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Figuras populares de Sorocaba: o ciclista misterioso!


Na praça Cel. Fernando Prestes – Pedro Negrão

Figuras populares de Sorocaba: o ciclista misterioso!*

 

O jornal ROL passa contar, a partir de hoje, com duas novas colunas: Figuras Populares de Sorocaba e Figuras Populares de Itapetininga.

* Inaugurando a coluna, em Sorocaba, transcrevemos reportagem do jornal Cruzeiro OnLine (online@jcruzeiro.com.br), de 29/01/2013, sob o título: ‘Personagem misterioso desperta curiosidade nas ruas de Sorocaba e vira atração turística’:

Preferindo não tornar pública sua identidade – a reportagem teve acesso – o ciclista misterioso escolhe manter a magia do anonimato e comenta que pedala por prazer, pela paixão que tem pela bicicleta e como ele diz, “para esfriar a cabeça” dos problemas que assolam a sua vida. De poucas palavras e reconhecido apenas pela voz grave, – conversou sem mostrar o rosto – o ciclista misterioso demonstra que mesmo na solidão noturna, o que ele busca é certa atenção da sociedade.

“As pessoas me olham na rua, tem gente que pede para tirar fotos, alguns querem me abraçar, eu gosto disso”, comenta ele que vive intensamente da imagem que criou. Com o rosto totalmente mascarado por um capuz de lycra ele diz ter grande admiração por desenhos animados e se compara ao personagem “Gelado” do filme “Os Incríveis”, um super-herói negro, misterioso que tem o poder de transformar a umidade do ar em gelo e se deslocar sobre ele graças às suas super botas especiais. É considerado o mais “cuca fresca” dos super-heróis por não desejar reviver o passado. O mesmo sentimento do herói sorocabano.

Confesso que já havia tentado antes, sem sucesso, uma aproximação. O misterioso, muito calado, não foi de papo e em uma das tentativas de conseguir seu telefone para uma possível conversa, ele me passou o número errado. Depois, fui encontrando-o no trânsito – na maioria das vezes na avenida Dr. Afonso Vergueiro, até que com novos contatos estabelecemos certa confiança. Com a pauta agendada, sem ter a certeza se conseguiria a esperada entrevista, segui acompanhada de fotógrafo para tentar registrar o cenário desvendado pelo ciclista. Com motorista e veículo do jornal, percorremos alguns trechos conhecidos da cidade e habitualmente frequentados pelo personagem. O ponto de encontro foi a Praça Pio XII, depois seguimos pela Marginal Dom Aguirre, fizemos uma parada na Praça Lions, percorremos a avenida Dr. Afonso Vergueiro e seguimos rumo à igreja Catedral Metropolitana de Sorocaba, no centro da cidade. Foi ali, sob os olhares curiosos de quem passava, que pude tentar – num bate papo com o ciclista – entender sobre esse desejo de se tornar um personagem da sua própria vida.

 

Mister Bike” percorre 100 km/dia

Ele não faz nenhum tipo de preparo físico, não malha em academia e não tem o luxo de fazer sequer uma alimentação adequada para a atividade que pratica. Usa roupas que ele mesmo idealiza com a ajuda de uma vizinha costureira. Tem duas versões: uma preta e outra branca. Nos pés, um tênis comum – diferente dos usados por ciclistas esportivos – que são escondidos por uma sapatilha também feita em tecido de lycra. Assim ele percorre Sorocaba, em média 100 km por dia, em suas saídas de bicicleta. Uma rotina dedicada, de quatro a cinco vezes por semana, sempre à noite. O trajeto é longo e variado, com três paradas de 15 minutos, num período de 4 a 5 horas, em que fica circulando nos principais pontos turísticos da cidade.

 

Com prudência

O ciclista só revela que não gosta de andar nas ciclovias. “Já cai duas vezes nas proximidades do Corpo de Bombeiros. Em dia de chuva a ciclovia fica escorregadia”, comenta. Diz que pedala com prudência, respeitando os sinais de trânsito, os veículos e pedestres. “Meu negócio é lazer, nunca fui atropelado, ando sempre na direita, com cuidados”, revela. Em trechos conta que chega atingir uma velocidade de 50km/h. A bicicleta dele tem refletores na parte dianteira e na parte traseira dos pedais.

