Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo:
‘Hierarquia dos afazeres’
A sociedade contemporânea vive a um ritmo acelerado, alegadamente sem tempo para muitas das atividades humanamente importantes, porém, e por vezes, com demasiado tempo para as tarefas secundárias, ou mesmo supérfluas para a comunidade. Naturalmente que cada pessoa é livre para ocupar o tempo como muito bem entender, todavia, não lhe poderá assistir nenhuma razão quando reivindica regalias e benefícios diversos, se para eles não contribuiu.
A alegada falta de tempo para intervenções de natureza social, por exemplo, é provável que tenha a sua origem na dificuldade que as pessoas, e as organizações, têm em definir objetivos, estabelecer prioridades, selecionar recursos: humanos, técnicos, logísticos e financeiros, executar e, finalmente, proceder à avaliação de resultados.
Na hierarquização dos inúmeros afazeres: quotidianos, semanais, mensais, anuais e ao longo da vida, deparam-se dificuldades diversas, que: por inabilidade, ou falta de condições objetivas, impedem que se estabeleçam as diferentes prioridades, além de que, é fundamental distinguir, por exemplo: o que é urgente; o que é importante; o que é urgente e importante; e o que não é nada disto.
Estabelecer prioridades implica: em primeiro lugar, a existência de objetivos bem definidos, contextualizados, no tempo e no espaço, sendo certo que quanto mais objetivos se pretender atingir, maiores serão as dificuldades na sua priorização, nos recursos a utilizar, na realização e na avaliação.
Na prática, trata-se de saber gerir objetivos, sem perder a noção que em qualquer gestão, se visa alcançar resultados e, nessa perspectiva, é importante a intervenção de uma liderança esclarecida, competente e dinâmica. Definidos os objetivos, identificada a liderança, torna-se indispensável estabelecer as prioridades. Aqui, podem entrar diferentes, eventualmente contraditórias, variáveis, justamente, em função da maior ou menor urgência, da maior ou menor importância, que cada objetivo tem, num determinado processo e contexto.
Ao nível pessoal, da vida corrente de cada pessoa, estabelecer prioridades não será muito difícil, pelo menos se houver consciência das tarefas que vão sendo necessárias realizar e, neste quadro, uma relação/lista diária dos afazeres poderá ser suficiente.
Sem entrar nos recursos da tecnologia moderna, pela utilização de programas informáticos, para gestão do tempo, face às tarefas a realizar, e para o controlo pessoal dos afazeres individuais, poderá ser suficiente elaborar uma lista de prioridades com apenas duas variáveis – urgência e importância.
Realizadas as diferentes diligências, ultrapassadas as fases essenciais do processo de planificação, pode-se avançar para o conceito de determinação das prioridades, relativamente ao processo de fixação dos objetivos, que constitui um processo suplementar.
Realizada a investigação científica, julgada pertinente, e ainda antes de entrar na parte prática do presente trabalho, importa deixar bem claro, que estas técnicas se podem aplicar em qualquer parte do mundo, já que os problemas sociais são muito idênticos.
Nesse sentido, quando se refere Câmara Municipal, em Portugal, terá o seu equivalente na Prefeitura, no Brasil; pela mesma lógica, mencionar distritos, regiões ou províncias em Portugal, poderá ter o seu equivalente nos Estados do Brasil, etc. Feitos estes esclarecimentos prévios, pode-se passar à prática, no âmbito, por exemplo, do Poder, indistintamente de ser o Poder político central, regional ou local, como o Poder de uma empresa ou, ainda, de uma Organização Não-Governamental, incluindo nestas as instituições religiosas e sociais.
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente HONORÁRIO do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal
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