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EDITORIAL: 'O despejo das Letras' II


EDITORIAL

‘O DESPEJO DAS LETRAS!’  II

“A Casa 52 não existe mais!” – Myrna Ely Atalla Senise da Silva, Secretária da Academia Sorocabana de Letras

 

Conforme noticiado pelo jornal ROL no dia 05 de julho passado, em Editorial sob o título ‘O despejo das Letras!’, a Academia Sorocabana de Letras, desde 2011, vem ocupando a Casa 52 do Jardim Maylasky (em frente à antiga Estação Ferroviária), cedida a ela por um protocolo de intenções assinado pelo então prefeito Vitor Lippi.

O indignado editorial ocorreu, porque no dia 27 de junho, alguns dias antes, em atendimento ao solicitado pelo secretário do Gabinete Central da Prefeitura, Hudson Zuliani, o atual presidente da ASL, o historiador e jornalista Geraldo Bonadio, acompanhado por alguns acadêmicos, estiveram na Prefeitura de Sorocaba, na presença de Zuliani e do Secretário de Assuntos Jurídicos, Eric Vieira, e foram informados de que a Prefeitura queria romper o protocolo de intenção e assim retomar o imóvel que então abrigava a chamada ‘Casa 52’, sede da academia sorocabana.

Segundo os servidores públicos, a medida estaria ligada a um tal “programa de redução de gastos” determinado pelo prefeito José Crespo.

O presidente da ASL, jornalista Geraldo Bonadio argumentou que estranhava a atitude do prefeito, pois a Casa 52 era um imóvel com características de moradia, sem condições mínimas de tamanho e acessibilidade para abrigar qualquer dependência administrativa da Prefeitura, mesmo de pequeno porte.

Mais ainda, o presidente lembrou que se o Protocolo de Intenções firmado entre a casa de cultura e a Prefeitura previa uma cessão em comodato e que, se tal não ocorreu, foi exclusivamente porque a Prefeitura não tinha o domínio do imóvel, que continuava a pertencer à União, uma vez que não foi incluído no documento que cedeu à Prefeitura o patrimônio da antiga Estrada de Ferro Sorocabana.

Os secretários municipais propuseram que a Academia aceitasse transferir sua sede para um imóvel propriedade do município localizado nos fundos da indústria Alberflex, no Jardim Saira, sede essa que a ASL deveria compartilhar com a Associação Sorocabana de Imprensa – ASI, que também iria perder sua sede, na avenida Antonio Carlos Comitre, no Parque Campolim.

Para Bonadio, essa proposta representaria uma verdadeira ‘eutanásia’, uma vez que se tratava de um prédio situado num ponto isolado do município, de difícil acesso e sem segurança, no qual a Academia não teria condições de atuar e nem de sobreviver. Destacou ainda que, a despeito de seus modestos recursos, a Academia Sorocabana de Letras desenvolve importantes programas culturais nas áreas das letras, artes e ciências, sem qualquer ônus para o município e esse trabalho representava importante contribuição para a cultura de Sorocaba e região, não se justificando, portanto, a afirmação da funcionária Claudia Ribeiro Tavares, atual chefe da Divisão de Patrimônio da Secretaria da Cultura, que o local era subutilizado.

Os argumentos de Geraldo Bonadio, no entanto, não foram aceitos pela Prefeitura e, assim, a Academia teria até o dia 13 de agosto para desocupar o imóvel.

Para a surpresa dos acadêmicos, porém, no dia 11 (sexta-feira), enquanto o acervo ali existente estava sendo retirado e transferido para locais variados, o prédio foi invadido por funcionários da Prefeitura ”de forma truculenta e desrespeitando o prazo de 10 dias concedidos”, segundo a secretária da Academia, a professora Myrna Ely Atalla Senise da Silva. Ainda de acordo com ela, “o secretário Zuliani e outros secretários, com seus assessores, se uniram, aproveitando um encontro que ela havia agendado com Fernandinho, assessor da Secretaria de Esportes – Semes, para analisar o espaço da Casa”, acrescentando que  essa “foi uma situação ridícula corroborada pelo secretário da Cultura, Werinton Kermes, que chegou gargalhando e abraçando todo o pessoal das secretarias e ainda a olhou, dizendo (enquanto sorria e abraçava os demais) que a Academia perdeu a sede devido à sujeira feita por moradores de rua”.

Em sua indignação, Myrna diz ter-se lembrado do escritor inglês George Orwell e de suas conhecidas obras: ‘1984’ e ‘A revolução dos Bichos’, e de Bertholt Brecht, destacado dramaturgo, poeta e encenador alemão do século XX, com seus poemas contundentes contra a opressão. E citou o religioso, filósofo, escritor e orador português da Companhia de Jesus, Padre Antônio Vieira com seus sermões magníficos enfrentando a inquisição. “Agradeci à Literatura pelo conhecimento e pelo poder de análise e percepção da vida e à Semiótica que nos ajuda na prática”. E encerrou seu pesaroso desabafo, num tom emocionado: “Por que os policiais e todos aqueles secretários e assessores não foram ao pelourinho, marco histórico de Sorocaba? Que absurdo, ‘meu Deus, tanto horror perante os céus!’ Sabe, querido Castro Alves, tudo isso em pleno dia do advogado. As nulidades persistem, insistem e avançam, mas não triunfarão, caríssimo Rui. Aguardemos. O tempo é de espera. Uma “flor nascerá no asfalto”, como diz Drummond. Nada como o tempo e toda a terra será “nave espacial povoada de sonhos” e não de mediocridade. Eu acredito.”

 

A Casa 52 vai virar repartição pública

O imóvel motivo da desavença entre a comunidade cultural de Sorocaba e a Prefeitura abrigará a Secretaria de Esportes .

 

O fim justifica os meios?

A indignação do presidente e o desabafo da secretária da Academia Sorocabana de Letras são justíssimos e apropriados, segundo Sergio Diniz da Costa e Helio Rubens de Arruda e Miranda, editores do jornal eletrônico ROL – REGIÃO ON LINE! E refletem o trato, ou melhor falando, o maltrato com que a Cultura é tratada em nosso país, agora infelizmente, com destacada gravidade em Sorocaba, com reflexos em todas as cidades da região.

O maltrato com que a Prefeitura Municipal de Sorocaba tratou a ASL – Academia Sorocabana de Letras também atingiu em cheio outra entidade cultural de grande importância, a ASI – Associação Sorocabana de Imprensa, que também ocupava um imóvel público.

Monteiro Lobato afirmou que “Um país se faz com homens e com livros”. E bem poderia completar a frase: “E se desfaz com arremedos de homens públicos”!

A editoria do ROL-REGIÃO ON LINE entende que tais atitudes enegrecem a imagem da cidade de Sorocaba e lamenta que entidades culturais tradicionais como a ASL e a ASI tenham sido alvos de medidas retrógradas e anticulturais como as adotadas e espera que a Prefeitura de Sorocaba reveja essas decisões e compense as duas organizações com outras possibilidades de instalações, de modo que possam continuar prestando seus relevantes serviços à população.

Sergio Diniz da Costa
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