“O tempo, carrossel de imagens e sons, com suas cores e devaneios. As quatro estações da existência coexistindo entre si. Uma rosa vermelha em preto e branco. A chama da vela em direção ao infinito. A musicalidade do coração. A impressão das pegadas no caminho…”
É meu aniversário.
Minha memória me transporta para o momento da criação.
Meus espectros dançando no espelho, na imagem refletida, turvados pelo nevoeiro denso das lembranças dos meus muitos natais passados.
Fecho os olhos e, no topo da montanha, me vejo no silêncio da contemplação.
O tempo, carrossel de imagens e sons, com suas cores e devaneios.
As quatro estações da existência coexistindo entre si.
Uma rosa vermelha em preto e branco.
A chama da vela em direção ao infinito.
A musicalidade do coração.
A impressão das pegadas no caminho.
Dentro da arca, o gênesis, rompendo o portal da retrospectiva existencial.
O som oco e ritmado do trotar dos cavalos marcando o compasso do tempo.
O tempo e sua insanidade, paradoxo de finitude e eternidade.
Muitos fomos e muitos ainda seremos no enigma da própria travessia.
Quantos fantasmas me habitam, duplicações multifacetadas refletidas do prisma de mim mesma!
A vida é um redemoinho em movimento contínuo e avassalador e, sugados neste espiral, seus personagens, em transe, sucedem-se uns aos outros dentro de um único ser.
Somos tantos em um só, lentamente construídos e inevitavelmente reconstruídos.
Dominados por circunstâncias e experiências das mais diversas em suas emoções, os seres buscam, incessantemente, pelo sentido da própria existência.
Do aprendizado da resiliência extraímos nosso codinome de super-heróis e partimos avante aos céus, desenvolvendo o dom de surpreender.
Tanto tempo perdidos no quarto escuro das incógnitas.
Vivendo somente daquilo que vemos como sendo importante para nós, já que nos desassociamos do todo e, assim, embaçamos nossa percepção da interligação universal que nos abraça a tudo e a todos.
Deitada no embalo da evocação ao passado, na viagem pelas imagens incorpóreas de muitas que já fui, surge agora uma mutante espectral me olhando, hipnoticamente, do espelho.
E na imagem refletida não estou só, mas acompanhada de todo o meu universo existencial.
Pois, aquela que vejo hoje é uma mutante daqueles espectros que foram no passado, personagens únicos, exclusivos, de um determinado tempo.
Agora, uma mutante com superpoderes, aprimorada com força e resistência para os embates da alma.
E no escuro, sob a clareira aberta pela lua cheia e ao som do crepitar da fogueira, na noite invernal de meu recolhimento , minha sombra me escapa e foge, zombando de mim !
Inspiração Poética, 19 de novembro de 2017.
Cláudia de Almeida Carvalho claudiacarvalho.oab@gmail.com
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Natural de Sorocaba (SP), é escritor, poeta e Editor-Chefe do Jornal Cultural ROL. Acadêmico Benemérito e Efetivo da FEBACLA; membro fundador da Academia de Letras de São Pedro da Aldeia – ALSPA e do Núcleo Artístico e Literário de Luanda – Angola – NALA, e membro da Academia dos Intelectuais e Escritores do Brasil – AIEB. Autor de 8 livros. Jurado de concursos literários. Recebeu, dentre vários titulos: pelo Supremo Consistório Internacional dos Embaixadores da Paz, Embaixador da Paz e Medalha Guardião da Paz e da Justiça; pela Soberana Ordem da Coroa de Gotland, Cavaleiro Comendador; pela Real Ordem dos Cavaleiros Sarmathianos, Benfeitor das Ciências, Letras e Artes; pela FEBACLA: Medalha Notório Saber Cultural, Comenda Láurea Acadêmica Qualidade de Ouro; Comenda Baluarte da Literatura Nacional e Chanceler da Cultura Nacional; pelo Centro Sarmathiano de Altos Estudos Filosóficos e Históricos, Pesquisador em Artes e Literatura; Pela Academia de Letras de São Pedro da Aldeia, o Título Imortal Monumento Cultural e Título Honra Acadêmica, pela categoria Cultura Nacional e Belas Artes; Prêmio Cidadão de Ouro 2024, concedido por Laude Kämpos. Pelo Movimento Cultivista Brasileiro, o Prêmio Incentivador da Arte e da Cultura,



