceitação de resultados, ditos não objetivos, devido ao grau de maior ou menor subjetividade, que carateriza o conhecimento adquirido através destas disciplinas (ou ciências) sociais e humanas.
E nos domínios da metafísica e da espiritualidade: onde imperam a crença e a fé; o misterioso e o inefável, como aceitar estes conhecimentos e como transmiti-los? Serão as máquinas inventadas pelo homem competentes para o fazer?
Como atitude intelectualmente honesta e metódica, pode-se dar o benefício da dúvida, e aceitar que constituem mais um bom recurso, a utilizar no ensino à distância, este, sim, cada vez mais interessante e que oferece imensas vantagens.
Venade/Caminha – Portugal, 2025
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal
- Cidadão luso-brasileiro - 28 de novembro de 2025
- Pensar o mundo para o século XXI - 21 de novembro de 2025
- A conflitualidade humana - 10 de novembro de 2025
Natural de Venade, freguesia portuguesa do concelho de Caminha, é Licenciado em Filosofia – Universidade Católica Portuguesa; Mestre em Filosofia Moderna e Contemporânea – Universidade do Minho – Portugal e pela UNICAMP – Brasil; Doutorado em Filosofia Social e Política pela FATECBA; autor de 14 Antologias próprias: 66 Antologias em coedição em Portugal e no Brasil; mais de 1.050 artigos publicados em vários jornais, sites e blogs; vencedor do III Concurso Internacional de Prosa – Prémio ‘Machado de Assis 2015’, Confraria Cultural Brasil – Portugal – Brasil; Prêmio Fernando Pessoa de Honra e Mérito – Literarte – Associação Internacional de Escritores e Artistas do Brasil’ 2016; Vencedor do “PRÊMIO BURITI 2016”; Vencedor do Troféu Literatura – 2017; Cargos: Presidente do NALAP – Núcleo Acadêmico de Letras e Artes de Lisboa;; Condecorações: Agraciado com a ‘Comenda das Ciências da Educação, Letras, Cultura e Meio Ambiente Newsmaker, Brasil’ (2017); Título Honorífico de Embaixador da Paz; Título Nobiliárquico de Comendador, condecorado com a ‘Grande Cruz da Ordem Internacional do Mérito do Descobridor do Brasil, Pedro Álvares Cabral’ pela Sociedade Brasileira de Heráldica e Humanística; Doctor Honoris Causa en Literatura” pela Academia Latinoamericana de Literatura Moderna y la Sociedad Académica de Historiadores Latinoamericanos.

