Poema em homenagem à falecida esposa Ondina, e que fez parte da Campanha de Doação de Córneas do Banco de Olhos de Sorocaba
TEUS OLHOS
Um dia, distante,
trocamos olhares,
tímidos, furtivos,
apaixonados depois.
Casados,
frutos vieram,
de feliz união,
e os olhares,
ainda doces,
meigos se tornaram,
na condição de mãe,
ao amamentar seus filhos.
E depois,
de um fruto do amor,
netinhos vieram,
temperos gostosos,
dádivas de Deus,
e mesmo assim,
os seus olhares,
mais divididos,
muito sobravam,
para quem escolhestes.
no entanto,
na doença,
no sofrimento e na dor,
os teus olhos,
esmaecidos e tristes,
quase sem brilho,
foram se indo,
e no seu findar,
para meu desespero,
se fecharam,
sem antes me ver.
No entanto,
suas córneas,
peregrinas,
em outros olhos,
não sei onde,
se perto ou longe,
brilham de novo,
e um dia,
também vão trocar,
olhares furtivos,
tímidos, em princípio,
apaixonados depois,
assim como,
um dia distante,
também nós fizemos.
Jairo Valio – 26/04/2006
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