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Príncipes também são sapos

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Elaine dos Santos: Artigo ‘Príncipes também são sapos’

Elaine dos Santos
Elaine dos Santos
Imagem criada por IA do Grok em 05 de dezembro de 2025, à 15:33 PM (https://grok.com/imagine/post/12407eb8-33fe-4d06-8197-4e643f9a7497
Imagem criada por IA do Grok em 05 de dezembro de 2025, à 15:33 PM (https://grok.com/imagine/post/12407eb8-33fe-4d06-8197-4e643f9a7497)

O casamento nesse formato que conhecemos hoje em dia, com festas reunindo famílias, é uma invenção da classe burguesa, que surgiu na Europa por volta de 1450 ou 1500, o que corresponde ao fim da Idade Média, início da Idade Moderna.

Philippe Ariès, no livro História Social da Criança e da Família, por exemplo, afirma que, antes disso, não havia sequer privacidade entre os membros da família: pai, mãe, filhos, avós, serviçais dormiam todos na mesma peça – geralmente, era o mesmo lugar em que todos faziam as refeições diárias.

Nas classes mais abastadas, o casamento selava uma relação comercial entre o pai da noiva e o futuro marido dela: uma sociedade, tanto que o pai oferecia um dote ao futuro marido dela para que empreendesse em suas novas atividades.

Uma obra exemplar, neste sentido, é Senhora (1874), romance de José de Alencar . Trata-se de um romance da fase mais madura de Alencar e a explicitação de sua crítica social encontra-se, inclusive, na divisão dos capítulos do romance: O preço; Quitação; Posse e Resgate.

Aurélia Camargo, a jovem pobre rejeitada por Fernando Seixas, que a troca por outra mais rica e com um bom dote, literalmente, ‘compra’ Seixas: qual o preço? Ela paga por ele, por sua presença masculina ao lado dela nas festas, nos saraus, nos teatros, até que ele consegue dinheiro suficiente para ‘resgatar-se’. Releia o romance, o final é clássico, classicamente, próprio do Romantismo, apaixonante para quem ainda acredita em príncipes encantados.

O príncipe encantado, diga-se de passagem, é um arquétipo – essas figuras universais, como a bruxa má, o herói, o amante, o bobo da corte etc. No Ocidente, ele tem a sua origem nos contos de fadas recolhidos pelos irmãos Grimm e Charles Perrault entre o povo europeu.

Desde a adolescência, eu sempre ironizei muito essa ideia do príncipe encantado: imagine um homem vestido com uma armadura dourada, montado em um cavalo branco, percorrendo a principal avenida da cidade procurando a sua amada. Sem cabimento!

Porém, em 1981, parecia que um príncipe encantado e uma princesa haviam se encontrado e, no dia 29 de julho, no verão europeu, celebravam a sua união. Ledo engano.

Havia três pessoas no casamento; o príncipe era um sapo e a linda princesa sofreu muito, segundo contam. Não havia festas, castelos, viagens e, ao que parece nem os filhos que transformassem a vida de Charles e Diana, os príncipes de Gales.

A separação oficial aconteceu anos depois e, finalmente, um acidente em Paris, França, colocou fim à vida da princesa. O príncipe não era encantado, porque homens e mulheres não são perfeitos, são seres incompletos, com dúvidas, com erros, com medos, com traumas, que, por vezes, fazem muito mal ao (s) outros (s).

O príncipe é encantado nas narrativas, os amores são perfeitos nos romances, contudo, na vida real, as relações demandam compreensão, aceitação, paciência, sentimentos/percepções que parecem estar em falta em um ‘mercado’ que só valoriza estética, aparência, ‘fotos instagramáveis’, pouco conteúdo e zero diálogo.

Este texto representa o meu lamento pelo número desesperador de mulheres mortas por seus maridos, companheiros, ficantes ou mesmo por estranhos. Nunca a vida da mulher foi tão desrespeitada, tanto física quanto emocionalmente.

Há medo, há inquietação, há angústia no seio de uma sociedade que optou pela violência e descarrega-a nos mais frágeis, como mulheres e crianças.

Elaine dos Santos

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