Gonçalves Viana: ‘FOLHA MORTA’
O samba-canção composto por Ary Barroso, como uma homenagem à cantora Dalva de Oliveira
Arthur Nestrovski, nascido em 1959, é compositor, violonista, crítico literário e musical, escritor e editor. Nomeado diretor artístico da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (OSESP) em 01/2010. Em 2012, foi nomeado também diretor do Festival de Campos de Jordão.
Graduado em Música, pela Universidade de York, Inglaterra, em 1983, obteve seu PhD em Literatura e Música pela Universidade Iowa, USA, em 1990. De 1992 até 2003, foi crítico de música clássica do jornal Folha de São Paulo; e de 1999 a 2009, editor da PubFolha. De 1991 a 2005, professor na pós-graduação em Comunicação e Semiótica da PUC/SP. Abandonou a carreira universitária para dedicar-se mais intensivamente à música.
Desde então gravou CDs solos: Jobim Violão e Chico Violão, os discos de composições Tudo o Que Gira Parece Felicidade e Prá Que Chorar (com o cantor Celso Sim), o DVD O Fim da Canção.
E mais recentemente (2016) o CD Pós Você e Eu, com a cantora Lívia Nestrovski (sua filha). Nesse CD apresentam 11 canções, entre composições próprias, e de autores como Ary Barroso e Arrigo Barnabé, além de Schubert e Schumann.
Pois bem, estava ele e a filha apresentando as músicas do CD, no programa Sr. BRASIL de Rolando Boldrin, exibido na TV Cultura, em 12/03/2017, quando chegou a vez da música de Ary Barroso, Folha Morta. Sobre esta, eles contaram a seguinte história:
Dalva de Oliveira era muito jovem e trabalhava como lavadeira, mas gostava de cantar e acalentava o sonho de tornar-se uma cantora profissional. Inscreveu-se no programa Calouros em Desfile que Ary Barroso apresentava na Rádio Tupy no Rio de Janeiro. Dalva ficou arrasada, quando foi gongada pelo irreverente e irascível animador. Mas não desistiu e perseguiu seu sonho até conseguir ser uma grande cantora.
Ary havia lançado o seu programa de calouros em 1937, na Rádio Cruzeiro do Sul (Rio de Janeiro), levando-o em seguida para a Tupy, onde instituiu o gongo, tocado para desclassificar os candidatos ruins. Dizem que poucos conseguiram manter o gongo silencioso, entre eles, Ângela Maria e Lúcio Alves.
Mas, um dia, quando Dalva havia já se tornado uma estrela de primeira grandeza, Ary quis homenagear a cantora, talvez para compensar a gongada que lhe havia dado, quase 20 anos antes, (1952), com um samba-canção feito exclusivamente para ela, Folha Morta. Foi um enorme triunfo. Quatro anos depois acabou por ser um sucesso ainda maior, no vozeirão rouco, mas redondo de José Bispo Clementino dos Santos, mais conhecido por Jamelão.
Gonçalves Viana
FOLHA MORTA
Sei que falam de mim
Sei que zombam de mim
Oh! Deus, como eu sou infeliz.
Vivo à margem da vida
Sem amparo ou guarida
Oh! Deus, como eu sou infeliz.
Já tive amores,
Tive carinho
Já tive sonhos,
Os dissabores
Levaram minh’alma
Por caminhos tristonhos.
Hoje sou folha morta
Que a corrente transporta
Oh! Deus, como eu sou infeliz.
Eu queria um minuto apenas
Pra mostrar minhas penas,
Oh! Deus, como sou infeliz…
(Ary Barroso)
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Natural de Sorocaba (SP), é escritor, poeta, revisor de livros e Editor-Chefe do Jornal Cultural ROL. Acadêmico Benemérito e Efetivo da FEBACLA; membro fundador da Academia de Letras de São Pedro da Aldeia – ALSPA e do Núcleo Artístico e Literário de Luanda – Angola e membro da Academia dos Intelectuais e Escritores do Brasil – AIEB. Autor de 8 livros. Jurado de concursos literários. Recebeu, dentre várias honrarias: pelo Supremo Consistório Internacional dos Embaixadores da Paz, o título Embaixador da Paz e Medalha Guardião da Paz e da Justiça; pela Augustíssima e Soberana Casa Real e Imperial dos Godos de Oriente o título de Conde; pela Soberana Ordem da Coroa de Gotland, o título de Cavaleiro Comendador; pela Real Ordem dos Cavaleiros Sarmathianos, o título de Benfeitor das Ciências, Letras e Artes; pela FEBACLA: Medalha Notório Saber Cultural, Comenda Láurea Acadêmica Qualidade de Ouro, Comenda Ativista da Cultura Nacional; Comenda Baluarte da Literatura Nacional e Chanceler da Cultura Nacional; pelo Centro Sarmathiano de Altos Estudos Filosóficos e Históricos os títulos de Doutor Honoris Causa em Literatura, Ciências Sociais e Comunicação Social. Prêmio Cidadão de Ouro 2024