 

Paradas turísticas

O “Mister Bike” conhece toda a cidade. Os pontos turísticos que geralmente faz parada é a igreja Catedral Metropolitana de Sorocaba, na região central. “Venho na Praça Matriz, fico olhando para a igreja, é um dos locais que aprecio”, comenta. Os sinais de fé ele carrega consigo, em um pequeno terço no punho direito, que não me passou despercebido.

O vazio da rua Doutor Boulevard Braguinha, no início da praça Coronel Fernando Prestes, por volta das 23h, remete a um cenário de filme de ficção. O mesmo se repete quando o ciclista percorre os arredores da Praça do Canhão. De todos os locais que frequenta ele revela que tem grande familiaridade com as proximidades do Terminal Santo Antônio. Pode ser sempre visto no pontilhão da Praça da Bandeira, no sentido da avenida General Osório. “Fico ali debaixo do pontilhão, onde sempre fica um carro da polícia”, comenta ele que se sente seguro no local.

Também circula pelas avenidas General Carneiro, Armando Pannunzio até chegar às proximidades da sede campestre do Clube União Recreativo. Depois segue para o Campolim, vai até Votorantim, na avenida 31 de março e retorna para Sorocaba via Marginal. Já percorreu a rodovia Raposo Tavares, mas confessa que gosta mesmo da região central da cidade. O “Mister Bike” tem planos agora de pedalar nos bairros Éden e Cajuru. “Meu sonho é chegar a Jundiaí, para rever alguns familiares que tenho lá”, confessa.

 

Ao cair da noite

O misterioso ciclista pedala sobre uma bicicleta que, segundo ele, ganhou de um amigo e foi a adaptando com o tempo e com os recursos que dispunha. Ele pratica a atividade há dez anos, mas há quatro começou a se caracterizar para ganhar as ruas. No começo, para quem o via, ele não escondia o rosto. Aos poucos ele foi incrementando o figurino, até se mascarar totalmente. Os óculos de lente azulada também escondem o olhar e a roupa preta só faz contrastes com os detalhes em branco dos acessórios que usa, como um par de relógios idênticos que ele mantém nos dois punhos.

E chama muito a atenção por onde passa. “As pessoas me olham na rua, tem gente que pede para tirar fotos, alguns querem me abraçar”, comenta. Os mais assustados não se aproximam, garante.”Tem gente que acha que sou investigador, outros me chamam de “Morcego da noite”; as pessoas mexem comigo de dentro do ônibus”, confessa. Ele também não faz muita questão de conversar, mas se deixa ser observado. “Fico mudo, é difícil eu falar com as pessoas”, comenta. Além da bicicleta, o “Mister Bike” tem paixão pela noite e não se amedronta.

 

Vida real

Com 45 anos de idade, o misterioso da bicicleta, é casado e pai de família. Atualmente desempregado, ele tira sustento do comércio de calotas e ganha em média um salário mínimo por mês. Revela que sempre trabalhou com polimento de veículos, antes de ficar sem emprego. A esposa, também desempregada, cuida da casa e os filhos estudam. Os pais, já falecidos, são naturais de Porto Feliz e da família, na cidade, tem apenas um irmão mais velho.

 

Símbolo de uma cidade

Diversas pessoas já viram (e vêem) o “Mister Bike” rodando a cidade. O empreendedor social Carlinhos Gonçalves conta que um dia se deparou com o ciclista e ficou impressionado. “A primeira vez que o vi achei que estava vendo “coisas”. Estava no trânsito, com o carro parado no semáforo, em frente à Rodoviária, no início da avenida Washington Luís. Olhei uma vez, me belisquei e olhei de novo. Ele parado, parecida estar olhando para meu carro, dei um sinal ele respondeu. Dei a volta para falar com ele. Tarde demais”, lamentou. Depois, conta que o viu em outros locais e passou a relatar nas redes sociais. “Por ele estar sempre de preto, passei a chamá-lo de “Black Biker”.

Sergio Diniz da Costa
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