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José Coutinho de Oliveira: 'Modernidade (b)'

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José Coutinho de Oliveira: ‘Modernidade (b)’

      Pode até parecer estranho mas hoje temos que admitir que sem Aristóteles não há verdadeira modernidade. Mas por que então que é ele o moderno ? Porque todos nós intuitivamente desconfiamos que tudo começou lá mesmo, na Grécia mais precisamente com os três mais famosos dentre seus filósofos. Quanto a Aristóteles podemos dizer que a modernidade se dá com ele pois foi quem atualizou os predecessores, principalmente Platão.
     Com Aristóteles a filosofia chega ao seu apogeu, ou, usando as palavras de Will Durant: quando ele atingiu “alturas não mais alcançadas”. Assim ele diz em seu livro “Os grandes filósofos”, da Ediouro, pg. 105.
      No mesmo livro, na pg. 53 podemos ler: ” Aristóteles, segundo a fórmula otomana”, diz Bacon, “achava que não podia reinar com segurança sem levar todos os seus irmãos à morte.” “Advancement Learning”, III,4, de Francis Bacon. Mas a essa mania fratricida, devemos muito de nosso conhecimento do pensamento pré-socrático.
     Pois bem, dissemos que ele refutou principalmente seu mestre, Platão. Antes porém de estudarmos as diferenças entre os dois vejamos o conhecimento ao qual ele chegou a partir de Parmênides. Opondo-se a este demonstrou que entre o ser e o não ser existe o vir-a-ser, o devir, o movimento. A partir daí estabeleceu a diferença entre potência (aptidão) e ato (realidade).
     Podemos falar então agora da relação entre Aristóteles e Platão. Talvez a 1ª tese que ele refutou foi a do idealismo platônico, ou seja, a tese que diz que o que vemos é uma projeção da realidade, realidade que se encontra no mundo das ideias. Aristóteles inova ao dizer que não, que o que vemos é a realidade mesma, de res, latim, coisa. A 2ª tese parece refutada é o conceito de aprendizagem. Para Platão, talvez ao descrever Sócrates, diz que aprender é recordar, anamnese ou anagnosia em grego. Para o último recorda-se através da maiêutica, partejamento de ideias, homenagem à profissão da mãe, maia, parteira. Aristóteles diz que aprender é descobrir, inaugurando assim o empirismo, de empeiría, experiência em grego. A 3ª tese refutada seria o coletivismo platônico. Hoje sabe-se que no regime da livre iniciativa não devemos perder tempo com quem não está predisposto em ajudar. O lema irredutível então do liberalismo econômico é: ” conte consigo”. Hoje vemos que não podemos deixar as noventa e nove ovelhas prá resgatar a centésima desgarrada. Outra tese refutada é o modelo de família platônico onde seria praticado a paternidade anônima, ou seja, o pai é o Estado isto porque Platão sonhava com a abolição da família em prol do que hoje vemos de um grande e forte Estado. Não sabemos se Platão pregava a revolução mas o fato é que o livro de Will Durant faz alusão a ela na pg. 94 com as seguintes palavras: ” Consequentemente, a revolução é quase sempre imprudente; poderá trazer algum bem, mas à custa de muitos males, o maior dos quais é a perturbação e, talvez, a dissolução daquela estrutura e ordem social da qual depende o bem-estar político.” Outro ensinamento clássico refutado por Aristóteles foi o famoso paradoxo socrático que diz que ninguém faz o mal voluntariamente, ou seja, isso levado ao pé da letra levaria à ininputabilidade de todos. Aristóteles diz então que o malvado sabe que é mal o mau que pratica, ou seja, ele defende assim talvez por outras vias que o livre arbítrio é inato a nós, ou seja, a capacidade de julgar se algo é bom ou mau. Velho conhecido do direito é o provérbio “ignoratia legis neminem excusat” ou seja, alegar desconhecer a lei não exime ninguém do castigo.
José Coutinho de Oliveira

Graduado em Letras e Pedagogia

Helio Rubens
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