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Pedro Novaes: 'Trevas no fim do túnel'

Pedro Israel Novaes de Almeida – TREVAS NO FIM DO TÚNEL

 

Bom seria se nossa crise fosse consequência de um terremoto, furacão, peste ou enchente.

Bastaria o sofrido esforço de reconstrução, somando iniciativas e perpetuando o sentimento de solidariedade. Responderíamos com a conjugação de esforços, à ação de um agente externo poderosamente destruidor.

As tragédias naturais, até quando devastadoras, são mais amenas e indolores que nossa tragédia essencialmente humana. Só a ação criminosa de alguns conterrâneos pode conturbar tão profundamente, e com cicatrizes tão duradouras, nossa civilização.

Há 517 anos seguimos construindo o desastre, sob a chibata de bandidos célebres, atenuada pela ação meteórica de um ou outro benemérito, tão anônimo quanto desacreditado.   Estivemos de fato deitados em berço esplendido.

Nossos séculos acumularam crises, mas nenhuma foi tão sórdida quanto a atual. A crise deixou de estar confinada a estatísticas, balanços e diagnósticos técnicos, para habitar o dia a dia de cada um de nós.

Nossa crise habita a falta de saúde, o engrandecimento da insegurança e a falência da educação. Seu aspecto mais cruel, contudo, está no enfraquecimento das instituições e na generalizada desesperança.

Já não confiamos em políticos, apesar de existirem, ainda, muitos que são probos e honestos. Aos bons, raramente são dedicadas manchetes e reconhecimentos.

Dizem, com razão, que não existe solução duradoura fora da política, mas afirmam, com realismo, que nossos políticos, do Senado à Câmara de vereadores, constituíram maiorias e corporações dispostas a rechaçarem qualquer inovação moralizadora.

Estamos amparados pelo tênue fio que nos liga a já distante formação cultural, sob a batuta da família, religiões, tradições e ações beneméritas de pessoas e algumas instituições.

As violências deixam de acontecer não pela formação dos transeuntes, mas pela ostensiva presença de um policial, no meio do quarteirão. Nossos marginais, que outrora temiam a polícia, Deus ou a condenação social, já perderam qualquer temor.

Não imaginamos como será a solução para a crise, mas sabemos que será difícil a reconstrução do país. Perdemos, em algumas décadas, tudo o que conseguimos edificar durante séculos, nos intervalos entre um e outro escândalo.

O difícil é perceber que nosso infortúnio foi gerado pela ação criminosa de bandidos engravatados, encastelados em mandos e mandatos Brasil afora. Até milionários se dedicaram ao roubo de alguns tostões, qual porcos gordos, disputando uma pequena espiga de milho.

No aguardo de uma solução, resta-nos torcer para que conservemos, até onde a dignidade permitir, nossa milenar paciência, vez ou outra conivente passividade. Se cada um de nós cuidar bem de seu entorno, cultivando a solidariedade e o bom exemplo, será mais fácil atravessar a crise em que fomos metidos, pela ação de bandidos e criminosos, ainda injustamente referidos como “doutores”.

pedroinovaes@uol.com.br

O autor, já de saco cheio, é engenheiro agrônomo e advogado, aposentado.

 

Helio Rubens
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