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Pedro Novaes: 'Despolitizados'

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colunista do ROL

Pedro Israel Novaes de Almeida: ‘DESPOLITIZADOS’

 

A maioria das entidades da sociedade civil brasileira sempre confundiu, e ainda confunde, política com partidos.

A pretexto de não tratar de temas que possam dividir seus integrantes, seguem ignorando, cínica e malandramente, temas como a corrupção e o respeito à cidadania. Mesmo em sociedades que pregam virtudes, ladrões e roubados convivem em aparente harmonia.

A despolitização da sociedade torna mínimo o espírito crítico, abolindo, como enfadonho, divisionista e improdutivo, qualquer diálogo de cunho ideológico, e até afirmações a respeito de costumes, valores e tradições são evitadas.

A confusão entre conceitos atingiu até as escolas, onde imperam pregações partidárias, a pretexto de pregações políticas. Sobejam razões ao tão injustiçado “Escola Sem Partidos”.

A ideologia pode e deve ser discutida, pois abre horizontes e cria a paz entre discordantes, quando civilizados. Sem discussões, a ideologia segue em pregação rasteira, subliminar e repleta de preconceitos e chavões, que geram, não raro, ódio e intolerância.

Partidos são de difícil discussão, eis que pautada em pessoas, mais que em ideias. Por aqui, onde os partidos constituem reles amontoados de letras, a discussão sempre descamba na comparação entre os piores representantes de cada um, em verdadeira caça ao rabo alheio.

Como resultado de nossa despolitização, temos eleições lotéricas e mandatários com popularidade extremamente vinculada à situação econômica do país, sejam eles democratas ou ditadores. A despolitização torna o eleitorado vítima fácil de embustes marqueteiros.

O brasileiro médio não distingue o capitalismo selvagem do socialismo escravista, e sequer é capaz de defender uma ideologia, medindo-a unicamente pelas benesses que lhe são prometidas ou direcionadas.

Somos uma sociedade indefesa, elegendo por promessas e discursos, e temos a cada eleição uma aventura, qual jogo de azar.

A despolitização, por séculos, gerou uma geração de políticos sem qualquer ideologia, mercadores de votos, sempre à cata de cargos e verbas. Aí está a Lava Jato, unindo, na mesma cela, marginais de todas as correntes.

Cargos e verbas são brandidos em campanhas, reelegendo fisiológicos, e assim vamos, a cada eleição, diminuindo a qualidade de nossas representações. São pouquíssimos os líderes, e muitos os discurseiros.

pedroinovaes@uol.com.br

O autor é engenheiro agrônomo e advogado, aposentado.

 

 

 

 

Helio Rubens
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