Pássaros Libertos, de Wellinquelitta Lorca Bueno
Trata-se de um livro de poucas páginas, daqueles de leitura fácil e que fazem o tempo escorrer suavemente.
E é uma obra cujo enredo é de uma tessitura literária simples, centrada em Lucas, um menino que dizia amar os pássaros, mas que os prendia por causa de sua beleza, para ter suas cores presas a ele, e de um comerciante, Oséias, que ensinou a Lucas o valor da vida, dos “presentes de Deus”, ofertados como torrentes de bênçãos à humanidade.
Prefácio:
“Liberdade! Liberdade!/ Abre as asas sobre nós/”
Sergio Diniz da Costa*
Há muitos anos, nos idos do antigo Primário, quando então ainda cantávamos o Hino Nacional antes de entrar na sala de aula, aprendi, além dele, o da Proclamação da República, cuja letra, um belíssimo poema de Medeiros e Albuquerque, em sua terceira estrofe declamava: “Liberdade! Liberdade! /Abre as asas sobre nós, /Das lutas na tempestade/ Dá que ouçamos tua voz/”.
Eu ainda era uma criança e não tinha, evidentemente, nenhuma ideia mais elaborada sobre a distinção entre formas de governo. A letra desse Hino, portanto, em seu contexto, pouco ou nada dizia a mim. Mas, já naquele tempo, havia um poeta adormecido em minha alma e os versos “Liberdade! Liberdade! /Abre as asas sobre nós,/ /Das lutas na tempestade/ Dá que ouçamos tua voz/”, nela penetraram com a força da mesma tempestade a que se referia o poema. Uma tempestade de ideias e ideais. Uma tempestade poética, que para sempre haveria de cobrir minha alma com o manto das estrelas, o brilho da lua e o calor do sol. E com o azul do mar, o verde das matas e a cor e o aroma das flores. E também, com o mistério da vida, do amor e da morte. E, acima de tudo, na busca incessante pela transcendência espiritual.
“Liberdade! Liberdade!/ /Abre as asas sobre nós/”. O que essas palavras e imagens poderiam dizer para uma criança de 8 ou 9 anos de idade? O que significavam essas desafiadoras palavras?
A razão, num primeiro momento, não me as respondia. Mas o coração palpitava ao ouvi-las. E, desde muito cedo, comecei a sentir a força e a magia das palavras. E também como muitas delas se confrontavam, numa disputa tenaz de sentidos e sensações: amor e ódio, paz e guerra, conhecimento e ignorância… dúvida e fé!
Pássaros Libertos, de Wellinquelitta Lorca Bueno é um livro de poucas páginas, daqueles de leitura fácil e que fazem o tempo escorrer suavemente. E é uma obra cujo enredo é de uma tessitura literária simples, centrada em Lucas, um menino que dizia amar os pássaros, mas que os prendia por causa de sua beleza, para ter suas cores presas a ele, e de um comerciante, Oséias, que ensinou a Lucas o valor da vida, dos “presentes de Deus”, ofertados como torrentes de bênçãos à humanidade.
E é assim que, nesta obra de aparente singeleza literária, emerge, com a força das tempestades da Fé e do respeito à Natureza, o verdadeiro sentido da palavra “Liberdade”, com a qual, também somos pássaros… Pássaros Libertos!
Sergio Diniz da Costa – advogado aposentado, escritor, poeta, revisor de livros e membro da Academia Votorantinense de Letras, Artes e História.
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É fundador e um dos editores do Jornal Cultural ROL e do Internet Jornal. Foi presidente do IHGGI – Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Itapetininga por três anos. fundou o MIS – Museu da Imagem e do Som de Itapetininga, do qual é seu secretário até hoje, do INICS – Instituto Nossa Itapetininga Cidade Sustentável e do Instituto Julio Prestes. Atualmente é conselheiro da AIL – Academia Itapetiningana de Letras.