Adriana da Rocha Leite: ‘NOSSO ENCONTRO’
15/08/1989. No ônibus, alguém me observava. Não percebi de imediato. O encontro aconteceu somente mais tarde. Não foi amor à primeira vista, do tipo fulminante, de perder o fôlego. Primeiro um olhar, depois muitas conversas. m novo mundo de escolhas e de conhecimento. Tudo era novidade para aquela adolescente. E como buscara por novas fronteiras, novas ideias e novos caminhos… O desconhecido sempre me fascinou, pelas perspectivas de mudança, de romper a zona de conforto e, principalmente, pelo seu caráter essencialmente audacioso. Assim o conheci!
O tempo nos fez amigos, a amizade nos fez amar e então, eu perdi o fôlego! Por viver um Amor de rupturas com conceitos e estruturas. Por entender que a convivência exige respeito e não posse (“não sou tua, não és meu”), que somos completos e não “metades da laranja”, tampouco você é a “tampa” da minha panela. Sou única e você também o é!
Nunca quis um relacionamento de “faz de conta” ou de hierarquia. Não sou adepta às ordens: minha rebeldia congênita não aceita imposições. Por isso, assustei-me quando em conversa com meu pai sobre o casamento, ele lhe disse: “Você sabe que não poderá mandar nela.” Sua resposta: “Se quisesse mandar em alguém, não poderia estar me casando com sua filha”.
Sua fala foi-me arrebatadora, fez-me sentir mais a liberdade que já me pertencia), fez-me entender e valorizar a importância do vínculo, da convivência saudável de quem quer compartilhar e não simplesmente dividir. E nada disso é mero conceito. Não para nós.
Não houve “pedido” formal, foi tudo tão natural, tão do nosso jeito, antes, durante e depois…
Valorizamos nossa convivência em busca da harmonia, não de pensamentos, ações e reações idênticas/iguais, mas de sintonia, de diálogo amoroso sobre quem somos e o que queremos, enquanto indivíduos e enquanto casal. Respeitar diferenças não nos faz sofrer, faz-nos próximos e cúmplices: “Somos suspeitos de um crime perfeito…”
Quem poderia homenagear-me no dia 08/08? Quem saberia a importância desta data no calendário de minha história, de minha vida? Quem entenderia qual foi a perspectiva e quais foram os sonhos da menina que saiu de casa aos 17 anos? Que não fugiu. Que foi em busca do que sempre soube que lhe pertencia? Sim, você e tão somente você!
Agora entendo: não foi um encontro em 1989. Foi um reencontro!…
- Vernissage de exposição artística - 20 de novembro de 2024
- Renascimento verde - 18 de novembro de 2024
- Mário Mattos, 100 anos de puro talento - 11 de novembro de 2024
Natural de Sorocaba (SP), é escritor, poeta, revisor de livros e Editor-Chefe do Jornal Cultural ROL. Acadêmico Benemérito e Efetivo da FEBACLA; membro fundador da Academia de Letras de São Pedro da Aldeia – ALSPA e do Núcleo Artístico e Literário de Luanda – Angola e membro da Academia dos Intelectuais e Escritores do Brasil – AIEB. Autor de 8 livros. Jurado de concursos literários. Recebeu, dentre várias honrarias: pelo Supremo Consistório Internacional dos Embaixadores da Paz, o título Embaixador da Paz e Medalha Guardião da Paz e da Justiça; pela Augustíssima e Soberana Casa Real e Imperial dos Godos de Oriente o título de Conde; pela Soberana Ordem da Coroa de Gotland, o título de Cavaleiro Comendador; pela Real Ordem dos Cavaleiros Sarmathianos, o título de Benfeitor das Ciências, Letras e Artes; pela FEBACLA: Medalha Notório Saber Cultural, Comenda Láurea Acadêmica Qualidade de Ouro, Comenda Ativista da Cultura Nacional; Comenda Baluarte da Literatura Nacional e Chanceler da Cultura Nacional; pelo Centro Sarmathiano de Altos Estudos Filosóficos e Históricos os títulos de Doutor Honoris Causa em Literatura, Ciências Sociais e Comunicação Social. Prêmio Cidadão de Ouro 2024