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Cultura tradicional regional

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Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo:

‘Cultural tradicional regional’

Diamantino Bártolo
Diamantino Bártolo
Imagem criada por IA do Bing - 17 de fevereiro de 2025 
às 08:39 PM
Imagem criada por IA do Bing – 17 de fevereiro de 2025
às 08:39 PM

É nas formas de agir, sentir e pensar que se manifesta a cultura, a qual traduz a globalidade do modo de vida de um povo, dizendo respeito ao homem individual, enquanto domínio do subjetivo, contendo, intrinsecamente, a ideia de evolução no sentido do melhor.

O homem valoriza-se porque a cultura é um processo que se concretiza como um produto do espírito humano, numa como que superformação do caráter, de resto, já há mais de dois mil anos que a cultura era para os gregos a “aristocracia do espírito”. É, por isso, bastante difícil definir a cultura, porque a sua complexidade não permite uma delimitação, que qualquer definição impõe.

Numa perspetiva filosófica e citando António Sérgio o problema da cultura «é uma questão de mentalidade e esta é algo que não se pode ensinar porque constitui o resultado das convicções profundas de cada um»

Por sua vez, Protágoras, afirma que: «O homem é a medida de todas as coisas», enquanto que Platão dizia que «Deus é que deve ser a medida de todas as coisas» para, finalmente, se admitir, com Jorge Dias, que «o coração é que se torna a medida de todas as coisas, até porque o português revela-se de particular singularidade, seja qual for a sua situação no mundo».

A psicologia portuguesa transporta uma série de elementos étnicos, míticos e culturais, da mais diversificada origem, o que, efetivamente, denota o caráter extremamente complexo da cultura portuguesa. 

A estrutura greco-latina, as correntes islâmicas e hebraicas transmitidas para o pensamento e a literatura, a profunda religiosidade que ao longo da Idade Média se fez sentir, a epopeia dos descobrimentos, o espírito das Cruzadas e o ideal da dilatação da Fé, pela qual se construiu o Império Colonial, os contactos com povos tão díspares como o africano, o oriental e o americano, são fatores que não podem, de forma alguma, ser ignorados na composição da Cultura Portuguesa, à qual deve juntar-se, como elemento fundamental, o Mar. 

O Atlântico Português, a partir do qual se expandiu a Nação Lusitana, daí que a cultura Lusa seja mais marítima que qualquer outra: trata-se de uma cultura expansiva, uma cultura da aventura, do mistério, do risco e da saudade. Uma cultura cujo elemento essencial permitiu escrever páginas históricas indeléveis, cujo expoente literário se materializou em “Os Lusíadas”, que bem se pode dizer ser a Bíblia da Pátria Lusitana, a orientação da aventura de todo o Renascimento.

Logo nos primórdios da sua história, os portugueses tornaram-se num povo de imenso manancial psicológico porque, em boa verdade, eles adaptaram-se a todas as situações, sem que dessa natureza resulte qualquer perda de caráter, qualquer quebra de nacionalismo e, por isso, o português vive no estrangeiro, adaptando-se às normas de trabalho, à língua e até a certos costumes.

 Este povo festeja, periodicamente, de forma bem portuguesa e, ainda mais intensamente, à boa maneira da sua terra natal, alguns dos principais acontecimentos religiosos e profanos: a Ceia de Natal que, em família, se realiza com observância de determinados hábitos gastronómicos muito próprios, ou mesmo a “matança do porco” (agora em desuso, até por motivos legais e de salubridade pública), que muitos concretizam quando integrados em pequenas comunidades estrangeiras, onde outros portugueses residem ou, ainda, a criação de coletividades desportivas, culturais e recreativas, muito embora a saudade da terra natal não o abandone mas, bem pelo contrário, o torna mais melancólico, enigmático, distante, porém, sempre forte.

Este sentimento peculiar dos portugueses, leva-os a viver com sonhos de glória. Estão caraterizados pela saudade e pelo mar. A saudade é como que uma mentalidade complexa, resultante da combinação de fatores diferentes, por vezes opostos e que dá origem a um estado de alma muito singular, como que uma estranha ansiedade que, porventura, é uma simbiose de três tipos mentais diferentes: o lírico sonhador, próximo do temperamento céltico; o fáustico, do modelo germânico; e o fatalístico, bem ao temperamento oriental. Toda a literatura nacional passa pela saudade e, embora a filosofia portuguesa não tenha criado escola, também ela transpira saudade, sonho, fatalismo e glória.

BIOGRAFIA.

SÉRGIO, António, (1974). Obras Completas: Ensaios, 1ª edição, Tomo VII, Lisboa: Sá da Costa.

SÉRGIO, António, (1976). Obras Completas: Ensaios, 2ª edição, Tomo I, Lisboa: Sá da Costa. 

Venade/Caminha – Portugal, 2025

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Presidente HONORÁRIO do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal

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